Reviver (SR #1)

C A P Í T U L O 12

Chegamos à minha clínica um pouco antes da duas da tarde. No caminho do Sunrise até aqui, Ellen não para de falar nem um minuto sobre seu novo trabalho e em como está empolgada. Ela também distribui beijos pelo meu rosto e boca a todo tempo como sinal de agradecimento, gesto esse que me deixa duro. É claro. Uma única linha de tristeza cruza seus olhos quando ela me fala sobre seu bom amigo Tyler. Segundo ela, o blog do tal Will está fora do ar e ela não conseguiu encontrá-lo, o que para ela significa que ela perdeu seu companheiro. Para mim, só significa que eu terei um pouco mais de trabalho para cumprir minha promessa de trazê-lo de volta para ela. A distância ou o não conhecimento da localização do tal sujeito não serão um empecilho no meu caminho. Eu sei a quem recorrer para pedir ajuda em encontrar alguém.

Quando colocamos os pés fora do carro na frente da clínica, o queixo de Ellen quase bate no chão de concreto do estacionamento, totalmente embasbacada com a visão á sua frente. É uma bela fachada e a parte de dentro não fica atrás. Mas nada se compara a qualidade, modéstia à parte. Uma clínica como a minha está em sites de recomendação o tempo todo. Pessoas nos procuram pelo status de sermos uma das melhores. Já ganhei vários prêmios desde que a montei e pretendo continuar assim. Tudo que eu quero é poder mostrar o meu valor ao mundo e ao meu pai.

Minha agenda está lotada. Os pacientes que faltaram há várias sessões resolveram remarcar todos de uma só vez eu acho. Além dos habituais recorrentes, também há duas avaliações de coluna. Dessa forma, minha tarde passa voando, mas com um pequeno incômodo na parte de trás do meu pescoço e eu o giro de um lado para o outro a fim de aliviar um pouco. De vez em quando, eu peço para a minha assistente Lindsay dar uma olhada em Ellen e ela me diz que a minha garota está se dando muito bem com seus novos amiguinhos. Acho que Ellen gosta muito de crianças porque me lembro de ela ter se dado muito bem também na ONG.

Nos intervalos entre os pacientes, eu faço uma busca rápida no meu computador procurando nos classificados dos jornais por um apartamento que seja de um bom tamanho e perto da minha casa, para Ellen ficar. Ela não tocou no assunto, mas eu sei que mais cedo ou mais tarde ela vai fazer isso. Assim, depois de algumas olhadas, eu encontro o lugar perfeito. Também é em Miami Beach só que quase quatro quilômetros da minha casa. Não tão longe que eu não possa passar lá sempre que ela me quiser por perto, mas também não tão perto para que ela possa ter um pouco de privacidade quando precisar. Ligo para o número da proprietária que está no anúncio e marco uma visita para ás oito, logo depois de sair daqui.

Já perto da hora de ir embora, uma batida na porta chama a minha atenção. Não tenho mais nenhum paciente. Deve ser a Ellen. Mas não é. Quando digo á pessoa que entre, Robert se materializa na minha frente com uma carranca. Ui, lá vem bomba. Espero mesmo por uma bronca por ontem à noite, mas ele apenas me parabeniza pelo meu comportamento, entendendo perfeitamente que se agi daquela forma foi porque aquele porco mereceu.

— Então você entrou aqui sério só pra tirar uma comigo?

— Eu fico sim feliz pelo que aconteceu ontem, amigo. Quer dizer que você realmente voltou a sentir. Voltou a se importar e isso me deixa muito feliz mesmo por você. Eu achei que não veria novamente esse brilho em você. É claro que quando você admitiu que está apaixonado eu acreditei, mas o que você fez ontem com certeza reforçou o que você disse sobre ela.

— Espera aí, — me ponho de pé — você ainda teve dúvidas depois do que eu te falei no dia em que a gente transou, mas confiou ontem por causa da surra que eu dei naquele imundo?

— Exato. Eu sei que você está apaixonado pela Ellen, mas eu queria ter certeza que o que você sente é forte o suficiente para te fazer perder a cabeça. E eu já vi que é. Nunca te vi possessivo por nenhuma mulher que você comeu. Bom, não desde... — ele para vendo que não é necessário terminar seu pensamento.