Um pouco sobre Sarah

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Um choro vindo de algum canto do quarto invadia o espaço. Logo em seguida mais um. Um grito. "Já basta! Não aguento mais vocês chorando! O que querem?!".
Christine atravessou o quarto a passos largo, com o rosto inchado e vermelho de tanto choro. Sentia raiva. Queria sumir dali e o faria, mas precisava dar um jeito em suas filhas. Não as abandonaria à própria sorte desta forma, não era culpa delas.
Pegou na mão da, então jovem, Sarah e colocou sua irmã no bebê conforto e saiu da casa.
A passos largos a mulher, sua filha criança e seu bebê rumavam rua abaixo. Não pareciam ter rumo, mas Christine sabia onde estava indo. Em pouco menos de 3 quilômetros chegou à porta de um orfanato local. Postou Sarah nas escadas de entrada, sua irmã ao seu lado e disse que esperasse ali por uma pessoa que cuidaria delas. Lhe deu um beijo na cabeça e desculpou-se, depois virou-se para trás e partiu quase correndo rua abaixo.
Sem saber o que fazer em seguida, Sarah sentou-se no degrau e apoiou a cabeça nas mãos e os braços no joelho. Ali ficou por algumas horas, até que a escuridão começou a tomar o lugar do sol e a bebê começava a chorar de fome, isso gerou um desespero em Sarah, vez que não havia mamadeiras ou fraudas a seu alcance.
Parecia que o som chamara a atenção de mais alguém, pois uma luz se acendeu no prédio onde Sarah ficará o dia todo.
- O que faz aqui, criança? - Uma senhora de cabelos negros, roupas compridas e expressão séria aproximava-se de Sarah, que, em um ato defensivo, curvou-se sobre Caroline, sua irmã e acariciou sua cabeça, afim de fazê-la parar de chorar.
A mulher se aproximou e apesar da idade avançada, sentou-se no degrau de pedra gelado, ao lado do bebê e lhes sorriu.
- Não se preocupe. Vou cuidar de vocês. Meu nome é Martha e sou a dona do orfanato. Qual o nome de vocês, menina bonita?
- Sarah... e essa é a Caroline. Ela tá com fome...
- E parece com frio também, como você. O que acha de me ajudar a alimentar ela e comer um pouco, você mesma? - Sarah lhe lançou um sorriso tímido e assentiu, esticando seu braço para alcançar a mão da senhora. Juntas, rumaram com Caroline em seus braços para dentro do prédio.

A BailarinaOnde histórias criam vida. Descubra agora