Hora da dança

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Não há nada no mundo que Alice não quisesse aprender, mas também não havia muito que ela soubesse. Optava por aprender a tocar vários instrumentos e falar inúmeras línguas, queria saber dançar e lutar, mas sempre que começava a aula de algo, desistia após pouco tempo. Exceto seu amado e querido balé. Desde que tinha 5 anos quis aprender a dançar "como as fadas que iam aos palcos".
Sua mãe, sempre prestativa, a colocou nas aulas e a acompanhou em cada passo: nas aulas em si, na compra de seus tutus, espelhos e barras, ajudando com os passos em músicas clássicas repetidas milhares de vezes até a exaustão.
Aos 12 anos, Alice já havia se apresentado em 16 shows com perfeição e conseguiu uma vaga na escola de artes de sua cidade, mas algo estava errado.
Alice não era mais feliz ao praticar seu balé e ter apresentações com públicos agitados e felizes por sua dança. O som dos aplausos já não lhe faziam sorrir, lhe faziam chorar.
Ela se sentiu assim até os 15 anos quando sua mãe decidiu que a mandaria para aprimorar sua dança em uma cidade pequena, porém altamente prestigiada nesse quesito, ao sul da França.
Lá chegando, ela decidiu que iria dar tudo de si para ser a melhor da escola e orgulhar seus familiares.
O curso tinha duração de 6 meses. Nos 3 primeiros meses, ficava sozinha em seu dormitório e na realidade em tudo. Passava a maior parte do tempo praticando e o resto do tempo em seu quarto sozinha ouvindo as músicas de suas próximas apresentações.
Com a aproximação do fim do trimestre uma apresentação que representaria a continuação do programa ou o retorno para casa, dependendo o desempenho geral, Alice não conseguia mais comer, beber, dormir e apenas respirava, por não ter outra escolha. Passava dia e noite treinando sem parar, queria continuar ali e não decepcionar ninguém.
A apenas uma semana do show, em um sábado por volta das 3 da manhã, havia passado dias sem dormir e estava muito cansada, mas não poderia parar de dançar, então foi até uma cafeteria 24 horas próxima a seu dormitório.
Pediu um expresso com leite, pois apesar de odiar o gosto de cafeína, sabia que precisava tomá-lo ou cairia de exaustão no meio de sua apresentação.

A BailarinaOnde histórias criam vida. Descubra agora