As duas cidades: Dia x Noite

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Riacho do Sangue
x
Solonopole

A cidade Solonopole é vivida durante o dia, as atividades eram exercidas normalmente, trabalhos no campo, nas pequenas padarias, mercearias, feiras, escolas, creches e etc. Tudo se mostrava normal, as ruas sempre cheias de pessoas e animais. Mas tem quem diga que a cidade se transformava em uma outra pouca conhecida pelos moradores, essa outra cidade ressurge ao anoitecer. A antiga cidade Cachoeira do Riacho do Sangue se faz presente trazendo seus mitos, lendas e histórias naturais e sobrenaturais. O que o povo não esperava era vivenciar o que pensavam ser lendas e estórias do passado.

O povo sentia uma sensação estranha ao anoitecer, uma sensação de trevas, sentiam-se observados ao andar pelas ruas e até mesmo em casa. Alguns diziam sentir a transformação da cidade e uma mudança de espírito. Alguns moradores dizem que o bairro Monte Castelo foi levantado em cima de um cemitério, outros afirmam que esse fato não se restringe só ao bairro mas na maior parte da cidade. De uma cidade pacata e tranquila para uma sombria e tenebrosa, uma vive ao dia e a outra sobrevive na escuridão. Essas são Histórias que me contaram.
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A procissão

Em 1978 já havia luzes em poucos postes espalhados pela cidade em algumas residências. Era costume as pessoas ficarem nas calçadas conversando até tarde da noite, a dona Cida passava a noite quase toda abrindo e fechando a janela do quarto, só pra curiar as pessoas que passavam e ficar falando no outro dia. As pessoas sabiam dessa atitude da dona Cida mas não ligavam, e alguns reclamavam mandando ela fechar a janela e dormir.

Na primeira quinta-feira de Outubro, dona Cida estava na janela observando as pessoas, as 23hrs ela avista umas luzes ao longe, por causa do mato as luzes pareciam brilhar. Dona Cida fica surpresa ao ouvir pessoas cantando e rezando às 2hrs da madrugada, rapidamente ela põe um véu e um agasalho pois estava ficando cada vez mais frio com à aproximação das luzes, ela viu uma procissão. Aquela procissão foi ficando mais perto, ao passar em frente de sua casa ela vê uma velha que se aproxima da janela, dona Cida não tem medo pois era costume da época assistir procissão e oferecer água. Mas a velha chamou o nome da dona Cida e pediu para guardar uma vela acesa até à outra quinta, mas a vela teria de ficar acesa até o dia combinado.

E assim dona Cida fez, chegando o dia ela fica atenta e observa a procissão se aproximar. A velha logo vem pedindo a vela, dona Cida fica assustada ao ver a procissão sumir diante seus olhos, ela entrega a vela, mas presencia o objeto se transformar em uma grande língua, então a velha diz que era a língua da dona Cida e ela teria que parar de reparar a vida dos outros. Dona Cida fica perplexa e gelada, aquela foi a sua última noite na janela, pois passou a dormir cedo.
Relato de Antônia

A botija

Meu avô contou que ele estava andando no mato e viu um pequeno fogo subindo e descendo, ele teve a certeza que era uma botija. Ele chegou em casa e contou para seu irmão, a noite meu avô vai até o terreno para desenterrar, quando tirou a botija e abriu o baú só tinha areia e folhas, então uma velha apareceu, ela tinha olhos brancos, cabelos longos e vestido branco. Ela veio buscar a botija porque meu avô falou para o irmão dele. Meu avô assustado chama por Deus, a velha dá um grito e some com uma bola de fogo.
Relato de Edna

O espírito do meu marido

Em uma quarta-feira de Outubro de 1994, a seleção brasileira ia jogar as 16hrs e Alberto disse que voltaria cedo para assistir o jogo. Edna fez o almoço, deixou pronto em cima da mesa coberto, ela deita na cama e liga o rádio pra esperar Alberto chegar. Por volta das 12hrs Alberto chega, Edna vê ele tirando a camisa e colocando na cadeira, ela disse que o almoço estava na mesa, Alberto abre um sorriso e Edna volta pra cama falando com ele mas não ouve resposta.

Histórias que me contaramOnde histórias criam vida. Descubra agora