UM ACHADO NO PARQUE

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Napoleão era um companheiro fiel da turma e participava até
mesmo das reuniões no clube, um cômodo nos fundos da casa de Tigre,
onde as aventuras eram tramadas. Fora batizado por Tigre, que se
lembrou de uma aula de História onde as conquistas de Napoleão foram
descritas com paixão pela professora. Mas, com certeza, o imperador
francês não ficaria nem um pouco lisonjeado com a homenagem. É mais provável que ele ficasse irritado, principalmente ao saber que as pulgas
eram um mal crônico do cachorro, e que não havia banho que as
dizimasse.
Napoleão saiu da casa de Serginho seguido pela turma e desceu a
rua Quinze em direção ao parque que existia na esquina. Vez por outra
ele parava repentinamente e todos ficavam atentos. Mas ele estava
apenas escolhendo um poste para urinar.
— Você acha que isso vai dar certo, André? — perguntou Tigre
desconfiado.
— Pelo menos o Napoleão está levando a gente para algum lugar, e
pode ser uma pista.
— Pois eu estou achando que ele só está passeando — comentou
Pedro, que também desconfiava da idéia do amigo.
— Calma, gente. Vamos ver primeiro onde ele está indo —
interrompeu Serginho.
Napoleão entrou no parque acompanhado de perto pelos meninos.
Caminhou pelas alamedas floridas e parou em frente ao lago que existia no
centro do parque. Os garotos ficaram esperando. Ali, o cão começou a
cavar: primeiro devagar, e depois com rapidez, ao mesmo tempo que
passava a ganir.
— Meu Deus — disse Pedro assustado —, o que ele está querendo
nos mostrar?
— Deve ter alguma coisa enterrada aí. Vamos ajudar a cavar —
sugeriu Tigre, abaixando-se.
Enquanto Serginho segurava Napoleão, que bastante agitado latia,
os três meninos se agacharam e começaram a cavar no local apontado
pelo cachorro. Usavam as mãos nessa tarefa, pois a terra fofa indicava
que havia sido remexida recentemente.
— Calma, Napoleão, já vamos encontrar o que você está querendo
mostrar — falou Tigre.
Mas o cão continuava a debater-se nas mãos de Serginho. O buraco
ia se aprofundando e os três meninos cavavam com mais rapidez. De
repente, Tigre gritou:  — Achei, gente. Olhem o que o Napoleão estava que rendo mostrar
— e ergueu um osso enorme.
Napoleão escapou do controle de Serginho e tomou o osso da mão
de Tigre, como se aquilo fosse uma sobremesa escondida para uma
ocasião muito especial. Depois partiu em disparada em direção à rua
Quinze. Ninguém conseguiu segurar as risadas.


 A TURMA DA RUA QUINZE.Onde histórias criam vida. Descubra agora