Caminhos diferentes

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   Dezesseis anos se passaram, Enzo e Saya seguiram caminhos diferentes, depois da última vez em que se viram, não mantiveram contato, tanto os pais dela quanto o dele impediram que isso acontecesse, sempre confiscando cartas que eram escritas destinada a um dos dois, depois de anos sem receber notícias acabaram desistindo, e cada um seguiu com sua vida.
 Hoje Saya estava com 26 anos, era uma mulher adulta, apesar do autismo ser uma condição permanente, não atrapalhou a sua vida, ela cresceu tendo uma vida normal igual a qualquer outra pessoa, mesmo que muitas vezes, fora tratada como estranha, pela sua maneira de enxergar o mundo, ainda tinha um pouco de dificuldade em manter uma vida social, ela havia se tornado uma mulher forte, mas não tinha perdido sua inocência e muitas vezes as pessoas se aproveitava de sua ingenuidade, principalmente em seu ambiente de trabalho, Saya era uma pessoa que sempre fazia tudo que lhes pediam, ela não conseguia dizer não a ninguém, mais não se importava, gostava de ajudar e não pedia nada em troca.
Ela estava morando em porto alegre, dividia um apartamento com uma ex- colega de faculdade, tinha se formado em designer gráfico, estava trabalhando em um escritório que atendia a empresas na criação de logotipo, marcas e embalagens, ela era linda, tinha longos cabelos, seus olhos meios puxados a deixava com a aparência de uma oriental, chamava a atenção de muitos homens, até seu chefe gostava dela, Emily, sua colega de quarto sempre pedia para que tomasse cuidado, por que ela tratava a todos com gentileza e desconhecia o mal que as pessoas eram capazes de fazer. Apesar de todos os avisos de Emily, Saya buscava sempre ver o lado bom das pessoas. E assim sua vida seguia.
Um dia no trabalho, Álvaro seu chefe pediu que Saya ficasse um pouco mais para lhe ajudar em um projeto que estava trabalhando, após todos saírem do trabalho ela ficou para poder ajudar, ele  mostrou o projeto que estava elaborando, quando terminarem e Saya se encaminhava para ir embora, ele pegou seu braço e quis beija- lá, Saya não queria, mais ele insistiu, foi quando ela teve uma crise, começou a gritar, não conseguia encara- lo, Álvaro ficou assustado com aquilo, nunca tinha presenciado aquele tipo de reação e a soltou, tentava encostar nela para pedir desculpas, mais ela não deixava toca-lá, com muito esforço ele conseguiu fazer com que ela levantasse, e a levou para casa, durante todo o caminho parecia que ela estava em choque, Álvaro não conseguia entender como uma pessoa podia ficar daquela forma só porque ele queria beija-lá. Ele a ajudou a subir até seu apartamento, quando Emily a viu naquele estado perguntou o que ele tinha feito.

— O que você fez com ela?
— Eu não fiz nada tá legal! Respondeu ele; Eu gosto dela, eu quis beija- lá, foi isso que aconteceu. — Eu sei que foi errado tá, eu deveria ter falado para ela, antes de insistir no beijo, mas eu não sabia que ela reagiria dessa forma, eu realmente sinto muito. Saya me desculpa, eu realmente achei que você estivesse afim. — E porque você achou isso! Eu deveria te denunciar por assédio sabia! Continuou Emily; vocês homens são sem noção, porque ela ficou para te ajudar quer dizer que tava afim! por que será que quando uma mulher resolve ajudar um homem em alguma coisa eles acham isso! Se liga cara em que mundo você vive? Eu sou um idiota mesmo! falou ele; me desculpa eu tô indo embora, se precisar de alguma coisa me liga, entregou seu cartão a Emily e foi embora. Olhando para o cartão ela retrucou: idiota! acha mesmo que vamos precisar de você! Entrou no apartamento e colocou Saya na cama, na manhã seguinte ela conversou com Saya;

— Eu pedir para você tomar cuidado Saya! É desse tipo de coisa que estava falando, — você é muito inocente, em todos esses anos que moro com você, nunca te vir com nenhum namorado, imagine se aquele idiota tivesse tentado coisa pior! Saya respondeu: Eu sei disso, me desculpe Emily. E agora o que vai fazer? Perguntou Emily; eu não sei ainda, bom o que você resolver eu vou te ajudar tá, agora preciso ir trabalhar, deu- lhe um abraço e saiu. Logo depois que Emily saiu, Saya se trancou no quarto, não conseguia esquecer o que havia se passado, e se perguntava por que teve tanto medo de Álvaro, afinal ele era um homem bonito, e ela era uma mulher adulta e solteira. Depois de um tempo ela escreveu uma carta de demissão e enviou pelo o correio, no seu celular tinha muitas chamadas e recados de Álvaro, mais ela não retornou, tudo que queria agora era a sua mãe. Quando Emily chegou do trabalho, ela comunicou sua decisão, iria voltar para casa, fazia muito tempo que estava longe dos pais, apesar de Emily ficar triste por perder sua colega a  apoiou. Saya começou a arrumar suas malas para voltar para casa, no meio de suas coisas acabou encontrando a pintura que Enzo havia lhe dado há muitos anos, ela olhava aquela pintura e falava: mentiroso, você disse que voltaria para mim, e não voltou. Terminou de fazer as malas se despediu de Emily e voltou para casa.
Saya, tinha se tornado uma pessoa forte apesar de suas limitações, Enzo também tinha crescido, era  formado em administração porém nunca ligou em trabalhar havia se tornado uma pessoa completamente diferente, era um aventureiro, vivia de jogos, baladas e mulheres, não queria ter responsabilidades com nada, a última vez que seu pai o tinha lhe visitado, tivera que pagar uma fiança para que não fosse preso, por conta de dividas de jogo, Luigi não sabia mais o que fazer, como um homem de 27 anos poderia viver daquela forma estava cansado de sempre ter que livrar a cara de seu filho de enrascada e tava decidido que não faria mais isso, iria cortar todos benefícios de seu filho, e se ele quisesse dinheiro teria que voltar para casa e trabalhar com ele em sua fazenda, para que se tornasse um homem responsável. Enzo percebendo que não teria mais dinheiro, fingiu que aceitaria as condições de seu pai, além disso ele sentia muito a falta do Brasil. Após Enzo partir para Itália seus pais havia se mudado para fazenda em vale dos vinhedos, lá eles tinham uma grande vinícola, que exportava sucos naturais e vinhos para todo o Brasil, lá também moravam os pais de Saya, em uma pequena comunidade rural, próximo a fazenda Rossetti, seu pai, trabalhava na vinícola dos Rossetti, pois era a maior fazenda da região, vale dos vinhedos ficava localizado em uma área rural de Bento Gonçalves, mesmo ficando próxima ao centro da cidade, seu pai optava por trabalhar nas vinícolas, por que era o que gostava de fazer.
 Saya já estava de volta, seus pais estavam muito felizes, por que apesar dela ter se tornado uma mulher independente, nunca deixaram de se preocupar com ela, e agora a teria debaixo de suas asas. Depois de se instalar na casa de seus pais, ela abriu um pequeno escritório de logotipo e embalagens, para atender as fazendas da região, começaria uma nova fase de sua vida.
  
      

Inesperado AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora