Feminist

Valentine's day

MELANIE MARTINEZ

Lambo toda a extremidade do envelope de carta para selá-lo. Sorrio ao olhar para o papel rosado, só saber que a maior loucura de minha vida está aqui dentro, meu corpo já libera a adrenalina que eu nunca tive.

É dia dos namorados e aqui na escola temos como tradição nos declarar de forma anônima às pessoas. Apesar de estudar aqui desde criança, nunca tive coragem para fazer isto por causa da minha insegurança excessiva. Mas sinto que hoje vai ser diferente.

Saio do banheiro feminino e caminho pelo corredor deserto. Não acredito que estou fazendo isso.

Respiro fundo ao chegar no armário dele. Observo todos os lados para certificar-me minha solidão; colocando assim, a carta na brecha do dunquerque e a vendo deslizar para dentro.

"Melanie? O que faz aqui?" a voz de Edward ecoa pelo corredor, fazendo-me dar um pulo de susto.

Era para ele estar na aula agora. Era para eu estar na aula agora. Droga! O que deu em mim? Claro que isso daria errado mais cedo ou mais tarde.

"E-e-edward..." Viro-me, sendo obrigada a me deparar com a pessoa que menos queria ver nesse momento.

"Estás na frente do meu armário." Diz ele sorridente, fazendo um sinal com as mãos para que saísse do caminho. Com o coração a mil, assinto e dou dois passos para o lado.

Preciso sumir daqui.

"Esqueci o livro de his..." O mesmo para de falar assim que abre o compartimento metálico e minha cartinha caí. Merda.

Ele pega o papel e procura uma identificação nele. Desconfiado, Edward olha para mim, provavelmente lembrando do dia de hoje.

Devo estar mais vermelha que um tomate, minhas pernas tremem e todo o medo de ser rejeitada toma conta de mim. Condeno-me mentalmente várias vezes por ter tomado coragem.

Por um instante, penso em sair correndo o mais rápido possível, porém a forma como ele olha nos meus olhos enquanto abre a maldita declaração, me mantém ali sem reação.

O envelope é aberto devagar e com cuidado, tirando de lá o mais profundo segredo que remoí minha vida inteira.

Parece drama de minha parte e talvez seja. Porém nunca nem tive sequer uma interação com ele, até me surpreende o fato do mesmo saber meu nome. Desde que estudo aqui, fico pelos cantos da escola só observando-o e sendo sua sombra. E tudo está explícito naquele pedaço de papel.

Os olhos cor de mel dele passam por cada linha. E cada vez mais a ansiedade e o pânico correm pelas minhas veias.

"Melanie, você escreveu isso?" Ele aponta para o papel.

"Sim." Digo com a voz falha e cabeça baixa.

"Olha... Eu estou um pouco assustado." Ele dá uma leve risada, entretanto para ao ver que não acho graça nenhuma. "Melanie, eu mal te conheço."

"Mas você pode me conhecer..." Choramingo. Não acredito que isso está acontecendo.

"Desculpa, porém você faz meu estilo."

Claro que não faço o estilo dele. Eu não faço o de ninguém.

"Como pode dizer isto, se você mesmo falou que mal me conhece?" Acho o restinho da segurança dentro de mim e falo.

"Não vou ser hipócrita." Ele suspira. "Seu cabelo, seu corpo, seus piercings, suas tatuagens, suas roupas, nada disso condiz com o tipo de garotas que eu costumo sair."

Essas palavras me destroem. Sabia que ele era demais para mim, entretanto ainda tinha esperanças. Mais uma vez, reprimo toda aquela dor para não chorar na frente dele.

"Tudo bem, desculpa." Falo lentamente, a cada letra minha voz ia ficando mais baixa e inaudível.

Olho nos seus olhos, lutando comigo mesma para as lágrimas teimosas não vencerem. Edward se mantém frio, como se não tivesse feito nada de mais. Sem pensar duas vezes, saio correndo dali.

Pelo menos uma vez na minha vida, queria ser suficiente.

Sento-me no banquinho do pátio frugal, olhando para aquela paisagem de inverno. Finalmente liberto todas as minhas emoções junto com a as gotas d'água.

Sempre pensei que a beleza exterior é fútil. Nunca me esforcei para ser magra e atingir o padrão de beleza que a sociedade criou. Pelo contrário, criei meu próprio padrão; e ver Edward pisar nas minhas ideologias doí.

A mistura de tristeza com raiva só faz eu ter certeza de uma coisa: vou provar para ele que sou suficiente nem que seja a última coisa que eu faça.

Oieeee
E aí o que acham que a Melanie vai fazer? Soltem a criatividade.

Okay, realmente tem uma crítica ao machismo bem leve neste capítulo, entretanto também critiquei os padrões que a sociedade impõe para nós. Sim, ouvi muito Mrs Potato Head para escrever isso.

Espero que tenham gostado,
Com amor,
-fuchsiazinha