Embarque na Dangerous Tour

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O avião apareceu e, a meu redor, a imensa multidão começou a se mover. “É ele!” gritou uma voz de algum lugar do fundo da confusão. O grito ecoou para outro fã: “É ele! É ele!”. A excitação era palpável quanto mais e mais membros da multidão se uniam ao coro: “É ele! É ele! É Michael! Michael! Michael!”
Havia milhares de pessoas cercando o aeroporto naquele dia de 1992 em Munique, quando o maior pop star do mundo começaria sua segunda turnê solo. E embora a multidão fosse bem comportada, havia um tipo de antecipação frenética cercando todos nós, inclusive a mim, quando o avião trazendo Michael Jackson pousou. Michael não é apenas um dos maiores artistas do mundo, mas também um dos mais misteriosos e nós íamos realmente vê-lo em pessoa. Mal eu sabia que eu estava prestes a começar uma breve amizade com o homem e dar uma olhadinha nos bastidores de uma lenda viva do show business.

Voltando àquela época, era junho e o começo da Dangerous Tour de Michael, uma turnê que bateria recordes mundiais e o estabeleceria mais firmemente do que nunca como o maior performance da era. Foi um empreendimento espantoso. A primeira data da turnê era o dia 27 de junho no Estádio Olímpico de Munique, quando Michael se apresentou frente a uma multidão de 72 mil pessoas que esgotaram os ingressos. A turnê estava destinada a durar um ano e meio, terminando na cidade do México, em novembro de 1993 e, embora alguns dos shows tenham sido cancelados devido à saúde de Michael, ele se apresentou em 67 concertos para aproximadamente 3 milhões e 500 mil pessoas.

Nisso, ele doou todos os lucros para a caridade, incluindo sua própria fundação Heal the World, e seu concerto em Bucareste foi vendido por 20 milhões de dólares para a HBO. Isto criou outro recorde mundial: a maior audiência em qualquer canal de TV a cabo — 34% — rendendo o Cable Ace Award. O palco era fenomenal: levava 3 dias para ser montado e aviões de carga tinha que carregar 20 caminhões de equipamento para cada país.

Quanto a mim, eu estava prestes a embarcar em uma das mais excitantes aventuras da minha carreira. Eu passaria meses como um dos motoristas de Michael e, quando seu avião taxiou pela pista, parou e foi instantaneamente cercado pela escolta policial, eu mal podia me conter. Nem a multidão podia. Os gritos de “Michael, nós amamos você!” se uniam e cresciam até soarem como um rugido; parecia que o chão tremia. Isto, no entanto, não foi nada comparado ao momento em que a porta do avião se abriu e Michael apareceu vestido em seu costumeiro uniforme militar e máscara vermelha, acenando para os fãs; o barulho que a multidão fez deve ter ecoado em cada árvore da floresta da Bavaria. A segurança deu um jeito de conter as hordas em extase, mas eles basicamente tinham uma massa histérica nas mãos. Eu tenho guiado para alguns dos maiores nomes no negócio, mas eu nunca vi nada como a reação do público a Michael Jackson.

No começo, eu não tinha nada a ver com Michael pessoalmente. eu dirigia para os seguranças dele no terceiro carro da comitiva, enquanto Michael costumava ir em um microônibus customizado luxuosamente equipado para refeições e repouso. Contudo, desde o começo, eu podia dizer que ele não era um supestar comum. A todo lugar que nós íamos, o tráfego era bloquaeado para sua chegada, escolta policial o conduzia através da cidade e a multidão ficava absolutamente louca. Porém, nós não tínhamos escolta entre as cidades, o que poderia causar um incidente potencialmente grave.

Na Alemanha, Michael estava na van e outro motorista, Stan, e eu estávamos seguindo-o em dois carros. De repente, meu alkie-talkie soou: “Keith”, disse Stan, “o que é isso vindo atrás de nós?” Eu olhei no retrovisor e, primeiro, vi o que parecia ser umas duas motos. Então mais algumas se juntaram a elas e mais algumas até que fossem várias dúzias em perseguição — subitamente, percebi que estávamos sendo perseguidos por uma gang de 40 ou 50 motociclistas alemães. “Eu não gosto disso, Stan”, eu disse no meu walkie talkie, “Melhor a gente apressar o micro-ônibus”.

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