SÉRGIO ECONTRA ABRAHAM LINCOLN

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Serginho chegou em casa e seus pais ainda não haviam voltado da
peregrinação pelos hospitais. Ele entrou no quarto que dividia com o
irmão. Abriu o armário devagar, como se alguma coisa fosse saltar de lá
repentinamente. Havia fotos do irmão quando bebê e outras onde ele
aparecia no time da rua Quinze. Serginho folheou os gibis do irmão, na
esperança de que alguma pista caísse de dentro das páginas. Mas nada
disso aconteceu.
Havia uma caixa pequena com dois times de futebol de botão, que
ele remexeu cuidadosamente, terminando por esvaziá-la. Serginho não
achava aquilo direito, mexer nos objetos do irmão, mas, afinal, era uma
situação de emergência. Do fundo da caixa, além das traves de plástico e
dos botões, caiu um pedaço de papel verde. Serginho pegou o papel
rapidamente e examinou-o. Abraham Lincoln olhava-o, com uma
expressão vaga e um sorriso contido. Uma nota de cinco dólares. Ele
sentou-se na cama e ficou olhando para a nota: o que aquilo significava?
Ele nunca soube que Marcão tivesse uma nota de cinco dólares, o irmão
nunca havia comentado. "Mas tem tanta coisa que ele não comenta",
pensou Serginho. Aquilo era apenas uma nota de cinco dólares, nada
mais. Ele ouviu a porta da sala se abrindo e as vozes do pai e da mãe que
chegavam. Levantou-se, colocou a nota no bolso, guardou os botões e
fechou o armário.

 A TURMA DA RUA QUINZE.Onde histórias criam vida. Descubra agora