Capítulo 2

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Dias atuais

- Eu ainda não me acostumei com essa foto enorme do Einstein aqui no seu quarto.
A garota falou enquanto fazia carinho no peito nu de Lucas.
- Falou a garota quem tem 22 anos e ainda tem um mural de séries no quarto.
- Menos nerd, mais normal.
- Mas você não diz que sou esquisito e nerd?
- E tem como dizer o contrário? Fora que essa foto fez você se superar.
Ele gargalhou.
- Eu não sou nerd, você que é livre demais.
- Comparados a você, todos são livres. Você já tem toda sua vida arquitetada.
- E isso não é bom?
- Não sei. Eu particularmente não gosto de fazer muitos planos, sonhos só existem para serem acabados. É tipo um castelo de areia, você gasta seu tempo construindo, coloca todas as suas expectativas naquilo, daí vem uma onda, ou alguém ruim e vai lá e pum – ela deu uma tapa na perna dele, que riu – tudo está acabado.
- Que papo depressivo.
- É a verdade, Lucas.
- Nada me tira dos meus planos, nada.
- Obrigada pela parte que me toca.
- Eu já disse, te levaria comigo pra onde eu fosse.
- E eu teria que largar tudo.
- Você estaria comigo, quer mais?
Ela gargalhou.
- Fica calado, Lucas, fica calado. – E o beijou. - E se sua mãe não gostar de mim, Lucas? Se ela achar que sou uma loba tentando comer o cordeirinho dela.
- A parte do comer ela vai estar apenas um pouco errada. – comentou, gargalhando.
- Faça mais uma piadinha desse tipo e eu chuto seus ovos e te deixo estéril.
- Eu não pretendo ter filhos mesmo. – Deu de ombros.
- Não sei se quero conhecer sua mãe. Acho que ela vai me odiar.
- Como te odiar, Sophia?
- Ela gosta de pessoas do seu tipo?
Ele não entendeu muito o sentido da pergunta, mas respondeu:
- Sim, fui educado pra ser dessa maneira.
- Tá vendo! – ela gritou em pânico. – Sua mãe vai me odiar.
- O que uma coisa tem a ver com a outra?
- Somos totalmente diferentes. Você é correto, nerd, tem sempre tudo planejado, não fala muito e é cheio de manias. Eu sou bagunceira, falo pelos cotovelos, quase sempre acho seus papos coisa de outro mundo e tento te fazer deixar todas as manias que você tem.
- Mas isso tudo não impediu nós dois de nos apaixonarmos, isso não me impediu de ficar encantado por você desde o primeiro instante.
- Você existe mesmo? – apertou as bochechas dele.
- Sophia, eu já pedi pra você não fazer isso – disse, tentando parecer bravo.
- Mas você fica a coisa mais fofa do mundo quando faço isso. – Gargalhou.
- Só por isso, vou te informar que nossas passagens já estão compradas.
- Você comprou antes de saber se eu iria?
- Eu já disse, te carrego pra todo lugar que eu for.

***



- Eu estou te dizendo, se sua mãe me odiar, eu vou te matar.
- Ela não vai te odiar.
- Se ela te ama, com esse seu jeito estranho. – A menina falou o olhando de cima a baixo – Ela vai me odiar, eu sou normal.
- Se o lance é que ela gosta de gente estranha, então ela vai te amar. Você definitivamente não é normal – ele falou, gargalhando. – Agora vem – e puxou a menina pelo braço – vamos entrar.
- Tem certeza que isso é uma boa ideia? – ela perguntou igual uma criança, coisa tipicamente dela.
- Sim, é uma ótima ideia.

- Então essa é a famosa Sophia. - Tara falou enquanto encarava a menina.
- Ér... Sou eu, sim. Tudo bom com a senhora? – e lançou seu melhor sorriso.
- Tudo bom sim, Sophia. E você, filho, tá tudo bem morando sozinho? Se alimentando bem?
- Se a senhora acha que comer hambúrguer é saudável, porque é só isso que seu filho anda comendo. – Sophia disse, rindo.
- Como?
- A gente sempre come isso. – Sophia riu.
- Vocês? Como assim, vocês? Vocês estão morando juntos?
- Não, mãe – Lucas arrumou os óculos. – É que a Sophia fica demais lá em casa e eu na dela.
- Você não me disse que estava praticamente casado, filho – e encarou Lucas, que voltou a arrumar os óculos.
- Não estamos casados.
- Há quanto tempo estão juntos?
- Um mês.
- Vejo que tem muita intimidade com a garota.
Sophia sentiu vontade de dizer: A garota está aqui. Mas achou que seria melhor ficar calada.
- Sim, me encantei desde o primeiro instante e me apaixonei na segunda oportunidade.
A segurança que Lucas falou aquilo, ainda mais na frente da sua mãe, - que a cara já estampava que era controladora – fez Sophia dar um sorriso e sentir a barriga dar uma volta. Ela estava completamente apaixonada por ele, mesmo em pouco tempo, e era bom saber que ele também estava por ela.
- Você fica tão fofo dizendo isso – ela apertou as bochechas dele.
- Eu já...
- Eu sei, só não resisti.
- Vou guardar nossas coisas lá em cima, minha mãe fica aqui com você.
Sophia sabia que ele fez isso de boa intenção, mas teve vontade de socar a cara dele.
- Bom, percebo que meu filho gosta muito de você – a senhora falou.
- Eu também gosto muito do seu filho. – Tentou ficar ereta assim como aquela senhora.
- Você é linda, não me surpreendo que ele tenha se encantado.
- Obrigada.
- Não agradeça. Sophia, – a mulher fez uma cara séria – peço que não me leve a mal, mas tenho que te pedir isso. – Sophia apenas a encarou enquanto a senhora continuava – Não atrapalhe os planos do Lucas.
- Eu não tenho...
- Eu sei, não quero dizer isso. Mas você por si só já atrapalha, é nítido que vive diferente dele.
A menina olhou pra si mesma tentando controlar a vontade de gritar e até chorar. Como aquela mulher percebeu a diferença em tão poucas palavras?
- Se não estiver disposta a ir com ele, não fique em sua vida. E tenha certeza, se tiver que ir apenas um, ele irá, eu me certificarei disso.
- Tudo bem – Sophia se limitou a dizer, sentindo o coração indo pra boca.
- Mas como eu disse, você é uma menina linda – dessa vez sorriu de forma agradável. – Se não der certo com o Lucas, dará com outro. Os dois hão...

- Eu e seu filho queremos estar juntos, é uma escolha de ambos. – Quando a senhora fez menção de falar, Sophia emendou – Eu amo seu filho, ficaremos juntos, tenha certeza.
Mas só depois de ver os olhos de Tara arregalarem e repassar suas próprias palavras na mente, teve dimensão do que falou. E seus olhos também se arregalaram ao constatar que não foi da boca pra fora. Mesmo em tão pouco tempo, mesmo os dois sendo opostos, mesmo depois de tanto tempo evitando paixão, ela o amava. Ela o amava.
- Voltei – Lucas chegou, falando, fazendo as duas se recomporem.
- Vamos almoçar - Tara chamou e seguiu na frente.
- Você tá bem, moça? – ele ainda a chamava assim de vez em quando.
- Claro. – E deu um selinho nele.

- E aí, esse dia foi como você esperava?
- Eu esperava um terror de dia – ela falou, deitando na cama com ele.
- Então foi bom? Tá vendo? Eu disse que minha mãe iria gostar de você.
- É, ela disse que sou linda – ela tentou lembrar de algo bom naquela conversa.
- Espero que tenha acreditado. Porque ela constatou o óbvio.
- Não importa. Eu podendo ter você, tudo bem.
- Você é linda e você me tem.
- Vou ter sempre? – ela precisava perguntar isso, aquele papo de hoje cedo tinha a deixado tão insegura.
- Por que tá perguntando isso?
- Nada, só porque quero saber.
- Você vai me ter sempre.
- Sempre?
- Sophia, você vai me ter sempre – ele riu. – Eu – ela prendeu a respiração esperando um eu te amo, mas ele emendou – sou louco por você. Vou tá aqui sempre.
Ela pensou em dizer que o amava, mas não queria ser a primeira.
- Também vou estar.
E alí fizeram amor. Mesmo sem um dizer ao outro o nome daquilo e do sentimento, era óbvio, era amor. Que era sentido a todo instante e que foi feito mais de uma vez na noite.

***



- Alicia, eu já não agüento mais você falando do Matt. Tudo bem, eu sei que meunamorado é o máximo e te apresentou um carinha que é até legal, mas isso tá meenjoando já.
- Você anda bem enjoada esses dias.
- Hã?
- Enjoou seu perfume, enjoou meu perfume, meu bolo, até nossa conversa.
- E o que tudo isso tem a ver?
- Sei lá, só sei que depois daquela viajem pra casa da sua sogra, você andaenjoando tudo, tem certeza que não tá vindo um sobrinho pra eu estragar aeducação dele por aí? – Alicia brincou e viu sua amiga ficar da cor de umpapel. – Sophia?
Sophia naquele exato momento estava viajando de volta para a única noite quepassou na casa da sogra. Onde ela e Lucas fizeram amor três vezes durantea noite. E que em uma delas, ou duas, ela não lembrava direito, eles não usaramcamisinha.
- Sophia? Sophia?
- Alicia! – ela puxou o braço da amiga – Acho que vou desmaiar.
- O que você tem? Parece que vai ter um troço! – a menina exclamou,preocupada.
- Mais que isso, talvez eu tenha um filho.
Alicia deixou o copo, que estava na mão, cair e ficou tão em choque quanto aamiga. Minha nossa!

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