1 - Batom vermelho sangue

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A jovem mexia no celular quando Jackson a encarou. Os olhos castanhos fixos naquela claridade desconhecida, enquanto sua expressão mudava a cada momento, como se algo de errado estivesse acontecendo.

Ela passou a mão pelas madeixas escuras e longas, suspirando. Usava um vestido justo preto, ressaltando perfeitamente as curvas de seu corpo sexy e um salto alto bico fino.

Não parecia interessada no movimento ao seu redor, mas o moreno sim. E ele sentiu que, assim como o próprio homem, todos ao redor eram capazes de percebê-la ali. Todos pareciam querê-la. Ele também não era exceção, pois ela chamava uma atenção inigualável.

Jackson respirou profundamente. Estava a observando somente há alguns minutos, e sua mente já estava indo as alturas, imaginando como seria conquistar sua atenção, conversar com ela, ter sua voz gemendo para ele dentro de seu apartamento hoje à noite...

Quando ele estivesse por cima dela, entrando e saindo com estocadas lentas e profundas, com a única intenção de ouvi-la implorar por mais...

Mais rápido, mais forte, mais profundo.

Na pior das hipóteses, talvez, sequer precisassem realmente ir a um outro local, afinal, os banheiros desse lugar eram excelentes, e Jackson não se importava nem um pouco em transar em um. A não ser que ela não quisesse.

Para ele, o espaço pequeno era uma ótima desculpa para manter seus corpos colados e a adrenalina de serem ou não pegos... aquilo deixava tudo ainda mais excitante.

Ainda em pé, encostada no bar da boate, ela olhou ao redor.

Parecia perdida, como se nunca tivesse visitado um lugar como este antes.

Por breves segundos, ele cogitou aquela situação como uma chance perfeita para se aproximar, fazendo seu velho discurso sobre estar cansado e ser rumo, um típico homem solitário que desejava uma boa conversa com uma garota diferente. E ela era a garota.

Contudo, algo em seu interior lhe disse que a tática clichê não iria funcionar. Não com ela, pelo menos. E ele sorriu para si mesmo.

— Você é tão óbvio — ele escutou alguém falar ao seu lado esquerdo.

Ainda sorrindo, virou-se, reconhecendo a voz do amigo, Bambam.

— O quê? Olhá-la por acaso vai arrancar pedaço? — indagou, bebericando um grande gole do whisky que pediu ao chegar, minutos antes de se deparar com a garota e não conseguir mais se concentrar em outra coisa.

Bambam sentou-se ao seu lado, com um sorrisinho insinuativo.

— Não fode, cara. Até parece que está apenas olhando.

Talvez por serem amigos há muito tempo, o mais novo o conhecesse tão bem. O suficiente para saber exatamente o que se passava dentro da mente do grande dono da Turbulence.

— É, tem razão. Não estou só olhando — outro grande gole no álcool.

A música estava alta demais, e por mais que gostasse de movimento, Jackson sempre foi um pouco sensível aos sons estridentes. E sabia que amanhã, uma das grandes consequências de insistir em permanecer na boate por tempo demais, além da ressaca, ele também acordaria com os ouvidos inquietos.

O homem manteve os olhos na garota.

— Aposto que está esperando alguém — Bambam provocou, como se acabasse de ler os pensamentos do colega.

Ela depositou o copo na bancada, murmurando algo para Noan, o barman recém contratado. Ele encheu seu copo com um líquido desconhecido e a morena bebeu tudo de uma vez. Os olhos presos no aparelho por mais alguns segundos, antes de guardá-lo na bolsa, com certa tristeza.

— Na verdade, aposto que levou bolo de alguém — corrigiu Jackson.

Não sabia definir aquilo como algo bom ou ruim.

Quem seria idiota de dar um toco em uma garota como ela?

Poderia ser alguém importante? Um possível namorado?

Jackson sentiu um certo desconforto ao pensar nisso.

— Sabe, ela não parece muito o seu tipo — Bam analisou a jovem também. — Não quer dizer que não seja gostosa. Ela é.

De fato, ele não estava errado no comentário. A menina que prendeu estranhamente a atenção podia se comparar com as outras que ele já transou ou chegou a ter um leve interesse.

Garotas superficiais, mas repletas de atitudes. Interesseiras, desejando sugar tudo que ele tivesse a qualquer custo, permitindo-o então fazê-las de brinquedo a qualquer momento.

É, ela definitivamente não era seu tipo.

Havia algo diferente naquela menina. Algo que chamava a atenção de Jackson, e definitivamente não era pelo fato de não ser coreana. Mas ainda era tão atraente.

O rosto angelical e definido, os olhos intensos num marrom tão único e a boca carnuda, coberta por um batom vermelho sangue... ele queria tanto beijá-la de uma vez e finalmente ver a cor natural de seus lábios.

Por que se sentia tão atraído? Ele não era um cachorro no cio.

— Tem razão, ela não é o meu tipo. 

— Então por que não tira os olhos dela? — Bambam ergueu uma sobrancelha, curioso.

— Boa pergunta. Eu não sei, mas eu a quero.

De súbito, o homem se levantou da área vip que estava, deixando o amigo sozinho e caminhando em direção ao bar. Precisava se aproximar. Queria conhecê-la. Saber se suas expectativas sobre ela estavam corretas, ou se eram apenas delírios de sua cabeça inútil.

Jackson a queria. E ele iria consegui-la.

Turbulence ❄ Jackson WangOnde histórias criam vida. Descubra agora