1 - Camila Santos

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Camila Santos:

Filha de pais emigrantes portugueses, vivi toda a minha vida em Inglaterra, Londres, o que me permitiu aprender duas línguas ao mesmo tempo durante o meu crescimento.

Quando terminei o secundário recebi uma bolsa de estudos para uma faculdade que tem uma formação de arquitetura em Portugal. Desde que descobri esta área, apaixonei-me por toda a complexidade que a envolvia! Acho que isso se deve ao facto de sempre me ter interessado pelo mais difícil de alcançar. Muitas vezes penso que até a minha sexualidade está relacionada com essa faceta.

Assumi-me lésbica aos meus pais e amigos quando tinha 15 anos... Na altura foi um choque para mim. Todos se afastaram e quase fui expulsa de casa. Fui obrigada a coabitar com os meus próprios pais. Não falaram comigo durante um longo período de tempo. Apenas vivíamos na mesma casa...

Perdi toda a gente que me era próxima na altura. Toda a gente menos o Valentim, um amigo de infância que esteve comigo e defendeu a minha situação sem hesitar uma única vez.

Ao fim de 3 meses, o pai do Valentim quis iniciar um novo negócio em Portugal, por isso, até o meu melhor amigo conseguiram tirar da minha vida...

Foram tempos tão complicados que fiz de tudo para tentar voltar definitivamente para Portugal e recomeçar a vida lá com a minha avó materna, mas sem sucesso.

A partir daí, não parei com a ideia de viajar para Portugal, mas com a morte da minha única avó, eu fiquei muito desanimada e parei de tentar de todo.

Até que consegui a tal bolsa e vi ali a minha oportunidade outra vez!

Entre este caos todo, acabei a namorar com a ex do Valentim durante 2 anos, mas acabámos pelo mesmo motivo que estes dois terminaram há 3 anos... a distância.

Fiquei tremendamente magoada com ela, porque a Mariana jurou que não ia fazer o mesmo comigo! Acreditei e enganei-me:

- Eu pensava que tudo o que me disseste no passado realmente era verdade, Mar, porque me iludiste? Sabias que queria voltar para Portugal.

- Nunca pensei que realmente conseguisses mudar-te para lá! Eu não quero sair daqui e não quero relacionamentos à distância... desculpa. – Respondeu-me.

Pedi-lhe que me desse um tempo para assimilar as coisas antes de falarmos outra vez.

Estava perto de me mudar, faltava apenas uma semana para apanhar o voo e ir viver com o Valentim, por isso não queria martirizar-me com o esforço que seria falar com ela no fim de me despedaçar o coração.

Uma semana depois:

Acabei de chegar. Cidade nova, vida nova.

Mal cheguei ao aeroporto, vi que o Valentim estava à minha espera para me levar para a sua casa.

Falávamos por mensagem, mas não era a mesma coisa que passarmos o dia juntos, fiquei imensamente feliz por vê-lo e demonstrei isso num abraço apertado que pareceu demorar uma eternidade.

Ele ficou em Portugal por ter ficado com o negócio do pai dele, depois do acidente de carro que lhe tirou a vida.

Só quem conhecia o Valentim sabia o quanto ele amava e respeitava o pai, daí querer seguir os passos do senhor e assumir a responsabilidade de ficar com tudo.

De qualquer maneira eu estava a morrer de saudades do Tim, que mesmo com a distância, nunca abdicou da nossa amizade.

Ele sabia que eu vinha para cá e ofereceu-me logo um cantinho na sua casa! Não tinha lugar para ficar e sabia que não ia arranjar um espaço tão facilmente, então aceitei a proposta.

Ânsia pelo AcasoOnde histórias criam vida. Descubra agora