Pré show

31 6 3
                                    

Alguns dias se passaram e a rotina se estabilizou: Alice acorda só, treina, Sarah chega, dormem juntas e Sarah vai embora.
Uma com medo de a outra ir embora nada disseram, apesar de ser algo que incomodava Alice e deixava Sarah apreensiva.
A noite de véspera da apresentação de Alice, o assunto não poderia mais ser ignorado e a pergunta deveria ser feita:
- Ahn... Sarah? - Roçando a ponta dos dedos nos cabelos loiros da menina, Alice disfarçou a ansiedade olhando para o teto de seu quarto.
- Sim, Ally? - De olhos fechados, quase adormecendo, aproveitando o carinho, Sarah responde baixo.
- Você sabe que amanhã é minha apresentação, certo? - Perguntava com um tom doce e fingia que não tinha outras intenções se não saber se isso fazia parte do conhecimento da garota.
- Sim! Claro que sei. - Arregalando repentinamente os olhos e mirando Alice, aguarda que ela continue a falar.
- Você... ahn... vai? Quer dizer, não é obrigada a nada, eu só queria saber se, eu sei lá, se eu devo guardar seu lugar na platéia, sabe?
Sarah sorri e estica seu braço, passando os dedos pela bochecha rosada de vergonha de Alice. Faz o contorno pelo seu queixo e a puxa para perto, aproxima seu rosto do dela e lhe dá um beijo.
- Claro que sim! Estarei lá. 20:00 começa, certo?
Sem ar, Alice assente e fecha os olhos.
Cerca de mais ou menos uma hora, Sarah se espreguiça, boceja e se desvencilha da menina. De pé, troca o vestido que estava usando por um jeans que parecia bastante antigo, uma camiseta preta de alguma banda de rock de muitos anos atrás e um par de tênis All Star sujo e rasgado.
- Onde você vai? - perguntou Alice, apoiada em seu cotovelo na cama.
- Resolver umas coisas. - Sarah deu um beijo na testa de Alice e virou-se para porta, caminhando pra saída. - Te vejo lá. Não fique nervosa, você vai arrasar! - E saiu do apartamento.
Alice se jogou novamente na cama e observou o teto por alguns minutos. Pegou seu celular e o destravou exibindo as horas: 14:30. Decidiu então se levantar e comer algo. Na cozinha encontrou bolachas e fez um chá de camomila, pegou seu livro, sentou-se na sacada e passou horas ali, perdida em seu próprio mundo.

A BailarinaOnde histórias criam vida. Descubra agora