C A P Í T U L O 7

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— Agora você vai ver. — Que barulho é esse? — Toma seu desgraçado.

Acordo assustado com esse barulho que vem... de onde mesmo? Da varanda?

— Miserável.

Ellen. Levanto a toda velocidade seguindo o barulho que vem lá de fora. Da minha academia, na verdade. Angustiado com o que pode estar acontecendo eu me enrosco no lençol quando fico de pé e meu dedão vai diretamente na quina da cama.

— Porra. — Me vejo grunhindo. Mas é outro barulho que me causa mais dor.

— Ai porra, minha perna. — Ela se machucou?

Alguém entrou aqui e está machucando Ellen? Se for isso, eu vou matar o desgraçado. Eu juro que eu mato. E nunca me perdoarei por estar dormindo enquanto ela luta com um bandido.

— Ellen? Baby, você está bem?

Baby? Nick qual o seu problema?

Ela não responde. Ouço um barulho como de alguma coisa caindo no chão e corro mais rápido mesmo mancando um pouco até chegar à academia, temendo ser seu corpo que tenha sido derrubado.

— Ellen? Você está aqui? — vejo a situação e paro tentando assimilar as imagens — Mas o quê...

Minhas palavras não se completam. Ellen está em um dos seus shorts que compramos ontem e com um top. O barulho deve ter vindo do meu saco de pancadas que agora está caído no chão. Ela estava treinando?

— Ellen o que você está fazendo?

— Nicholas, — ela parece envergonhada — me desculpa por isso. — ela aponta para o saco no chão.

— O que você estava fazendo? — pergunto só para confirmar.

— Estava treinando. Eu normalmente acordo cedo aos domingos para fazer isso. É um hábito eu acho. Dei um chute muito alto no saco e machuquei um pouco o pé quando o saco se desprendeu da barra.

— Eu não quero que você treine sozinha. Você pode se machucar como agora. Porque não me chamou?

— Acredite em mim, eu não iria me machucar com isso. A culpa foi da barra que não estava prendendo o saco direito.

— Ellen, eu não quero que você se machuque mexendo em coisas que você não entende. Deixe o saco de pancadas para os grandões. Porque não começa com algo leve? Você não é nenhuma atleta.

Ela cai na gargalhada e eu fico com cara de pateta sem entender.

— Qual é a graça? Você é atleta por acaso? — pergunto sem entender o motivo da graça, mas quase rindo também.

— Não sou atleta, mas eu sou faixa azul em Taekwondo. — ela diz com puro orgulho — É só uma faixa antes da faixa preta, Nicholas. Eu treino isso desde os treze anos.

Acho que o meu queixo foi ao chão e voltou. Treze anos? Porque uma garota que não é atleta iria querer aprender uma luta? Só existe um motivo pra uma mulher que não é nem esportista, nem da força policial, querer aprender autodefesa. Abuso.

Será se a Ellen foi abusada?

Descarto esse pensamento quase que imediatamente porque se eu descobrisse que se trata disso e chegasse a colocar minhas mãos no bastardo filho da puta, ele iria desejar nunca ter nascido e também porque me doeria profundamente saber que ela passou por algo assim. Atrevo-me a perguntar?

— Sei o que você está pensando. — ela me chama dos meus pensamentos tomando um longo gole de água na garrafinha que está ali perto. — Mas não se preocupe, não é isso.

Reviver (SR #1)Onde histórias criam vida. Descubra agora