Cap. 68

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Narradora não participante

O bebê moreno de olhos azuis Corria em direcção ao homem agachado à uns metros de distância com um brinquedo na mão.

Não parava de gargalhar, e as vezes caia sentado na relva.

Até que a mãe decidiu correr em direção ao filho, mas, o homem com o brinquedo na mão, também decidiu fazer o mesmo e alcançou a criança, de aparentemente 3 anos,primeiro.

Ele pegou o bebê no colo, e seus olhos castanhos não podiam brilhar mais.

Ele amava demais aquela criança.

Com uma cabeleira loira, olhos azuis brilhantes, um sorriso largo e no corpo um vestido jeans simples e confortável de domingo, a mulher corria na direcção deles.

Ele, com seu cabelo curto, castanho, igual aos seus olhos e ao cabelo do bebê em seus braços, decidiu fugir da mulher, enquanto a criança fartava-se  de rir abanando os braços.

Era uma Família feliz,  isso, até o velhote de camisola xadrez vinho, chapéu a condizer, barba Branca e uma bengala na mão achava. Tanto é que ele parou a meio de sua caminhada  e tirou fotos da bela família que brincava no Jardim de sua casa.
Estavam tão entretidos na sua brincadeira que nem notaram a presença do velhote que os fotografava com a máxima discrição possível.

A mulher caiu e o bebê parou de rir.

O homem também ficou preocupado e voltou para ver o que se passava com a esposa. Ela, aproveitando-se, pegou no bebê a gritar "apanhados" que fez a criança voltar a rir, e dessa vez, o homem também deitou-Se no chão.

Sem resistir, uma cadelinha, ainda bebê, da raça pastor belga, juntou-se para completar a família.

O velho deu-se por satisfeito

Com muito cuidado, guardou a máquina num bolso que mal se notava da sua camisola e, apoiando-se na sua bengala e com a coluna curva, típica característica de um homem em tal idade, continuou seu caminho.

Três ruas depois, o homem olhou a volta, certificando-se de que estava sozinho na rua, entrou num beco sem saida, endireitou as costas, tirou o chapéu e a barba branca, dobrou a bengala, saiu do beco e seguiu seu caminho, enquanto mechia num smartphone de última geração.

☆☆☆

Ultimamente a fútil menininha magra, sempre preocupada com a aparência, sempre maquiada, esnobe de nariz empinado estava a dar lugar a uma mulher de pernas grossas, mais preocupada com o conforto das roupas e algo que fique minimamente bonito com o barrigão e até simpática.

Tinha saído para comprar um sorvete de cenoura com maionese, apetecia-lhe mesmo comer/tomar isso, e, depois de satisfazer aquela estranha vontade que já se tornará comum, ela decidiu passar pelo trabalho do pai para dar um olá.

Camilla Martinz vestia um vestido que mais parecia uma bata de mangas compridas. Calçava sandálias de borracha, daquelas que os enfermeiros do hospital de seu pai usavam, e trazia uma mala qualquer ao ombro. E, no seu cabelo, hoje loiro natural, um rabo e cavalo com alguns fios soltos do lugar.

Entrou na sede da Martinz Health e comprimentou a recepcionista e um faxineiro que ali faziam os seus respectivos trabalhos, estes que depois que ela passou,  trocaram olhares de espanto.

Opostos atraem-seOnde histórias criam vida. Descubra agora