# Capítulo 3 #

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   Horas depois de ter mandado a confirmação por e-mail para Heroford, um homem alto, pálido e magrelo enfiou um estetoscópio no meu peito, sem pedir licença. 

  Sua voz é calma e serena, e me tratava como se tudo isso fosse normal. Bruscamente ele acende uma lanterna fina nos meus olhos como se eu fosse uma coisa qualquer.

— Pupilas normais e relativas. Pressão oito por quatro, baixa. É sempre assim? - assenti com a cabeça.

— Diga: Aaaaaa... — um som estranho saiu de minha boca. Quando ele tirou a paleta, fiz um careta. — cuidado para não me atingir com a visão de calor.

— Não controlo os meus poderes ainda... AI! — algo me belisca no dedão. O médico estava verificando minha glicose.

   A equipe médica do HC veio até aqui. A casa ficou bem agitada depois da confirmação.
— Hmmm... nada bem... 345! Sua diabetes está muito alta.

— Não foi por diversão que cortei minha perna. — resmunguei, chupando o dedo furado.

— Eu vou fazer um lanchinho! — Alex se dirigiu a cozinha, na tentativa de aliviar o clima.

Um velho de smoking, com ar de poucos amigos, se aproximou com uma papelada na mão.

— Srta. Kent, sou Henry Gustin, e preciso que assine esses comprovantes, eles confirmam que a senhora está ciente do que está acontecendo. — assinalei bufando vários papéis.

— Nome completo...?

— Ah... — hesitei, coçando o pescoço. — Jo... a... lina Frida Kent. — respondi rápido vendo que Kara se aproximava. — Só JoJo pra vocês.

— Idade...?

— Quatorze anos. — Kara afirmou.

— Quatorze e meio. — corrigi.

— Paternidade?

— Lois Lane e... Clark, Clark Kent. — respondi, hesitante.

— Toma algum medicamento diário?

— Colírio para minha fraca miopia e alguns outros, por causa da perna amputada.

— Pratica algum exercício... físico? — me segurei para não rir. Ele estava com medo de perguntar isso por conta da perna.

— Acordar da cama e engolir dois pratos em cinco minutos, conta? — mostrei um grande sorriso.

— Idiomas?

— Inglês e francês. — olhei para Alex, cozinhando, acima da bancada da cozinha, e ri orgulhosa.

— Alguma alergia ou... você sabe... 

— Não entendi, senhor. — turciu.

— Algo que te dê fraqueza, como a Kriptonita faz com sua família.

— AH, SIM! Não, não! Não que a Kriptonita me enfraquece, só que eu entendi sua pergunta, não. Não. Eu... não tenho nenhum ponto fraco. Nenhum descoberto.

— Hmmm... vamos as regras... Os laboratórios do colégio funcionam das cinco da manhã às sete da noite. Sair, apenas com ordens da direção, sem ordens minhas, ou do Cisco Ramón, nosso coordenador, só com a permissão do Sr. Fury. O cronograma premeditado de Heroford High é de seis anos, mas caso haja um contratempo, a senhorita terá de permanecer no colégio o tempo que acharmos necessário.

— Pelo cabelo loiro do Thor! Olha... você está acostumado a enfrentar pessoas com apenas um neurônio, mas eu não posso simplesmente passar seis anos num colégio. Tem que ter algum jeito de diminuir para mim.

— Está tentando subornar um funcionário do governo, Srta. Kent? — indagou.

— Não estou totalmente maluca Sr. Gustin. Não por enquanto.  — respondi.

— Alguns alunos estariam dispostos a pagar! — deu de ombros.

— Só se for um idiota! Seu... seu... metido a besta! Prepotente! Agradável como um ataque de urticária.

— Senhorita "comissão contra energúmenos", já passou pela sua cabeça que a senhorita pode ser presa? — disse, com ar de ameaça.

— Vir me ensinar sobre as próprias leis do meu país já é demais!

— Pode me responder as perguntas sem ser sarcástica?

— Se você parar de me impor a regras idiotas. Pode ficar com o... contratinho ridículo para você! Assino quando chegar no colégio. Só espero que você tenha uma dor de barriga fluminante que não te deixei nem voltar para o seu camaro cinza estacionado lá fora.

— JoJo... calma! — deixei minha raiva transparecer. Kara senta-se ao meu lado.

— Continuando... — disse o homem. — Qualquer tipo de subtração, sabotagem ou briga, a senhorita será punida com até pena de morte. Se conseguir passar para a fase Omega, será tão importante quanto as autoridades mundiais. Mas claro, só se conseguir esse status. Às quartas, o presidente do nosso país e o presidente da S.H.I.E.L.D vão presenciar a evolução das suas habilidades.

— S.H.I.E.L.D? — repeti.

Superintendência Humana de Intervenção, Espionagem, Logística, e Dissuasão. Só mais uma coisa... temos que verificar se... esse... — desviou o olhar para minha perna mecânica, que evitara o tempo todo. — defeito na perna... — hesitou. — Ahn... não atrapalhe e nem sirva de transporte para drogas ilícitas ou algo desse grau. — os olhos de Kara quase saltaram.

— Você veio pessoalmente até aqui só para isso? — esbravejou ela. — Conferir se ela é uma drogada? — pisou tão forte no chão que o mesmo rachou. Cerrei os olhos de vergonha.

— Não me entenda errado Srta. Danvers... não quero ser grosso mas a partir desse contrato, a Srta. Kent é propriedade de Nick Fury e de Heroford College, como um imóvel qualquer. É proibido qualquer tipo de...

— Está bem. Está bem. — interrompo-o. Com as mãos trêmulas e rosto enrubecido, totalmente constrangida, curvei-me sentada na poltrona lilás e, retirei com dificuldade a prótese, entregando-o com mais dificuldade ainda. Ele pegou sem olhar em meus olhos, queria chorar mas novamente meus canais lacrimais não deixavam. O Sr. Gustin analisou com cuidado, depois me entregou.
— Pronto? Está bom para você? — ele estendeu a mão, se levantando. Se dirigiu a porta, onde a equipe médica o aguardava.

— Só mais uma coisa, Kent. Quando chegar lá... ria para as pessoas, obedeça os mandametos e forme aliados, não é uma regra, mas é o que eu faria em seu lugar... passar bem...

— Olha os biscoitinhos! — Alex entrou na sala, manejando a bandeja na mão. — Ué! Que clima é esse?

— Eu fico com isso! — o Sr. Gustin pegou 3/4 dos biscoitos e abriu a porta. Resmungou algo como: "Nos vemos amanhã no Aeroporta-aviões, filha do Clark", e foi embora.

— O que é Aeroporta-aviões?

Heroford College [EM REVISÃO] Onde histórias criam vida. Descubra agora