AntZ | FormiguinhaZ

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****Contém Spoilers****


Pensamento individual e coletivo numa bolha social

AntZ, em português, FormiguinhaZ é uma das minhas animações favoritas, dirigida por Eric Darnell e Tim Johnson, certamente o primeiro longa da Dreamworks Animation, já com uma abordagem filosófica e pensativa mesmo com categoria infantil.

"Para começo de conversa tenho que dizer. Acredito que o cotidiano ensina, assim como um Pai que ensina ao seu filho não só com suas palavras, mas com atitudes. Acredito que uma música, um gesto, assistir um filme, um olhar, uma atenção, um sorriso, ver uma exposição ou até mesmo sentar em um restaurante e falar sobre o quê quer que seja... Nos ensina e nos faz pensar e crescer. Você só precisa estar aberto e saber ouvir."

Assim dito, o filme começa com a angustiante fale de Z para o seu psicológico:

Formiga Z - A minha vida inteira eu morei e trabalhei em uma cidade grande e, pensando bem, isso é um problema... Eu nunca me senti confortável no meio de multidões. É sério, eu fico angustiado em lugares fechados. Eu me sinto asfixiado. Eu sempre fico me dizendo que deve haver alguma coisa melhor lá fora. Talvez eu pense demais... Eu acho que tudo se deve ao fato de eu ter sido uma criança muito ansiosa. Sabe, minha mãe não tinha tempo para mim. Quando se é o filho do meio, numa família de 5 milhões, não se recebe muita atenção, é impossível, não é? E, eu sempre tive complexo de abandono. O meu pai era basicamente um zangão, como eu já disse, e ele saiu voando quando eu era só uma larva. E, o meu trabalho, ah, eu não quero nem começar a falar. Eu fico doente só de pensar. Eu não fui feito para ser um operário. Isso eu tenho absoluta certeza. Eu me sinto fisicamente inadequado. Minha vida inteira eu nunca, nunca fui capaz de levantar mais de dez vezes o meu próprio peso. E, pensando bem, carregar entulho... Não é bem a minha idéia de uma carreira promissora... E esse negócio de super-organismo eficiente, eu não consigo engolir, eu tentei, mas eu não consigo. Será que eu tenho que fazer tudo pela colônia? E os meus desejos? E eu? Quer dizer, eu tenho que acreditar que existe um lugar melhor fora daqui. Senão é melhor eu me encolher em posição larval e chorar... Todo esse sistema me faz sentir... Insignificante!

Formiga Terapêuta - Excelente! Conseguiu expressar suas emoções.

Formiga Z - É mesmo?

Formiga Terapeuta - É Z, você é insignificante...

Formiga Z - Ah! Sou é...


Formigas são geneticamente programadas para serem como são. Suas noções de sobrevivência, força e agilidade para vida são pré programados e executados naturalmente com formas singelas e perspicaz. Sabendo disso o filme se inicia com vários argumentos questionadores ao sistema da colónia, sejam eles ditos por Z ou implícitos por cartazes ou falas de outras formigas.

Certa noitada de dança Z tem um encontro surpresa com Bala, a princesa da colónia, e fica apaixonado por ela. Para rever a sua amada Z troca de lugar com o seu amigo Weaver, um soldado das tropas reais, e nesse momento a vida de Z toma um rumo totalmente diferente.

 Para rever a sua amada Z troca de lugar com o seu amigo Weaver, um soldado das tropas reais, e nesse momento a vida de Z toma um rumo totalmente diferente

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Que bando de imprestáveis! Zumbis sem cérebro capitulando perante a opressão do sistema.
Fala do Z ao ver as formigas dancarem

Depois ele dança, claro que não como as outras formigas, mas do jeito dele

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Depois ele dança, claro que não como as outras formigas, mas do jeito dele.

Z levanta problemas que as outras formigas acham desnecessário, ele mostra claramente essa semelhança com a Filosofia, ele reflete sobre a sua vida e sente-se incomodado, questiona a razão de fazer tudo o que faz, "Porque não posso fazer algo diferente?", Z pensa por si próprio, é autónomo ao contrário das outras formigas, para elas trabalhar já é algo normal, algo que faz parte delas, elas não se incomodam, principalmente porque acreditam que aquilo que fazem é o ideal, nem se esforçam em saber porque o fazem, simplesmente fazem.

Após a guerra onde Z foi por acaso, ele foi o único sobrevivente à batalha, uma formiga sem perfil de soldado, que pensa por si próprio. Z torna-se então uma ameaça para o planos do General Mandible. Diria melhor que ele virou um símbolo para a colónia. Já o General Mandible é a característica do poder, da autoridade, da arrogância e do egocentrismo, tendo um perfil em que pensa apenas em si próprio sem se importar com os outros, usando-os para atingir os seus fins.

Também vemos uma princesa questionando e se recusando a seguir as regras impostas pelo sistema da colónia onde ela é obrigada casar com o General Mandible para o bem da colónia, e porque ele insistiu tanto, e foi tão cortês com ela. Onde já se viu recusar tal convite!?

Cenas seguintes mostram Z raptando a princesa Bala, e juntos procuram o "Insectopia", um lugar melhor que Z tanto anseia encontrar, um sítio diferente onde não existem exigências, onde possa ser livre, onde possa escolher e fazer o que mais ambiciona. E aqui se inicia a aventura dos dois.

Comparando o filme a Alegoria da Caverna, quando um dos prisioneiros se solta, chegando à superfície, vendo o mundo real, deixando de acreditar nas sombras vistas na caverna. Este vai ao encontro dos seus antigos companheiros e tenta alertá-los de que existe algo melhor, a famosa "Insectopia", onde aquelas simples sombras existem, mas não acreditam em nele e acabam blasfemando suas palavras.

Durante a partida de Z e Bala, gerou um boato na colónia de que um operário ousou virar soldado e foi o único sobrevivente da batalha e agora estava foragido com a princesa Bala. Aqui vemos a influência do pensamento coletivo e das reflexões que antes as formigas não tinham e acabavam tendo, como por exemplo, por que tenho que ser operário? E por que não posso ser soldado? E com isso o desenvolvimento do pensamento e da intuição do que é certo e errado, nasce.

Após um longo e complicado percurso Z e Bala encontram a tal esperada "Insectopia", um simples acumulado de lixo, algo tão vulgar que para eles se torna no melhor lugar alguma vez visto.

Assim como eles, o filósofo vê algo grandioso nas coisas mais simples e vulgares, e aprecia e analisa como se fosse a primeira vez que as visse.

Por mais horrível que seja, Coronel Cutter leva Bala de volta à colónia, por ordem do General Mandible, Z ao saber da notícia volta à colónia para salvar Bala. No entanto, ambos descobrem o plano de Mandible e comunicam-no à rainha para tentarem salvar as formigas, digo, a colónia.

O ponto culminate é quando Z termina o filme com a seguinte citação:

"Acho que encontrei o meu lugar, e sabem que mais é exatamente o mesmo que era no começo, mas a diferença é que desta vez fui eu que escolhi!"
😍😍😍👏👏👏😜😜😜🙄🙄🙄
Bazinga!!

Z viveu sua aventura, salvou os elementos fracos (seus amigos, a colónia), encontrou um novo amor na princesa Bala e acima de tudo isso pensou por si, foi autónomo e assim encontrou o seu lugar, pode não ter mudado muito ou até mesmo nada, mas pelo menos foi ele quem o escolheu.

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