Primeiro

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Taehyung queria tentar denovo, estava disposto a entrar no jogo psicodélico do paciente e sabia que isso seria difícil. Mas, esse era seu trabalho e, teria de cumprir o mesmo.
Estava em sua sala, com a ponta da caneta entre seus dentes, analisando o que tinha escrito no bloco de anotações, enquanto avaliava o paciente.

Até agora só pude ver que quando está agitado, ele fala com rimas estranhas e, mal feitas. Certas vezes era possível ver ele dizendo "Não, não, está errado.." de modo baixo, enquanto balançava sua cabeça. Sua esquizofrenia é notória, mas não tenho certeza se ele está apenas fingindo ou agindo naturalmente​.
~Kim.

O psicólogo ficou irritado com sua pequena avaliação, queria mais, queria decodificar a mente do paciente usando os códigos que lhe dava indiretamente. Sabia que seria apenas questão de tempo para conseguir mexer com a mente do criminoso e faze-lo abrir a boca para algo útil.

Se levantou de sua poltrona avermelhada, logo, saindo daquela sala. Andou até o mesmo guarda de antes, já emburrado.

- Quero ver a sala onde Park Jimin fica, quero observar seu comportamento sozinho. - Ele disse, respirando fundo, enquanto ajeitava seus fios de cabelo com o palmo direito.

- Senhor.. Não acha que está ficando interessado demais neste criminoso? - O guarda pergunta, receoso, olhando para o psicólogo de modo confuso.

- Não, não acho. Estou apenas fazendo meu trabalho, agora me guie até lá. - Ele suspirou, ordenando para o guarda. O mesmo, levou o psicólogo até a frente de uma sala de vidro blindado.

Park Jimin estava andando em círculos, respirando alto, de vez em quando tropeçando em seu próprio pé.

- Está errado, está errado! - Ele esbraveja, se sentando na cama acoplada a parede, bufando - Onde está todo mundo? A lebre me abandonou novamente! Estão atrasados para a hora do chá..

O psicólogo umideceu seus lábios com sua lingua, observando o comportamento do criminoso. Levou lentamente seu palmo direito até o vidro, encostando sua mão no mesmo, tombando a cabeça para trás.

Park Jimin, ao olhar cautelosamente para o vidro, sorriu trêmulo, correndo pro mesmo. Bateu as mãos no vidro, desesperadamente.

- Alice, Alice! Você voltou Alice. Sabia que não iria me abandonar! - Ele exclamava, dando pulinhos, enquanto encostava a ponta de seu nariz no vidro.

- Eu não sou sua Alice, eu sou seu psicólogo. - O psicólogo respondeu, retirando sua mão do vidro, logo colocando a mesma no bolso de sua calça.

- Oh Alice, não consegue ver seu interior? Ele brilha, ele é ótimo. Essa sua máscara é irritante, é irrefutável que você é a Alice! Vá caindo na toca do coelho, aonde reina a loucura na qual permeio..

O psicólogo respirou, fundo, tombando a cabeça pro lado, enquanto esboçava uma expressão confusa. Logo, abriu a boca pra falar, demorando alguns segundos para dizer algo.

- Você está com fome? Já está na hora do almoço, certo? - Ele olha pro guarda, o qual assente com a cabeça.

- Fome? Não não, eu estou com sede! Está na hora do chá, entre Alice, ou vai perder o chá.

O olhar do psicólogo percorria o local, um pouco nervoso. Olhou pro segurança, logo, abrindo a porta e apontando com a mão aberta, pra mesma.

- O senhor deseja entrar?! - O guarda pergunta, arregalando os olhos, pasmo. Engoliu em seco, abrindo a porta, dando espaço pra ele entrar. Logo, fechou a porta, suspirando nervoso.

Jimin olhava fascinado pro psicólogo, balançando a cabeça pro lado, se sentando ao chão, batendo palmas com suas pequenas mãos.

- Sente-se Alice, vamos tomar chá! Açúcar? Adoçante? Aliás.. Onde está o chá? - Ele perguntava, confuso, olhando pro garoto que ainda estava em pé. - Você esqueceu do chá, Alice? Como pode ser tão burra?!

Disse, esbravejando, se levantando e indo lentamente até o garoto. O barulho do pé de Jimin ecoava pela sala, já chegando perto do psicólogo.

- Fique longe, se não quiser problemas. Você está corrompido Jimin, você está quebrado. Precisa de ajuda. - Ele respondeu, sério, dando um passo para trás.

- Jimin? Jimin é um convidado novo? Você está me confundindo Alice? Você é extremamente idiota, garota! - O paciente avançou no garoto, tentando desferir um soco na face do mesmo, mas sendo impedindo pela mão do psicólogo, que segurou o punho do criminoso.

O segurança entrou naquela sala, empurrando o garoto transtornado pra longe, logo, puxando o criminoso ainda assustado, pra fora da sala, fechando a porta.

- Não, não, não! Alice, fique aqui comigo! Ainda resta chá, podemos ser amigos. - O criminoso disse, cabisbaixo, se ajoelhando em frente o vidro, tombando a cabeça pra trás.

O psicólogo, andou lentamente até sua sala, enquanto o guarda seguia o mesmo. Sentou-se em sua poltrona, suspirando.

- Ficou louco? Ele poderia ter te ferido, Taehyung! - Ele exclama, apoiando a mão na mesa, bufando.

- Meu trabalho me faz correr riscos. São riscos necessários. Prepare o paciente para mais uma consulta. - Ele dizia, sem paciência, ajeitando seus fios de cabelo colados a testa.

- Mas senhor, o criminoso está alterado, você mexeu com a mente dele.

Era exatamente o que Jimin queria, ele não precisava de ajuda. Precisava de alguém que mexesse com sua mente, quebrasse a mesma mais ainda. Adorava sentir aquela angústia, aquilo só dava mais ânimo para o criminoso. Talvez, gostasse bastante de sofrer. Talvez, aquela loucura fosse coisa da mente das pessoas, que não o entendiam.
Talvez, Jimin fosse masoquista.

- A partir de hoje, não questione minhas ordens, apenas faça. Agora vá, merda! - Ele esbraveja, sem paciência alguma.

O guarda reprimiu um palavrão, logo, foi até a sala do paciente, puxando o mesmo bruscamente até a sala de consultas. O segurança já estava farto de ser tratado como lixo.

Logo, o psicólogo dava passos rápidos até chegar a sala, sem muita enrolação, se sentou na cadeira em frente a que Jimin estava.

- Olha só, o estranho voltou, cheio de má intenção. Me diga, descobriu que é a Alice ou não? - O criminoso disse, logo, soltando uma risada escandalosa, se mexendo desesperadamente denteo do colete de força.

- Se sou sua Alice, por que não me trata como tal, Chapeleiro? - Ele perguntou, adentrando ao jogo doentio do paciente.

- Nas rimas tropeçamos sem saber os porquês, onde penam os vilões e desmoronam as psiquês. - Ele dizia, sorrindo perverso para a sua Alice, logo, fechando o olho e mexendo a cabeça.

- Então não sabe o por quê de não me tratar como tal? Está dizendo que é incapaz? - O psicólogo perguntou, ainda tentando entender.

- Pobre alice, tão burra, tão inocente. Não é por falta de capacidade, mas sim falta de vontade. - Ele disse, revirando os olhos, enquanto balançava a cabeça inquieto.

- Significa que eu não mereço?

O psicólogo perguntou, bufando. O paciente, logo esboçou um sorriso largo, olhando fixamente para o garoto.

- Ora ora, vejo aqui que começou a entender o que falo.

➳ alice out of wonderland † vminOnde histórias criam vida. Descubra agora