Taehyung esboçou um sorriso largo, ao perceber que tinha adentrado com êxito no jogo doentio do paciente. Logo, colocou seus palmos sob a superfície da mesa, encarando o garoto.- Então Chapeleiro, o que faço para merecer que me trate como uma Alice digna? - Ele perguntou, vendo o criminoso sorrir perverso, logo, o mesmo de ajeitou em sua cadeira.
- Precisa descobrir a verdade por trás da sua máscara. Sei que nem você sabe o que acontece em sua mente, pobre Alice, tão confusa, tão ingênua. - Jimin disse, num tom alto, enquanto balançava sua cabeça para o lado e para o outro.
O psicólogo suspirou, olhando para uma das paredes da sala, e então, parou seu olhar sobre o criminoso. Se levantou de sua cadeira rapidamente, sem ao menos se despedir, como sempre. Saiu daquela sala, suspirando de modo calmo, indo até a porta do manicômio, abrindo a mesma lentamente. Ao sair do local, se direcionou até seu carro, abrindo a porta do mesmo, se sentando no banco do motorista.
[...]
Ao chegar em uma velha biblioteca da cidade, saiu do carro batendo a porta, correndo pra dentro do local. Seu olhar passeava pelas estantes, tentando achar os livros que queria tanto.
Deslizando seus dedos pelos livros, finalmente achou o que desejava.
Alice no País das Maravilhas, Lewis Carroll.
Taehyung estava disposto a muitas coisas apenas para entender a incrível mente de seu paciente. Estava ficando obcecado pelo mesmo e pelos assuntos que ele se interessava. Jimin tinha lhe chamado bastante atenção, é irrefutável.
Logo, o garoto se sentou em uma poltrona da biblioteca, se ajeitando na mesma enquanto umidecia os lábios usando sua lingua. Abriu o livro, começando a ler o mesmo com bastante atenção, enquanto suspirava demoradamente.
- Alice.. Alice.. Alice.. - Ele repetia de modo baixo, sempre que via algo relacionado a personagem no livro. Queria saber seu modo de agir, de pensar e falar, queria logo ver a verdade por trás da máscara de Jimin. Tentava entender a loucura envolvida no personagem do livro, ele lia de modo confuso, certas vezes tendo que ler e reler para entender o que algumas frases realmente queriam dizer.
Ao ver que a biblioteca estava quase fechando, foi até o balcão, colocando o livro sob o mesmo. Pagou o tal livro, e se direcionou até seu carro, suspirando.
°• Jimin's memory •°
Era uma tarde insolarada, o verão tinha chegado com tudo e Jimin estava aproveitando com sua familia. Um dos poucos momentos nos quais ele conseguia se dar bem com seus pais, os quais resolveram dar uma "folga" para seu filho.
Mas ao descer a escada de sua casa, viu um ambiente caótico. Seus pais estavam ali, brigando loucamente. Copos e pratos voavam pra parede e pro chão, cacos de vidro se espalhavam ao solo daquela calorosa sala.
Ele estava encolhido em um degrau da escada, chorando em silêncio, certas vezes era possível se ouvir seus soluços. Seu inchaço no rosto de tanto chorar era notório, até que ao ouvir um grito de dor, resolveu se aproximar mais.
E lá estava, sua mãe caída ao solo, com uma um corte imenso em seu pescoço. Seu pai, já não estava mais ali, já tinha fugido, e consequentemente, Jimin nunca mais o viu.
O jovem tinha paralisado ali na sala, sem saber ao menos o que fazer. Até que conseguiu pensar em algo, correndo até o velho telefone da casa, discando o número da ambulância. Sua voz era trêmula e as vezes algumas palavras não saíam.
A ambulância tinha chegado, e sua mãe já tinha perdido uma enorme quantia de sangue. Já não se tinham muitas chances da mesma sobreviver. Foi colocada na maca da ambulância, e Jimin foi junto.
Os batimentos cardíacos pararam. A respiração, tinha parado também. Os olhos, abertos, sem ao menos piscar. Sua mãe, tinha morrido, em sua frente, numa maca podre de uma ambulância qualquer.
O motorista, estacionou em um canto, logo, o ajudante abriu a porta para que Jimin saísse dali. O mesmo não queria, mas foi forçado a fazer isto.
Foi jogado pra fora da ambulância, caindo ao solo empoeirado e sujo, apoiando seus palmos no mesmo, para não cair com a cara no chão.
Então, com o resto de dignidade que Jimin tinha, ele se levantou, cambaleando. Não tinha como se sustentar. Não tinha como pagar algo. E, não tinha potencial para arrumar algum emprego, não tinha ao menos feito a faculdade por sua família não ter dinheiro.
Depois de uma semana, sobrevivendo das coisas que tinha em casa.. Bom, dos restos que tinham em casa. A lâmina tinha virado sua melhor amiga e sua inimiga ao mesmo tempo. Cortes, cortes e mais cortes em seu pulso.
Ele pegou uma antiga bolsa de sua mãe, e saiu pela rua, com uma bermuda rasgada e uma blusa suja. Entrou em uma loja qualquer, suspirando nervoso. Olhava pro bolso dos clientes que lá estavam, vendo carteiras prontas para serem pegas.
Jimin, andou lentamente até um cliente, olhando pro canto, de modo inocente. Levou lentamente sua mão até o bolso do rapaz, pegando sua carteira de modo sorrateiro.
Sua mão tremia, então jogou a carteira em sua bolsa, suspirando. Andou até outro cliente, levando até o bolso do homem, sem querer esbarrando sua mão bruscamente no mesmo.
O mais velho olhou pra Jimin, assustado, com um olhar de desprezo.
- O que faz aqui, garoto? Tava tentando me roubar, é isso?
O mais novo engoliu em seco, olhando nervoso para o maior.
- N-Não senhor.. Eu.. Eu apenas esbarrei - Ele respondeu, olhando pra baixo, reprimindo um choro. Saiu correndo dali, sem ver o que tinha em seu caminho, acabou tropeçando, caindo de joelho ao solo, em frente a um beco.
- Hey garoto.. Entre aqui, por que está chorando? Podemos resolver isso..
Jimin pôde ouvir uma voz calma, chamando o mesmo. Se levantou, com medo, adentrando lentamente o beco no qual haviam luzes que piscavam, com mal contato.
- Já experimentou isto aqui, garoto? - O comerciante perguntou, entregando um saco no qual continha um pó, no palmo esquerdo do jovem.
- N-Não.. isso resolve meus problemas? Isso pode me ajudar? - O garoto pergunta, ainda assustado. Analisava o pó em sua mão, logo, olhou para o comerciante.
- Sim sim, mil maravilhas. Vai te ajudar a superar tudo.. - O maior disse, soltando uma risada baixa.
Jimin aproximou seu rosto do pó, olhando pro mesmo com medo. Cheirou lentamente, logo, arregalando os olhos e caindo para trás. Alucinações passavam por sua mente, ele gritava assustado, ouvindo vozes que, na verdade, nem ao menos existiam.
Quando foi ver, já estava viciado naquilo e já buscava por sua amada Alice. Roubava como um criminoso profissional, apenas para conseguir dinheiro e comprar a droga.
Quando foi levado ao manicômio, sozinho, sem seu pó, as vozes aumentaram em sua mente.
Jimin, finalmente tinha se libertado. Tinha mudado, pra pior. Tinha se transformado em outro alguém.
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➳ alice out of wonderland † vmin
FanficEm um manicômio localizado em uma grande cidade, um criminoso tem transtorno de personalidade, no qual o faz achar que é o Chapeleiro Maluco, do País das Maravilhas. Seu psicólogo, Kim Taehyung, tenta entender sua estranha e psicodélica mente. Park...