Outono | 11

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Lawrence

Achava que ele iria me impedir de ir, mas talvez tenha sido o certo que Phil me deixasse ir. Talvez era para ser assim. Nesse momento estava sentada em um banco no parque municipal em frente ao lago dos patos e com uma caixa de donuts no colo, deve ser cerca de oito da manhã e o sol teima em não aparecer. Eu tinha a maior vontade de ligar para a corretora de imóveis, na qual eu havia conhecido no trabalho, para que ela me encontrasse no Break Coffe e assim poderíamos conversar sobre o apartamento que eu pretendia comprar, mas prefiria evitar lugares que eu e Benjamin frequentamos, a essa altura ele deve saber que sumi e está louco a minha procura junto com meus pais e minha irmã. Não queria ter chegado a esse extremo.

- Alô? - A voz de Clarice soou pelo outro lado da linha e sorri.

- Não sei se lembra de mim, mas sou Lawrence Ross, da fundação de doação de animais.

- Lawrence. Sim lembro de você, que bom ter contato com você mais uma vez. O que deseja?

- Sei que a senhora é corretora de imóveis e gostaria de saber se poderíamos conversar a respeito de uma compra de apartamento.

- Ah, claro. Nos encontramos onde?

- No restaurante da filha do prefeito, daqui trinta minutos. É possível?

- Sim, Lawrence. Nos vemos daqui a pouco.

- Tudo bem. Até.

- Até.

Desliguei o celular e voltei a observar o lago. Os patos manhosos começam a aparecer e a tomar seus lugares em volta do lago. Sorri com isso e levantei do banco.

- Aqui. Para vocês. - Deixei a caixa de donuts ali e alguns do bando vieram correndo para receber o "presente".

Coloquei as mãos nos bolsos do casaco e pus o capuz novamente. A ideia de ter meu próprio apartamento já me acompanhava há alguns anos e só agora eu tive a... "oportunidade" de fazer acontecer.

O restaurante ficava no centro comercial de Napa e era muito conhecido por ser da filha do prefeito. Chelinna's Coffe & Self-Service era seu nome. Senhorita Chelinna é uma moça de 34 anos, solteirona e com uma filha de 3 anos para cuidar chamada Zoë, lembro que a pequena vivia correndo pelo restaurante antes de entrar em uma creche. Todos conheciam o lugar e era bastante movimentado, quando o pai dela se elegeu a prefeito, o lugar ficou mais famoso ainda. Vários turistas vêm aqui todos os anos, talvez a clássica decoração de Chelinna's Coffe & Self-Service seja bastante chamativa. Trabalhei ali entre meus 14 e 16 anos como atendente de caixa.

- Sorria, Law. Sorria. É com um sorriso que o cliente se sente bem em voltar outra vez. - Ela sempre dizia, e lá estava os clientes outra vez no dia seguinte e no outro e no outro...

Um ciclo viciante que parecia não ter fim.

Ando apressada pelas ruas que começavam a ganhar vida, carros começavam a percorrer o asfalto e pessoas andando apressadas para seus trabalhos. Mais um dia comum como qualquer outro eu diria, mas para mim... hoje era uma esperança.

Foram cerca de 13 minutos até chegar ao restaurante, eu não estava encontrando a senhora Clarice, talvez eu tenha chegado cedo demais. Sento-me em uma mesa desocupada e passo a ver todos os meus sms. Cerca de 267 eram apenas de Jenni me perguntando aonde eu estou e que todos estavam preocupados. Ignoro-as e guardo o celular na mochila. Sei que é ruindade minha, mas se me encontrarem conversando com uma corretora de imóveis sobre comprar um apartamento não é uma opção muito boa.

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⏰ Última atualização: Mar 04, 2017 ⏰

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