Capítulo 1

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"Pessoas não são como bonecas, não podemos brincar com elas e depois guardá-las na caixa." - Pretty Little Liars

Uma das minhas poucas qualidades é dar valor as pequenas coisas que a vida oferece. Caminhar sem ter gente observando, tirar uma foto de paisagens, comer chocolate, começar uma série, escutar músicas e senti-las. Porém na maioria das vezes não consigo fazer o que gosto. Ouço muitas pessoas falarem que queriam estar no meu lugar. Morar em um castelo, ser descendente da realeza de Alvolea, ser a próxima rainha. Reconheço que tenho privilégios, preciso valorizá-los, mas eu daria de tudo para ter uma vida em anonimato.
Às vezes me pego pensando no meu futuro e aí percebo que em algum dia serei COROADA! Isso é altamente grandioso e que exige extrema responsabilidade. Não sei se serei capaz de tudo isso. Além de governar, terei que continuar honrando os meus antecedentes e tomar decisões importantes.
Quem me conhece sabe que sou um pouco (muito) irresponsável, tento melhorar nesse quesito, porém não consigo. Não levo jeito para governar, não consigo cuidar nem de mim mesma, quanto mais da minha pátria. Tudo seria mais fácil se minha irmã Lily fosse mais velha. Apesar de ainda ter 14 anos, ela se mostra perfeita para governar. Tem boa presença, é popular, fica linda em vestidos sociais, sabe até andar em salto 15! Fiquei pensando sobre tudo isso enquanto esperava o sono vir. É muito irônico como ele funciona, passo o dia querendo dormir, mas quando vou, começo a refletir sobre minha vida e não consigo fechar meus olhos tão cedo. Pego meus fones, coloco minhas músicas mais calmas para tentar parar de ficar pensando em assuntos aleatórios.
Me acordo toda atordoada com Lena, me chamando. Ela cuida de mim desde que nasci, a considero minha segunda mãe.
- Cindy se levante, a psicóloga está quase chegando. - falou entrando no meu quarto e me tirando da cama.
- Espera aí? Psicóloga, como assim?! - Respondi um pouco nervosa com essa situação.
- Pensei que estivessem lhe contado, não se preocupe. Sua mãe chamou uma amiga para que possa ter uma conversinha rápida com você. Se tranquilize, vai da tudo certo, - respondeu penteando meu cabelo - O café da manhã já está servido, não demore muito.

Não acredito que minha mãe chamou uma psicóloga para mim! O que eu fiz dessa vez? Por mais incrível que pareça não acho tão ruim. Isso só me faz lembra o Tate de American Horror Story. E convenhamos, não deve ser tão ruim poder desabafar com alguém.

Meu pensamento foi interrompido dessa vez com minha mãe batendo na porta me chamando para fazer minha refeição logo, pois a psicóloga já havia chegado. Acabei prendendo meu cabelo (ele não estava em um dia bom), vesti um moletom, calcei um tênis e fui para a sala de jantar.

(...)

Olá querida, me chamo Emma. - falou a psicóloga me cumprimentando - Não sei se sua mãe já falou de mim, mas sou amiga dela desde o colegial, porém fui embora do país e acabamos nos afastando, por isso você ainda não me conhece. Semana passada telefonei para vossa excelência contando que eu já havia retornado para Alvolea. Depois de muita conversa ela me chamou para que eu pudesse ter algumas sessões com a senhorita. Não vai ser algo fútil, irá lhe ajudar muito quando for governar.

Nossa, ela tem o mesmo nome da protagonista de uma das minhas séries favoritas, Once Upon a Time. Gostei dela, porém a Lena me contou que era só UMA conversa, não falou que iria ter sessões.

Olhei para minha mãe com uma cara de quem não estava gostando muito do que estava acontecendo. A Emma percebeu e falou:
- Não se preocupe com nada Cinderela, não seremos psicóloga e paciente, seremos amigas, assim como sou de sua mãe. - disse sorrindo - Anotei várias perguntinhas e quero que seja totalmente sincera com tudo. Pelo o que sua mãe falou de você, acho que irá gostar de umas perguntas que constam nessa prancheta.
Sorri para que não tivesse uma má impressão de mim.
- Cinderela, essa sessão introdutória acaba por hoje, quero que você responda tudo e sem pressa. Teremos novamente nesta quinta feira, gostaria de receber tudo preenchido. - falou e em seguida abaixou-se para cumprimentar eu e minha mãe.
- Não precisa dessas formalidades amiga, já lhe disse várias vezes isso. Você está apressada? Se não, já está bem próximo do chá da tarde. Gostaria de convidá-la, assim poderemos conversar mais um pouco. - Falou minha mãe.
Me despedi rapidamente das duas e subi para o meu quarto, assim poderia terminar a minha nova queridinha série, How I Meet Your Mother e em seguida responder todas as perguntas que continham na prancheta.

(...)

Trii Trii

Me acordei com o alarme tocando, já era a hora do jantar. Chorei um pouco por causa do final da série, não estava esperando a conclusão da história daquele jeito. E geralmente quando choro, em seguida eu durmo, é praticamente automático e inevitável. Coloquei um casaco por cima do pijama, calcei uma pantufa e fui jantar.
Quando desci das escadas percebi que uma família, que por sinal eu nunca havia visto antes, estava conversando com meus pais. Junto a eles havia um garoto que aparentava ser quase da mesma idade que a minha. Era bonito, porém aparentava ser metido. Enfim, não devo julgá-lo, afinal nunca tenho uma primeira impressão boa das pessoas.
Voltei para o meu quarto e em seguida liguei para Lena, pois ela não estava próximo dos dormitórios reais e eu gostaria muito de saber o que estava acontecendo. Ela subiu para falar pessoalmente comigo. Fiquei levemente surpresa, o que será que havia acontecido para ela não poder me falar pelo telefone?
Lena após chegar no meu quarto, se sentou e tentou explicar de uma forma cautelosa, porém deixando transparecer suas intenções.
- Cindy, sua mãe se encontrou recentemente com um amigo. Após conversarem, ficou sabendo que ele tem um filho com quase a mesma idade que a sua. Então chamou a família dele aqui para que você possam se conhecer e talvez acontecer algo a mais entre vocês dois. Ele é muito gatinho - disse sorrindo.

Congelei, fiquei sem reação. Não sabia como reagir a isso. O que minha mãe estava pensando? Era só o que me faltava.

Lena percebeu minha cara de raiva e disse:
- Tenha calma minha querida, não faça nada do que se arrependa. Sua mãe só está fazendo isso pelo seu bem. O que custa descer lá, falar com o garoto e sua família? Vista o seu vestido preto rendado, calce sua sapatilha preferida e se quiser posso fazer uma trança em você.
- Não se preocupe Lena, pode deixar que faço tudo. Vou me arrumar, daqui a alguns minutinhos irei descer. - forcei um sorriso para tentar disfarçar a situação no qual eu me encontrava.
Demorei alguns minutos no meu quarto raciocinando tudo o que estava acontecendo. Fiz um coque todo bagunçado e desci de pijama. Não queria saber de conversar com ninguém. Gostaria somente de poder fazer minha refeição em paz! Após chegar no salão, todos ficaram me observando com uma cara confusa. Em seguida minha mãe se levantou da mesa com uma expressão de raiva que eu nunca havia visto antes e que nunca mais queria ver.
- O que é isso Cinderela, isso são modos?! - Falou se controlando para não gritar, afinal, ela não queria assustar os visitantes.

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Espero que estejam gostando! Em breve irei postar o capítulo dois.
Gostaria de deixar claro para todos, que não interpretem de maneira errada. Fiz uma espécie de jogo com esse capítulo, "nunca se deve julgar uma pessoa antes de conhecê-la", assim como a Cindy disse. Talvez você ao ler esse capítulo não goste da protagonista de início, mas no decorrer da história, irão conhecer ela perfeitamente bem e quem sabe,
acabarão se identificando com ela. Várias surpresas irão acontecer daqui para a frente. Caso queiram dar alguma sugestão, basta deixar nos comentários. Ficarei contente em responder a todos. ❤❤❤

Quase CinderelaOnde histórias criam vida. Descubra agora