Capítulo 1

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Quarenta anos atrás - 1977

-Pai! Clamou numa voz estrangulada com lágrimas descendo copiosas pelo seu rosto perfeitamente maquiado. A garota estava desesperada por informações que não conseguia do implacável homem a sua frente.

-Mandei aquele gigolozinho embora da minha casa. Falou áspero, as mãos cruzadas nas costas em uma postura rígida e autoritária.

-Não pode fazer isso! Gritou furiosa. -Nós nos amamos!

-Ele ama o luxo que pode ter se ficar com você! Rebateu implacável.

-Não é verdade. Ela negava com veemência. Não queria ouvir calúnias a respeito daquele que considerava o ser mais perfeito e digno de seu jovem coração, tinha a alma apaixonada e não via defeitos no dono de seu amor puro e sincero. -Você não deveria tê-lo mandado embora.

-Essa é minha casa! Apontava rude. -Aqui se segue as minhas leis.

-Você é um tirano sem coração! Acusou raivosa. -Não sabe como se ama alguém de verdade.

-Você é uma criança! E não entende nada da vida. Rebateu melancólico.

-Se ele for embora eu irei com ele. Ameaçou secando seus lindos olhos banhados em lágrimas.

-Você não seria capaz. Comprimiu os olhos em sinal de descrença. -Não aguentaria uma semana sem os luxos que possui.

-Veremos!

-Emilie, se você sair por essa porta, não a considerarei mais como sendo minha filha. Declarou o homem num tom de voz cruelmente autoritário, seus olhos eram duas pedras de gelo. Esperava que com essa declaração àquela garota mimada deixasse de fazer pirraça e veria o quanto ele estava certo naquela decisão.

-Então comece a esquecer de que existo! Gritou raivosa, sua ira equiparava-se a de seu interlocutor e não pensava em recuar. -Já tomei minha decisão. Ao sair daquela casa teria todos os laços cortados, mas estava disposta a não desistir do que acreditava, por isso foi embora sem olhar para trás, pois se o tivesse feito teria reconsiderado ao ver aquele homem tão forte e destemido simplesmente desmoronar em sua imensa poltrona com lágrimas nos olhos.

Tinha sonhos, era jovem e estava apaixonada. Acreditando que seu amor era correspondido iludiu-se com lindas palavras e promessas vazias que logo se provaram ser uma grande mentira, mas era muito orgulhosa para pensar em reconsiderar suas atitudes e preferiu enfrentar sozinha, seu triste destino.

Dois corações e gênios muito parecidos, pai e filha afastaram-se cada um para um lado diferente esperando que o outro se arrependesse e deixasse o próprio orgulho de lado e viesse em busca do perdão. Mas, o tempo passou e nada acontecia para que a situação mudasse. Ao seu velho pai coube à aceitação de assistir a distância, a derrocada sentimental de sua teimosa filha que como ele não queria dar-se por vencida e pedir ajuda e reconhecer o próprio erro.

Dias atuais

-Sol, querida eu tenho uma faxina para você essa semana. Dona Catarina vizinha há vários anos gritou de sua janela. -Você tem algum tempo livre para atender a pessoa essa semana?

-Pode ser dona Catarina. Respondeu Sol saindo do seu conjugado de quarto e sala para ir até a porta da vizinha. -Onde que é?

-No centro da cidade. Explicou sorrindo carinhosamente. -A amiga da minha patroa perguntou se conheço alguém de confiança, daí te indiquei.

-Ótimo depois me passa o endereço, pois estou realmente precisando. Solange vivia naquele pequeno cortiço desde os dezesseis anos quando ficou órfã e completamente sozinha no mundo.

Grávida por engano(DEGUSTAÇÃO)Disponível na AmazonOnde histórias criam vida. Descubra agora