Capítulo oito

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Jessica.

O sol estava nascendo meus pensamentos estavam a mil. Eu havia passado a noite na casa da Sara, havia passado as últimas horas grudada no corpo dela enquanto assistíamos a um filme qualquer que passava na televisão. Estávamos num silêncio tranquilo, como na maioria das vezes em que nos encontrávamos. Aquilo tudo era tão confortável.

Eu era uma mulher casada há anos com o cara que eu julgava ser o grande amor da minha vida, mas em momento algum do casamento eu cheguei a sentir alguma das coisas que eu estava sentindo só por passar algumas horas com aquela latina. Não sei se seria loucura, mas talvez Chris estivesse certo, talvez eu realmente estivesse apaixonada por ela.

Sara.

Pode parecer ridículo, mas eu não conseguia parar de pensar naquela loira ao meu lado. Jessica parecia tão sossegada com as minhas roupas, deitada em meu peito, agarrada a mim. Eu nunca poderia ter imaginado que tudo iria acontecer do jeito que aconteceu, na verdade, eu nunca imaginaria que pudesse ter a oportunidade de conhecê-la.

Esse não era o melhor momento pra dizer alguma coisa, eu nunca sabia quando dizer alguma coisa quando estava com ela, parecia que a qualquer momento eu deixaria escapar algo do que eu sentia por ela, o que a deixaria assustada, eu acho. Resolvi, então, ficar quieta e só aproveitar aquele momento.

- Nós podemos ir pra cama? – a loira sussurrou – Está ficando desconfortável aqui e, por mais que você seja um ótimo travesseiro, eu ficaria mais feliz numa cama – mal sabia aquela mulher, mas eu era completamente incapaz de negar algum dos seus pedidos.

Eu apenas levantei do sofá e ajudei ela a se levantar também, peguei em sua mão e a guiei até meu quarto.

- Pode escolher um lado, eu vou pegar mais cobertas e colocar uma roupa – disse ajeitando minha toalha que mais caía do que me cobria.

Fui até meu guarda-roupas, peguei meu moletom cinza e uma calcinha, era tudo o que eu iria vestir, até porque a loira também se encontrava naquelas condições. Quando voltei para o quarto, Jessica já estava enrolada na coberta do lado direito da cama, virada de costas pra mim. Peguei mais uma das cobertas que tinha trazido e coloquei sobre seu corpo, depois deitei e me cobri com a coberta que havia restado.

- Sara? – ela me chamou e eu respondi somente com um som nasal pra que ela continuasse – Vem mais perto, tô com frio – a loira me olhou por cima dos ombros e levantou sua coberta para que eu me juntasse a ela.

- Assim? – perguntei me aproximando dela.

- Assim – respondeu ela quando pegou meu braço esquerdo e entrelaçou na sua cintura.

Aquilo parecia um sonho, ter aquela mulher em meus braços era tudo que eu podia sonhar. Eu comecei a fazer círculos imaginários em sua barriga por cima do moletom e encaixei minha cabeça em seu corpo, fazendo com que meu nariz ficasse bem perto do seu pescoço. Minha mão direita foi para seus fios loiros e comecei a acariciar seu couro cabeludo, ergui a cabeça tentando ver seu rosto, encontrei um sorriso tímido e olhos fechados.

Aproveitei o momento e deixei um beijo em seu pescoço, ao mesmo tempo que continuava acariciando sua barriga e seu cabelo. Jessica parecia tão em paz. Uma das mãos da loira encontrou a minha que estava em sua barriga e ela entrelaçou seus dedos nos meus, antes de levar até sua boca e depositar um beijo.

Jessica.

Acordo tão bem, parece que dormi por horas. Me encontro abraçada com Sara, deitada em seu peito e com as mãos em volta do seu corpo, uma por baixo do moletom. A latina dormia tão serena com uma de suas mãos em minha cabeça e a outra em minhas costas, num instinto de proteção. Assim como ela fez anteriormente, deixo um beijo em seu pescoço, o que a faz despertar abrindo um sorriso apaixonante.

- Bom dia – a voz rouca que aquela mulher emite ao acordar não é desse mundo, ainda mais acompanhada de um sorriso – Faz tempo que você tá acordada? Por que não me chamou? – continua sempre cheia de preocupações.

- Eu acordei agora também e você parecia cansada, eu te dei muito trabalho ontem – tentei explicar não percebendo o duplo sentido que aquela frase teve na cabeça dela e de qualquer outra pessoa de fora que estivesse ouvindo.

- Shhhh, é pra isso que eu tô aqui – ela disse calmamente enquanto desenhava pequenos círculos em minha bochecha com o polegar.

Eu respirei em seu pescoço e inalei o perfume daquela mulher, um pouco inebriada com tudo aquilo eu escondi meu rosto em seu peito sem saber o que responder. Sara respeitou meu silêncio e só continuou a me acariciar, eu, por outro lado, apertava o seu corpo como se minha vida dependesse daquilo.

- Eu acho que te amo.

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