Primeira aula de direção

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Quando eu fiz 18 anos meu maior desejo era ser livre e sair por São Paulo à fora e conhecer vários lugares. Com o tempo pedi ao meu pai para dirigir, e ele simplesmente disse não. Eu, obviamente, fui teimosa, paguei as aulas de direção e tanto as teorias quanto as práticas foram cada vez mais surpreendentes e desafiadoras. Lembro até hoje de receber dicas de como dirigir na chuva, qual carro tinha a preferência da vez, pra quê servia cada pedal, dicas sobre segurança para o motorista e pedestre, mecânica básica e como eu saberia até me guiar pelas placas. Nossa, quanta coisa para um passeio!
O primeiro desafio foi a aula prática. Humm... E agora, José? Como colocar em prática o que eu já sabia na teoria? Confesso que não foi fácil, o carro morreu várias vezes e de forma engraçada eu até achei que bateria o carro.
Com o tempo, a tremedeira ao volante passou, olhar para o retrovisor já não causava mais pânico, cada pisada - seja ela no freio ou no acelerador - ficava levemente automática e até as piores balizas ficaram mais fáceis.
Ufa, consegui minha CNH! Fui de novo até o meu pai pedir para dirigir, e advinha só? Outro não.
E no meio de tantas dúvidas e incertezas a única coisa que parecia certa era insistir um pouco mais. E de novo recebi um não.
Passaram os dias e eu perguntei mais uma vez, e ele disse sim! Sim, assim de repente. Minha empolgação foi imediata e mal conseguia controlar meus pensamentos. Porém ele me orientou que seria do jeito dele.
Em uma terça-feira durante a madrugada ele me levou de carro até a Rodovia Bandeirantes e simplesmente me disse que se eu queria dirigir que dirigisse. No meio de tantos carros a 100 km/h, caminhões e motos que pareciam sugir das cinzas do inferno. Meu Deus, que pânico!! E eu que não passava de 40 km/h.
Que medo, que terror e pânico! Entretanto vejo que ele sabia muito bem com quem estava lidando, o fato de me jogar aos lobos me encheu de ousadia para matá-los, e um a um eles se foram.
Sentei no banco no motorista, respirei fundo, arrumei meu retrovisor e todos os outros espelhos, coloquei o cinto de segurança e simplesmente coloquei a 1° macha.
Eu só conseguia enchegar em preto com pontos vermelhos e brancos, suei frio de medo e não arredei o pé até provar que era capaz de ter o que tanto queria.

Fui quase que indescritível.

A sensação de chegar em casa dirigindo foi uma mistura de alívio, guarnição divina e ousadia. Sentei no sofá e mal conseguia falar de tamanha empolgação. Meu corpo chegou a amolecer e pedir descanso, só que quanto mais eu me lembrava do que tinha acontecido, mais eu pedia para ir de novo. Simplesmente para sentir essa liberdade de conquista.

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