Sexto

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Os olhos de Jimin brilharam naquele momento, parecia que o brilho das estrelas não chegava aos pés do brilho no olhar dele.

Levou suas pequenos palmos até o ombro do psicólogo, que deu um passo pra trás, receoso. Jimin olhou pro maior, confuso. Taehyung ainda sentia medo, algo prendia o garoto.

— Está com medo, Alice? Medo do seu destino? Medo? O que é o medo?

O psicólogo respirou fundo, olhando pro menor. Aquela pergunta martelava em sua mente.

O que é o medo?

— Medo..? Medo é uma ansiedade irracional, um receio.

— Alice, Alice.. Tão tola. Eu perguntei, o que é o medo, pra você. - Ele respondeu, encostando com a ponta de seu dedo no peitoral coberto do mais velho - Qual o significado de medo, pra você? Significados feitos pela sociedade, não importam pra mim.

Ele respirou fundo, levando seu palmo direito até seu cabelo e ajeitando o mesmo, retirando os fios de cabelo colados em sua testa.

— Medo é algo sufocante, algo que prende as pessoas, que afoga as mesmas em mentiras.

Jimin sorriu vitorioso. Vendo o psicólogo distraído, colocou seus palmos no ombro do mesmo. Taehyung arregalou os olhos, olhando pro mais novo.

Era apenas um toque. Um toque que envolvia medo, que envolvia receio. Jimin era louco, certo?

Não para Taehyung. Como ele tinha dito: as melhores pessoas são loucas.

Jimin foi influenciado, mas, mesmo sem saber disso, Taehyung já não sentia tanto medo.

O psicólogo respirou fundo, retirando de seu bolso seu celular, olhando pro menor, com um sorriso desanimado. No bolso de seu paletó branco, junto de seu bloco de notas, havia seu fone.

Se sentou no mesmo tronco caído ao solo, onde Jimin estava antes de se levantar. Confuso, o paciente se sentou ao lado dele, tombando a cabeça pro lado, olhando pro garoto.

Taehyung pegou o fone e colocou no celular, pegando um lado do mesmo e colocando na orelha dele, logo, esperando Jimin fazer o mesmo em sua orelha, e assim fez.

— O que está fazendo, Alice?

— Eu estou tentando deixar todo esse nervosismo de lado, esse receio.

Ele respondeu, colocando em alguma música no aleatório.
Jimin respirou fundo, encostando sua cabeça no ombro do maior, fechando os olhos ao ouvir a música começar.

I'll see you coming
I'm shooting with all my heart.
Now you will have a sweet and crispy dream.
I waited for you today.
I see you
A little bit closer
I hear you
Do not run away
Starting tomorrow, you'll be thinking of me.

~omg, cupid

Taehyung ria ao ouvir Jimin tentar cantar a música sem ao menos saber a letra da mesma. Logo, pôde ouvir a risada de Jimin junto a dele.

Era uma risada infantil, uma risada boba e feliz. Jimin estava alegre ali, se sentia confortável.

O mesmo levou sua pequena e fofa mão até a do maior, engolindo em seco, receoso.

Entrelaçou seu mindinho no dele, fazendo com que Taehyung olhasse pra Jimin, com um sorriso ladino.

A bochecha de Jimin esrubeceu, e o mesmo abaixou sua cabeça, olhando pro lado.

Taehyung balbuciou algo, quando ouviu algum barulho atrás das árvores, vendo a luz de uma lanterna se acender.

Logo, retirou o fone de sua orelha, fazendo o mesmo com o fone na orelha do menor, de modo brusco.
O paciente segurou firme na mão do psicólogo, com medo.

Jimin rolou pra trás, ficando deitado atrás do tronco caído, consequentemente, puxando o psicólogo junto, fazendo o mesmo ficar deitado também.

O paciente tapou sua boca e a do mais velho, impedindo-o de respirar demasiado alto, olhando o garoto, num pedido silencioso de ajuda.

Taehyung fechou os olhos, puxando Jimin pra um abraço apertado, encostando sua coluna no tronco caído, deitado.

Para confortar o menor, o psicólogo acariciava o cabelo dele, abraçando a cintura do mesmo, esperando os barulhos cessarem.

E quando isso aconteceu, Taehyung soltou Jimin, se sentando tronco. Ao olhar pro paciente, viu o mesmo susurrando baixo palavras sem nexo algum.

Denovo não.

Foi o que ele pensou. Rapidamente, puxou Jimin pelo braço, colocando seus palmos no ombro do mesmo.

— Jimin? Jimin você 'tá bem, né?

O chapeleiro riu, de modo escandaloso, se afastando do maior.

— Jimin? Me confundindo de novo, Alice? Olhe através da alma das pessoas, incompetente!

Ele exclamou, continuando a rir exageradamente.

Taehyung colocou a mão na boca do criminoso, mas era tarde demais.
Era possível ouvir os barulhos nas árvores novamente.
De lá, saíram dois guardas, olhando incrédulos pro psicólogo.

— Kim Taehyung? O que faz aqui, senhor?

A resposta era óbvia, tolos.
Taehyung não queria mentir, não queria jogar a culpa no paciente, mas seu orgulho e zelo pelo seu trapalho, atrapalhou tudo.

— O paciente fugiu da cela, estou tentando acalmar o mesmo.

Ele dizia com uma falsa expressão de desespero, evitando olhar pro menor.
O segundo guarda se aproximou do criminoso, com uma arma de choque em sua mão.

Taehyung engoliu em seco, vendo Jimin desmaiar em sua frente.

— Vá para casa Kim, cuidamos dele.

Ele não queria ir, se negava a isso, mas foi obrigado.

O psicólogo saiu correndo dali, tropeçando nos degrais de fora do manicômio, quase batendo de cara na porta do carro.

Entrou no mesmo, se encolhendo no banco de trás do carro, chorando em silêncio.

Já o choro de Jimin, em sua cela, era demasiado alto. Era como um choro de um bebê necessitado de carinho, e realmente precisava desse carinho.

Jimin estava novamente socando o vidro blindado de sua cela, chorando como louco.

Perca sua sanidade, destrua o cárcere mental que a sociedade impôs em sua mente.

Aquela frase martelava na cabeça do psicólogo. Deveria mesmo seguir o conselho de seu paciente? Deveria mesmo, jogar tudo pro alto e se tornar um "louco"?

Deveria mesmo, tomar uma decisão solene, por um simples criminoso?

➳ alice out of wonderland † vminOnde histórias criam vida. Descubra agora