Capitulo 1 - Carolina

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4 anos depois

Estou no meu carro a caminho do trabalho. O transito em Lisboa a esta hora é uma loucura, geralmente não costumo apanhar tanto transito porque prefiro ir depois da hora de ponta mas hoje tinha uma reunião com uns representantes de uma empresa colombiana, então vim mais cedo.

Com ajuda dos meus pais eu criei a minha própria empresa de organização de Eventos. A CV Events é das melhores empresas a nível de organização de eventos, custou estar entre as melhores mas com esforço e dedicação consegui colocar a empresa entre as 10 melhores.

Trinta minutos depois consegui chegar a minha empresa. Disse bom dia a minha secretaria e entrei no meu escritório.

Depois de me sentar na cadeira, alguém bateu a porta.

-entre. - disse.

- Carolina, os representantes latinos acabaram de chegar. - informou-me Clara.

- cinco minutos e eu já vou. Vai-lhes servindo agua e café.

-sim, senhora. - assim que ela fechou a porta pude respirar um bocadinho.

Não estava nada preparada para esta reunião. Rever alguém do meu passado era terrível, principalmente quando tens um segredo que escondes de um dos representantes.
Como sei quem são os representantes?! Quando ligaram para cá para marcarem uma reunião comigo, informaram-me o nome dos dois representantes, e assim que me disseram o nome de um deles o meu coração começou a bater muito rápido.

Levantei-me e sai do escritório dirigindo-me à sala de reuniões. Eu estava tão nervosa, que ainda podia dar-me qualquer coisa.  Quando cheguei a porta da mesma, suspirei e contei mentalmente até 10.

"Calma, Carolina. Finge que não o conheces" Pensei antes de abrir a porta da sala de reuniões.

a primeira coisa que reparei foi em dois homens de fato e gravata, fechei a porta ignorando o olhar deles sobre mim e fui-me sentar na minha cadeira.

- bom dia. - disse em espanhol olhando para os papeis que trazia comigo e senti um olhar sobre mim. 

- bom dia. - disseram os dois homens. 

- eu sou a Carolina Villas-Boas e sou a presidente da empresa. - falei e olhei para a minha esquerda e depois para a minha direita.

Aquele olhar que eu tanto admirava ainda estava ali a olhar incrédulo para mim. Ele continuava na mesma, talvez um pouco mais musculoso e também tinha novas tatuagens, ao menos a tatuagem que tinha na mão era nova. O que  será que significava aquela pomba desenhada na mão esquerda dele?

- desculpe, Carolina mas será que já não nos conhecemos? - ele perguntou-me a sorrir.

- creio que não, senhor Gonzalez, nunca fui à Colômbia. - respondi errando de propósito no seu apelido. - vamos iniciar a reunião?

- a senhorita enganou-se no meu nome. - disse Luís a sorrir para mim. -  Eu chamo-me Luís Arias e o meu colega é que é o Lorenzo Gonzalez.

- desculpem senhores. - dei um sorriso cínico e prossegui. - agora que já estamos apresentados podemos iniciar a reunião?

- Claro.- disse Lorenzo - mas podemos falar em português, já que ambos os três falamos.

- esta bem. vocês precisam dos serviços da minha empresa para que tipo... sim? - eu estava a iniciar a reunião fazendo a típica pergunta quando alguém bateu a porta. - pode entrar. - disse.

- Carolina, ligaram da creche e disseram que a Barbara está com febre. - disse a minha secretaria assim que entrou. 

- pediram para ir busca-la? - perguntei.

- sim.- respondeu Clara. 

- podes ir busca-la e traze-la para mim, se faz favor? - perguntei a minha secretaria. - ah e já agora traz-me também o Enzo.

- sim, senhora. - pediu licença e saiu.

- desculpe, senhores mais uma vez. - pedi e continuei donde tinha ficado.

(...)

- agora que acordamos todos os detalhes, a minha equipa vai começar a preparar as coisas e dois dias antes da inauguração tudo vai estar pronto. - disse assim que a reunião terminou.

- obrigada, Carolina. - disse Lorenzo.

Levantei-me da cadeira e preparei-me para me despedir deles, esticando a minha mão quando aquela voz apanhou-me desprevenida.

- Não sabia que tinhas filhos. - disse Luís. - que idade é que eles tem?

- como é que o Luís poderia saber se não me conhece?! - perguntei. - Eles são gémeos e fazem 4 anos daqui a um mês.

-mamã, a Babi ta dolente.  -disse Enzo enquanto entrava na sala.

Enquanto eu olhava para o meu filho, eu sabia que ele era o mais parecido com o pai dele. E o Luís olhava para ele como se o reconhecesse.

-decupa, mamã. - disse Enzo tirando-me dos meus pensamentos.

-não faz mal, Enzo. - disse pegando-lhe ao colo e ele deu-me um beijinho. - A mãe já vai ter com a mana, esta bem?! Agora vai la ter com a Clara. - disse-lhe pondo-lhe no chão, e ele saiu da sala.

- Carolina, só vou perguntar isto uma vez. - disse Luís olhando para mim furioso. - os gémeos... são meus filhos?!

O segredo que eu tanto guardava dele e da família dele acabara de ser descoberto.

- e se forem?! - perguntei. - não tens nada a ver com isso.

- como não tenho?! O miúdo é a minha cara.

- acho que eu estou a mais. - disse Lorenzo e saiu da sala.

EL PERDEDOROnde histórias criam vida. Descubra agora