Na língua das velhas estrelas

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Nós, poetas vivos,
Gostamos de escrever sobre coisas mortas.
Você nunca percebeu?
O amor que descrevemos,
Quando se lê o poema,
Pode já ter findado há muito tempo.
Afinal, nós artistas,
Somos nostálgicos em relação aos nossos fantasmas:
A abóbada celeste é um deles,
E as lembranças são outros.

Quando eu penso sobre essa vida,
Eu vejo tudo tão claramente -
Mas não está ali.
Toda dança,
Enjoativa, a coisa mais bela que existe,
Gruda, convida-nos.

Ela amou;
E foi sempre com nãos.
Quando disse sim,
Tudo se acabou.
Certas coisas nos mantém vivos,
Outras coisas fazem a vida acontecer.

A corda bamba:
Nós a amamos.
Somos todos
Dançarinos.

Olhe para meus resquícios nessas palavras;
Você está olhando para o céu.
Eu fui feita da poeira das estrelas.

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