Capitulo 01
Sílvia.
Vou tentar resumir essa história, pois essa experiência foi complexa e durou anos. Mas para entender melhor é preciso explicar o que aconteceu muitos anos antes, quando eu era apenas uma menina.Aos dez anos, devido às constantes brigas dos meus pais, passei a ir mal na escola e brigar com as pessoas. Primeiro com meus irmãos, depois passei a dar respostas mal criadas aos adultos também.
Foi quando bati no filho da vizinha que era alguns anos mais velho que eu, que a minha mãe disse uma pérola que jamais esqueci: “Tome cuidado! Feia, burra, pobre e ainda por cima chata, vai morrer sozinha porque nenhum homem vai se interessar por você. Isso, se não te embucharem!” Aquilo me machucou muito, mas resolvi mostrar que podia até ser pobre e feia (aos dez anos eu realmente não prometia ser grande coisa, era magricela, dentuça e meus cabelos pareciam os de um poddle), mas que não era burra e que seria desejada sim, e muito!
A partir daí tudo mudou.
Já adolescente meu corpo se desenvolveu de maneira harmoniosa e todos elogiavam, especialmente, minha cintura fina, minha barriga chapada e meus seios firmes e proporcionais. No entanto nunca me senti realmente bonita e desprezava qualquer cantada baseada na minha beleza física.
Quando passei no vestibular para o curso de publicidade aos 18 anos, tinha tido apenas três namorados. Todos bem mais velhos que eu. O primeiro tinha 24 anos quando eu tinha apenas 14. Quando soube que faltavam três meses para eu completar 15 anos, desistiu logo. Tinha medo de ser acusado de pedofilia.
O segundo fez de tudo para tirar a minha virgindade, mas eu era muito dura na queda, me entregava ao máximo nas preliminares, chegava a gozar com os amassos, mas nunca, JAMAIS, deixava a coisa ir além disso. Eu literalmente usava o pobre-coitado que também acabou desistindo.
O terceiro era um canalha e me estuprou quando fiz o jogo duro que estava acostumada a fazer. Depois daquela experiência, fiquei ainda mais difícil.
No quarto período da faculdade, consegui um estágio numa agência de publicidade. Era ano de eleições e a agência fervilhava. Eu era jovem, inteligente, extrovertida e, diziam, bonita. Muitos tentaram me seduzir, sempre com a mesma história "você é tão linda, tão isso, tão aquilo", ou seja, papo manjado pra conquistar mulher vaidosa. Não tinha interesse por ninguém. Pelo contrário, chegava a ter asco de alguns. Todos os homens daquele círculo tentaram alguma coisa comigo, mas eu seguia invicta. Eles definitivamente não me interessavam.
Depois de algum tempo de rotina, a agência promoveu um coquetel no dia da publicidade. Estava deslocada e para piorar fui abordada por um homem bêbado. Tinha um hálito que misturava cigarro, bebida e dentes mal cuidados e uma pança que parecia até uma bola de pilates. O cara me cuspia enquanto falava o quanto eu era gostosa e segurava meu pulso com tanta força que estava me machucando. Olhei ao redor e ninguém parecia notar o meu desespero. Foi quando o dono da agência onde estagiava, se aproximou e, Jorge gentilmente, me afastou do homem.
Ele me levou até o lado de fora, chamou um táxi, pagou antecipadamente a corrida até a minha casa e disse:
- Sílvia o que aquele babaca fez não tem desculpa, mas da próxima vez venha vestida como profissional. Deixe para exibir sua barriga na praia!
Disse isso e voltou para a festa.No táxi eu me sentia envergonhada e injustiçada. A minha blusa só deixava ver dois dedos de barriga e mesmo assim só estava vestida daquele jeito porque tinha ido direto da universidade para a agência.
No dia seguinte Jorge mandou me chamar. Fui até a sala dele com o coração a mil, imaginando que seria despedida ou no mínimo, ouviria um sermão. No entanto, ele foi muito gentil e senti pela primeira vez a maciez das mãos dele. Fiquei surpresa ao constatar que ele tinha mãos tão delicadas. Ele era lindo alto, moreno, olhos cor de mel, sexy, simpático. Jorge salinas era tudo isso.