O XADREZ

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Agora São exatamente 3:00h da manhã. Para quem tem vestibular amanhã cedo precisa de um repouso reforçado. Eu fechei a janela e fui dormir, mais a ansiedade tomava conta de mim naquele quarto cheio de rosas, eu passei a noite toda bolando feito uma bola ambulante. O dia amanheceu lindo, somente eu com um pouquinho de olheiras mais não vem ao caso, pois hoje é o dia que meu futuro vai caminhar na corda bamba.
- Mãe o café está na mesa - eu falei indo em direção ao banheiro.
- Já estou indo minha preta - respondeu minha mãe.
Chegando ao banheiro eu começei a me olhar e me questionar o porque desta minha cor, os meus lábios carnudos e do cabelo de bombril, era assim que o povo me gritava quando passava nas ruas. Logo em seguida minha mãe sentou na mesa e me gritou, para mim ir sentar junto com ela pois ela queria ter uma conversa sobre hoje. Fiquei curiosa e fui imediatamente em direção a cozinha, cheguei lá, sentei-me e minha mãe falou:
- Hoje minha preta linda, minha princesa, é o seu dia e não deixe ninguém atrapalhar os seus sonhos, pois mesmo que olhares estranhos, piadas, que você ouvir ou ver, ignore, pois esse seu black é de fazer muita inveja - Falou minha mãe sorrindo para mim.
Admirada naquele momento eu só sentir um orgulho em ser preta, em ter os olhos pretos, e soltar o meu black e dizer: "solto o meu cabelo, para prender esse teu preconceito". Em seguida dei um daqueles abraços bem fortes na minha rainha, e percebi que lágrimas caiam dos seus olhos. Chegou a hora de pegar o ônibus, me despedir de minha mãe e fui em direção a porta e minha mãe falou:
- Orgulha-se minha preta linda, e boa sorte. Fechei a porta e fui ao ponto de ônibus.
Dentro do ônibus parece que fiquei mais nervosa, mas me acalmei, alguns minutos dentro do ônibus, aquilo que minha mãe tinha falado estava acontecendo, e ouvir quando uma certa garota falou: " Ativador de cachos servem também para matar piolhos né?", todos que estavam no ônibus caíram nas gargalhadas, simplesmente ignorei aquela baixaria e inveja que tem do meu brilho próprio. Uns três minutos depois ouvir mais outras piadas como essa: " Tenho nojo de gente negra, acho que deviam separar essa pessoas na sala de aula", nesse momento todos olham para mim e começam a me zombar. Eu não aguentei aquilo, me levantei e falei com uma voz extrema:
- Preta sim!, negra sou!, meu black serve de barreira para pessoas assim como vocês. Todos se calaram e começaram a me encarar, peguei a bolsa da minha poltrona e fui em direção a porta sacudindo o meu black para um lado e para o outro, e para pisar mais naquelas baratas, eu começei a rir daqueles rostos imundos. Desci do ônibus por primeira e fui em direção aquela instituição enorme e bonita, em seguida achei minha sala. Entrei na sala e por incrível aquela garota que me zombou dentro do ônibus iria ficar na mesma sala que a minha. Dias depois saiu o resultado daquela prova, eu Mayla Conceição da Silva, fui aprovada em 2° lugar, a negra que os outros tinham nojo, a pobre, aquela que sofreu racismo a vida toda, pois essa preta hoje chega no mérito, enquanto aquela garota do ônibus "rodou" mais do que o próprio pneu daquele ônibus. Chegando em casa abraçei minha mãe e gritei bem alto: "Aquela negra pobre hoje se encontra nas emissoras mais ricas do país".

"Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem aprender a odiar, elas podem ser ensinadas a amar".
(Nelson Mandela)

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                    Oi meus amores!

Espero que vocês estejam gostando do livro e aprendendo mais como anda o cotidiano de várias pessoas.
Pois os capítulos vão ficando cada vez mais críticos.

Bjs❤
Até o próximo capítulo

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