Capítulo 1

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Viver é uma grande dádiva.
um grande poema,
um livro em aberto
um caminho perigoso; mas, se o final forem rosas, os espinhos não são relevantes.

Àqueles que sempre tiveram medo da vida:
Fracasse, mas não desista.
Ela não terá piedade.

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Recomendação: Leia Wings ao som de "Life" do Rap Monster ou "I Wait" do DAY6.

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— Vernon, são três da manhã... Para onde vai? - disse Jun, indo à sala. — Por que está fazendo tanto barulho? Eu estava tendo um sonho tão bom...

-— Para a casa da Luísa. Volto amanhã cedo!

— É perigoso andar sozinho a essa hora nas ruas. Vá amanhã cedo.

— Tchau, hyung!

— Volte aqui!

— três da manhã! Por que tanto barulho? — perguntei, rindo, fechando a porta, ignorando-o.

  Com certeza, quando voltasse para casa, Jun hyung me daria uma bronca por desobedecê-lo. Mas, não pude esperar mais nenhum momento para dar a notícia à Luísa. Ela morava há duas ruas do prédio onde eu morava, demorei cerca de cinco minutos para chegar lá.

— Luísa! —chamei-a, batendo na porta de sua casa.

Aish, Vernon... O que faz aqui a essa hora? Aconteceu algo? — perguntou, abrindo a porta. Mal conseguindo abrir os olhos e, aparentemente, brava por ter acordado-a antes mesmo do Sol nascer, ela pede para eu entrar.

— Tenho uma notícia para te dar! — exclamei.  —Do que mais sente saudades?

— Da minha cama.

— Achei que iria responder "Brasil".

— Falando sério, não vejo a hora de visitar minha família novamente. Mas, por conta da vida que escolhemos, tenho que morar aqui. Além disso, tenho minha vida na Coreia. Não posso deixar isso para trás.

— Vamos ao Brasil daqui a um mês.

— Como assim?

— Nossa primeira turnê mundial terá início lá. Foi meio que um presente para você... — dizia, convencido. — Tive que insistir muito ao CEO da empresa.

  Vejo um largo sorriso abrir-se em seu rosto.

  Aquela feição que dizia "vou te matar por me acordar cedo" foi totalmente consumida por um sorriso de orelha a orelha.

- Eu estou tão... - um bocejo a interrompe, mas, depois ela completa: -... Feliz de ter todos vocês no Brasil junto a mim.

- Desculpa te acordar tão cedo.

- Cedo? Que? São três da manhã, nem é tão cedo!

- Pare de ser sarcástica!

- Desculpe-me, fico assim quando estou com sono. Vamos dormir? Tem algumas roupas suas aqui. Pode usá-las.

- Pode me esperar na cama. Não vou agora.

Quando a vejo sumir aos meus olhos, minha cabeça começa a doer de forma repentina. Para que ela não ouvisse, abafo meus gritos de dor com minhas próprias mãos e corro ao banheiro.

"Por que agora?", pensei. "Onde aquilo está? Por que não encontro em lugar nenhum?"

Com os olhos cheios de lágrimas e respiração ofegante, sento-me no chão banheiro e começo a chorar.

- Faça pelos meninos, pelas fãs, por ela e... - pensei alto. -... Por ele. Machuque a si mesmo mas não os machuque.

- Vernon?

- Disse para me esperar no quarto!

- Por que estava gritando?

- Não estava fazendo isso.

- Você parece estar com dor.

- Não estou.

- Deixe-me te ajudar.

- Estou bem.

- Seu braço está sangrando

- Foi só um machucado bobo. - disse, abaixando a manga de minha camisa.

- Você estava tão feliz há cinco minutos. Por quê mudou tão repentinamente?

- Luísa...

- Tudo bem, entendo se não quer falar sobre isso. - estendeu sua mão, pedindo-me para ir com ela para o quarto e dormirmos. - É muito estressante toda essa coisa de turnê, shows, relacionamento e vida pessoal. Vamos descansar, acho que precisa disso.

- Você não é estressante.

- Não é o que parece.

Segurei em sua mão, levantando-me e fui ao quarto junto a ela. Após algum tempo, ainda sem conseguir dormir, sinto-a colocar a mão sobre meu cabelo, fazendo um sereno cafuné.

- Eu estive pensando... Às vezes sinto que não confia em mim. A gente se conhece desde o Ensino Fundamental... Começamos a namorar no último ano do Ensino Médio e... Ainda lembro daqueles dias bons no centro de biologia em que passamos o resto do ano letivo. Você parece triste. Por quê não confia em mim para dizer o motivo de sua tristeza? - dizia ela. - Mas, sabe o que é pior? O fato de eu não conseguir dizer isso cara a cara.

"Não quero te machucar, nem a ninguém.", pensei.

- Você sempre teve esse jeito delicado e fofo. Mas, não seja tão fraco. Uma vez me disse que prefere machucar a si mesmo do que a todos... Por quanto tempo aguentará ser machucado por você mesmo?

"A felicidade de vocês é mais importante."

- Quando vai ser feliz? Eu olho para você e só consigo ver tristeza. Você não era assim. O que aconteceu desde o começo do ano passado que não quer me contar?

Às vezes sentia que Luísa lia meus pensamentos e os respondia com palavras que só ela mesma conseguia dizer.

- Eu te amo. E, agora, por um motivo mais importante ainda. Deixe-me te fazer feliz. Deixe-se ser feliz.

Senti seus finos porém fortes braços abraçarem-me.

- Eu te amo, eu te amo, eu te amo. - repetiu. - Jamais se esqueça disso.

Então, essa deixou um fraco beijo em meu pescoço, e dormiu.


{⭐⭐⭐}

Carpe Diem: Wings [pt.2] EM REVISÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora