Colapso

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Segure minha mão,
Solidão.
Segure minha mão,
Porque é assim que vamos para casa:
De mãos dadas.

Me segura, me abraça,
Enquanto eu desmorono contra a parede do banheiro.
Não em lágrimas, mas perplexa,
Em choque e triste demais
Para sair da letargia.
O amor é uma gelatina
Que envolve e paralisa.

Eu te observo de longe,
Como uma janela borrada.
Torcendo nem sei bem para que.
Eu quero que você seja feliz -
Meu Deus, me machuca o quanto eu desejo isso.
Mas te ver assim,
Sorrindo por alguém que não sou eu;
Eu nem sei mais o que dizer.

O mundo está em pé de guerra,
Está desmoronando em mim.
Dentro de mim, preenchendo os nervos trêmulos.
Os olhos perdidos no espelho.
Sempre com um brilho feroz,
Apenas agora desnudos,
Presos em um eterno desconhecimento.

Quando eu dormi com uma estranha pela primeira vez
- a saudade -
Jurei que iria acordar apunhalada
E encontrariam meu corpo em um lençol de sangue.
Mas não,
E isso foi indiscutivelmente pior.

Eu estou desmoronando por dentro
E ninguém consegue consertar isso -
Não parece haver como.
À distância entre o meu corpo
E os meus sentimentos
Não existe,
Mas, mesmo assim, é intransponível.

Seguro meu cabelo com força,
Sabendo que o tempo é também o pior inimigo
Para quem conhece o destino.
Tiro a roupa, com a pele arrepiada,
E entro no chuveiro.
Meus hematomas internos não ardem,
Não se curam,
Apenas ruem, como se estivessem dançando.

O instante é um enjoo,
Enquanto eu observo
Os dias passarem em um único banho,
Memórias e os dias que vêm,
Sabendo que estou cercada de bem-querer.
Mas, mesmo cercada de gente,
Não há como não ser solitária -
Não enquanto a única pessoa que quero por perto
Já escapou por entre meus dedos.

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