Capítulo 2

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A irmã

Giselly...

"você não disse que estaríamos longe dessa garota?" - pergunto com o tom de voz agressivo e os punhos cerrados.

"mas quando eu pesquisei a localização da garota, mostrava que ela estava morando em Brasília, eu juro que não sabia" - diz Daniel num tom tranqüilo.

"olha gente, tudo tem seu tempo, talvez esse seja o tempo da Kate, saber a verdade. Vai ser melhor pra ela, mas deixe-a descobrir sozinha, quando ela desconfiar, contaremos para as duas, o que realmente aconteceu."

"é Daniel, a Mary tem razão, vamos deixar acontecer, mas devemos nos preparar para qualquer revolta, porque não vai ser nada fácil."

Não é nada fácil criar uma sobrinha adolescente, ela já tem 16 anos e para mim ela ainda é um bebê. Acho que esse é o problema talvez eu tenha que tratá-la como ela realmente é uma mulher.

Tenho 30 anos de idade, cuido dela desde os meus 24. A vida não vem sendo nada fácil desde que seus pais morreram, Kate passa por muitos problemas emocionais, entre eles a depressão. Ela toma remédios para se controlar, mas quando ataca uma crise ela se corta. Ela acha que eu não sei, mas numa certa noite eu descobrir.

"amor, vou tomar água" - digo para meu namorado.

"vai, vou te esperar."

Eu estava indo em direção a cozinha e passei pela frente do quarto de Kate e decidi vê-la, para checar se estava tudo bem. Quando entrei, vi Kate dormindo, como um anjo, com o rosto sereno e descansado, quando cheguei perto, vi seus pulsos marcados. Aquela cena me trouxe milhares de lembranças de quando eu via a mãe dela se cortar e fazia de tudo para ela parar, apesar de ser mais nova eu não queria vê-la sofrer. Eu sei também por experiência própria o que é passar por isso.

A partir daquele dia eu faço de tudo para fazê-la feliz, para evitar que isso volte acontecer. Sem dizer nada comprei uma base de esconder tatuagem e deixei-a na sua escrivaninha. Assim ela pode se sentir mais a vontade e esconder as marcas.

{...}

"Bom dia Kate por que acordou cedo?"- pergunto tomando um gole de chá gelado.

"bom dia tia, vou buscar minha amiga para irmos juntas ao colégio".

"fico feliz por esta fazendo amigos no colégio"- falo um tanto apreensiva.

"ah fala sério tia, ela é a única amiga que eu tenho. Amei conhecê-la temos a mesma idade, nos interessamos pelas mesmas coisas, tenho uma ligação diferente com ela, até parece que somos gêmeas"- Quando ela termina de falar me engasgo com um pedaço de bolo. Tudo escurece.

{...}

"será que ela vai ficar bem doutor?"

"vai sim, o susto passa, mas ela terá que ficar em repouso, lhe darei um atestado para você levar para o trabalho dela, vou dar-lhe 15 dias de folga, é o necessário"

Ouço as vozes se distanciando, quando tenho certeza de que estou sozinha e ouço passos longes abro os olhos. Eu me lembro de ter me engasgado com um pedaço de bolo, acordei agora ainda estou meio zonza, tentei me sentar, mas foi uma tentativa fracassada. Ainda não lembro o porquê me engasguei se sempre tenho cuidado de comer direito.

"bom dia, bela adormecida"

"ah, oi filha como você está?"

"eu que deveria perguntar isso pra senhora tia, como se sente?"

"estranha, não lembro como eu me engasguei"

"a senhora se engasgou depois que eu disse que eu disse que eu e minha amiga parecemos gêmeas, até parece que é verdade e a senhora ta escondendo" - ela termina de falar e eu forço um sorriso.

"e se fosse?" - pergunto receosa

"seria legal, sempre quis ter uma irmã, apesar de que eu ia achar estranho não ter descoberto antes" - ela termina de falar e me olha como se quisesse descobrir algo, ela fita no fundo dos meus olhos. Desvio o olhar não subestimo a capacidade dela, ela sempre foi boa em manipular as pessoas.

"a senhora vai voltar pra casa hoje, bem eu vou levá-la".

"como carregando na cabeça?" - falo e nós duas rimos

"não bobinha, minha licença para dirigir chegou ontem".

"meu deus acho que vou voltar a esse hospital mais cedo do que imaginava" - falo e nós duas caímos na gargalhada.

Chegamos a casa ou como diria Daniel no meu palácio. Entro e estou com muita fome, ao chegar à sala de jantar me deparo com um almoço lindo, frutas, peixes e tudo mais. Tudo do bom e do melhor como diria minha mãe.

"não acredito que vocês fizeram tudo isso sem mim e para mim" - falo surpresa.

"foi tia nós tivemos que contratar uma cozinheira" - Daniel deu uma cotovelada de leve em Kate.

"mentira, cozinhei tudo sozinho" - Daniel olha para as unha e finge limpa-las.

"hum vai dizer que eu não ajudei é?" - Kate fala fingindo raiva.

Como é bom voltar pra casa e ficar com minha família, meus anjos que me fazem rir com essas discussões falsas.

Desafios - A Sede Por Sangue Continua. (pausada\em revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora