O Mistério da Sombra

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Jamais poderia imaginar que um dia eu iria acordar com aquela coisa grudada em mim. Não está grudada como uma gosma, dessas em que a gente coloca a mão sem querer e sai todo melado. Está grudada feito uma sombra. Uma sombra que não larga do meu pé nem quando estou tomando banho. E não há nada mais desagradável do que ter uma sombra me vendo tomar banho. Ele jura que não, que olha para outro lado, que não gosta de ver homem pelado. Ainda bem. Mas está lá, me atormentando 24 horas por dia, todos os dias da semana.

 O mais irritante é que desde que ela apareceu estou agindo feito um louco. Doido de pedra. Eu sou um homem com duas sombras. E uma delas tem o péssimo hábito de conversar comigo. E eu converso com ela, claro. Só que apenas eu enxergo aquela sombra. Para as outras pessoas, sou um lunático falando sozinho pelas ruas, no café, no bar, no metrô. A situação estava ficando esquisita. O bobão não percebeu isso de imediato. Eu conversava com ele com a maior naturalidade. Por que não? Ele estava ali, na minha frente. Tinha opiniões ponderadas sobre vários assuntos e, o mais importante, era muito, muito melhor do que eu. Principalmente naquelas situações em que eu acabei me metendo. E eu posso garantir, foram situações nem um pouco agradáveis.

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