Capítulo 1

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Duas semanas antes

- Atrasado? Só me faltava essa, atrasado. – Lucas falava sozinho.
- Licença, licença – Sophia ia gritando pra todos enquanto manobrava seu carrinho cheio de malas no aeroporto.
- Ai – Lucas gritou quando foi quase atropelado.
- Eu pedi pra você sair da frente, moço. O senhor que não me ouviu.
Lucas olhou para aquela garota de cabelos loiros, que pareciam até ruivos se olhasse rápido, falando como se o conhecesse e, ainda mais, como se ele fosse algum idiota no aeroporto.
- Moço? Você tá bem? – ela perguntou, o olhando com atenção.
- Ah, sim, estou – ele respondeu, arrumando seu óculos de grau. – Acho que só estava um pouco desnorteado pela dor do seu atropelamento.
- Eu não lhe atropelei, você que não me escutou. – Ela disse com birra. – Ah, não! – ela exclamou do nada – Não acredito que o vôo está atrasado. Não acredito – disse e se jogou em uma das cadeiras atrás de si.
- Era isso que eu estava olhando antes da moça me atropelar.
- Mas eu já lhe disse que não lhe atropelei! – ela novamente falou com birra – Foi você que não saiu da frente. E isso nem importa, estou com fome, com cede, cansada. E esse vôo ainda inventa de atrasar.
Ela falava pelos cotovelos, como muitos dizem, e Lucas só sabia a encarar, impressionado pelo jeito dela.
- Moço?
- Ér, oi – ele respondeu, novamente arrumando o óculos. Era uma mania dele fazer isso toda vez que ficava desconcertado, sem concentração, qualquer coisa desse tipo.
- Não gosto da maneira que você me olha, parece que não é desse planeta.
Ele riu.
- Podemos dizer que penso o mesmo.
Dessa vez ela que riu.
- Mas eu sou desse planeta sim – ela falou, levantando. – E eu estou com vontade de fazer xixi. Pode olhar minhas coisas? Claro que pode, você não seria tão rude. – Ela logo emendou antes que ele falasse.
- Tudo bem – ele se limitou a dizer.
- Mas, por favor, preste atenção nelas, você tem cara de gente desatenta, e eu não posso perder nada.
- Vou prestar.
E ela sumiu a procura de um banheiro.
Zum.zum
Lucas sentiu seu celular vibrar e logo atendeu.
- Oi, mãe... Sim, já estou no aeroporto... Não sei que horas vou chegar, o voo atrasou... Mãe, não é a primeira vez que vou morar sozinho, eu sei me virar... Sim, prometo que depois vou pra LA te ver. – Minha nossa, como ela perguntava e falava.
- Eu te peço pra prestar atenção na minha mala e você vai falar no celular? – Sophia chegou, rindo – Não dá mesmo pra confiar em você, moço.
- Vou desligar, xau, mãe, amo você. – A menina olhou pra ele pelo canto dos olhos quando ele falou a última parte. – Ah, eu tava prestando atenção, sim.
- Tava te enchendo – ela deu um leve tapa no braço dele.

Uma semana depois

- É sério que esse era o lugar super legal que vocês iriam me trazer? – Lucas perguntou, arrumando o óculos. – Desculpe, mas eu não vou entrar em uma boate de striper só pra provar que não estou ficando maluco por estudos.
- Gay talvez – Matt disse, rindo.
- Eu, diferente de você, não preciso pagar pra comer ninguém. E arrumo garotas em lugares bem melhores e que tenham profissão diferente dessa.
- Para de ser idiota, hoje não vai ter show nenhum. É só uma festa do filho do dono daqui.
- Menos mal.

- Sophia, vai ser aqui?
- Esqueceu que o pai da criatura é dono disso aqui? Vem logo, vamos entrar.
- Se aí só tiver tarados, você e o Nathan me pagam.
- Para de ser trouxa. – Disse, rindo.

Os amigos de Lucas falavam sem parar enquanto ele bebia algo e procurava alguma garota que parecesse ter algo em comum com ele. Foi durante sua varredura do local que ele achou um rosto familiar. O que fez ele se levantar rapidamente.
- Onde você vai?
- Conheço aquela garota. – Falou e apontou.
- Ela é gatinha, cai em cima.
- Tô falando sério, conheço-a.
Mas Matt nem olhava mais, já tinha voltado pra o papo super interessante sobre as stripers que trabalhavam naquele local.
Lucas foi indo em direção a Sophia, torcendo pra que ela lembrasse dele, se bem que com aquele humor diferente, ela falaria com ele mesmo se não lembrasse.
- Oi – ele falou assim que chegou à roda de amigas dela, onde ela estava de costas.
- Oi – uma garota linda de cabelos escuros respondeu empolgada, o que fez Sophia virar pra ver quem era.
Ela parou uns segundos enquanto o olhava.
- Eu conheço você!
- Sim – ele riu. – Você conhece.
- Alicia, ele é o carinha com cara de bobo fofo que te falei.
A tal Alicia o olhou de cima a baixo enquanto ele arrumava os óculos.
- Ele me parece menos bobo do que você falou.
- É – ela disse, o encarando. – Você hoje parece mais fofo que bobo.
Ele novamente arrumou os óculos.
- Volta a ser bobo quando faz isso nos óculos – ela disse, rindo. – Veio aqui por que me reconheceu?
- Sim – e foi arrumar os óculos.
- Pare de fazer isso – deu uma tapa na mão dele. – Vem, vamos pra outro lugar, o papo aqui é de garota.

- Então você me reconheceu de longe? – ela perguntou assim que sentaram.
- Sim, e torci pra que você ainda lembrasse-se de mim. – arrumou os óculos.
- Eu já pedi pra parar com isso, moço.
- Lucas.
- Como?
- Meu nome é Lucas, e o seu?
- Ah, o meu é Sophia. – depois de uns segundo voltou a falar - Então, senhor Lucas, o que você faz da vida?
- Recém formado em oftalmologia e com alguns projetos nessa cidade, e você?
- Produtora de eventos.
- Muito sua cara, sabia? – falou a olhando de cima a baixo.
- Eu realmente espero que isso seja algo bom, você tá me olhando estranho igual no aeroporto.
- Não estou – riu e arrumou os óculos.
Ela bufou.
- Para com essa mania – o repreendeu. – Por que você não usa lentes? Esses óculos são pra mostrar aos pacientes que você passa pela mesma coisa que eles?
- Gosto de óculos.
- Deveria arrumar um mais descolado, diferente.
- Como? – ele perguntou, rindo.
Aquela garota só tinha lhe visto duas vezes na vida e já dava opiniões como se lhe conhecesse a vida toda.
- Se eu te mostrar uns modelos legais, você troca esse? Posso te mostrar uns irados.
- Acho que gosto desse – ele arrumou o óculos e riu.
- Esse te deixa com cara de bobo.
- E fofo – ele acrescentou.
- E estranho.
- Mas fofo.
- E lerdo.
- Mas fofo. – Gargalhou.
- Tudo bem – ela bufou. – Você fica com cara de fofo. Sabe dançar? – perguntou, mudando de assunto.
- Não sou...
Mas antes que ele terminasse a frase, ela já tinha o puxado pra pista.
- Eu iria dizer que não sou bom nisso – ele falou assim que chegaram ao centro.
- Tem cara, mas tudo bem, eu também não sou boa. É só se divertir.
E ela levou mesmo a sério a parte de se divertir, em segundos, a menina já rodava na pista e gritava a letra das músicas que tocavam.
E ele?
Bom, ele estava lá parado enquanto admirava a garota maluca e linda se divertindo.
- Você não vai dançar? – ela gritou pra ele, o fazendo sair de seus pensamentos.
- Essa música é dançante demais pra mim – comentou, arrumando o óculos.
- Vou pedir pra colocar uma, é minha preferida.
E correu pra mesa do DJ com o celular na mão, pedindo pra que ele tocasse a tal música preferida dela.
- Essa, vamos dançar pertinho um do outro. Vem, vai começar – e o puxou pra perto dela.
Ela o surpreendeu quando ele escutou que a sua música preferida, diferente do que ele achava, não era nenhuma música maluca como ela. Era, She Will Be Loved.
Aquela garota era perfeita.
- Vamos sair daqui? – ele perguntou de supetão.
- Como?
- Vamos sair daqui?
- Acho que não entendi – ela falou um pouco surpresa e ficou mais surpresa ainda quando ele a beijou.
- Vamos sair daqui. Minha casa, a sua, não sei. Só quero ficar sozinho com você.
E a menina, ainda em choque, deu a mão a ele e saíram da boate.
Lá fora, quando estava um pouco mais em si, ela falou:
- Não me leve a mal, mas eu prefiro minha casa, eu não sei onde você mora...
- Eu já disse, em qualquer lugar.- E a beijou novamente.
E diferente de todas as vezes que até pensou em ficar com um cara logo de primeira e depois desistiu por medo, nele ela confiava.

- Não olhe muito a bagunça, moro sozinha e não sou a pessoa que mais ama uma faxina no mundo.
- Tudo bem – ele riu.
- Ah, e se formos pra o quarto, – riu sem graça – não se assuste com meu mural de séries.
- Como?
- É só um mural cheio de fotos de personagens das minhas séries preferidas. Alicia insiste que já passei da idade de fazer isso, mas eu amo. One Tree Hill domina mais da metade dele. Liga o som se quiser, tá conectado com meu iPod e tá na minha playlist favorita.
E foi guardar sua bolsa.
Ele ligou e riu quando viu que a música que começava a tocar era a mesma da boate.
- Você gosta mesmo dessa música, não é? – perguntou assim que ela voltou à sala.
- Me identifico com ela. Quero encontrar alguém que me ame e faça eu me sentir linda assim como ele faz com ela.
- Mas você é linda. – disse como se fosse óbvio.
- Fácil falar isso quando se está no meu apartamento.
- Moça – ele levantou e foi em direção a ela, que riu.

I drove for miles and miles
And wound up at your door



- Se tivermos a chance, e será um privilegio pra mim, de nos vermos novamente, você vai ver que não costumo mentir pra levar ninguém pra cama.
Ele tocava o rosto dela enquanto a música tocava.

I don't mind spending everyday
Out on your corner in the pouring rain
Look for the girl with the broken smile
Ask her if she wants to stay a while



- Você é linda. E eu não estou mentindo.
Dito isso, ele a beijou. E nesse exato momento tocou a parte que ela mais amava.

And she will be loved
And she will be loved

Enão é necessário dizer que a noite foi ótima e bem aproveitada.

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