{⭐⭐⭐}
Acordei no que parecia ser a manhã do dia seguinte, por volta de oito ou nove horas.
— Bom dia, Hansol. — disse o agente que nos acompanhou a viagem toda.
— Bom... Dia. Onde eu estou?
— No hospital.
— Que horas são?
— Nove da manhã.
— NOVE? Era para eu estar ensaiando para o show de amanhã! — exclamei. — Eu, S/N e os meninos combinamos de sair hoje para conhecer a cidade... Tenho que ir!
— Você não vai a lugar algum. Os show já foram cancelados.
— Por que não fizeram sem mim?
— Os meninos não quiseram... Eles estão psicologicamente abalados por causa do que aconteceu... A empresa disse que, se não for para fazer uma boa apresentação, é melhor nem fazer.
— Por minha culpa? — perguntei, com os olhos cheios de lágrimas.
— Não foi culpa sua.
— Por que todos dizem isso?
— Porque é verdade.
— E os fãs? Como... Reagiram ao cancelamento dos shows?
— Estão todos bem. — ouvi a mentira sair de seus lábios. — Descanse um pouco. Você precisa estar bem para voltar à Coreia.
Deitei-me em meu leito, com o rosto virado na direção contrária à do agente, escondendo minhas lágrimas. "Eles fizeram isso por sua culpa. Vernon, você é um idiota.", minha mente humilhava a mim mesmo.
Na TV ou nos portais de notícias brasileiros e sul-coreanos, todos diziam sobre a mesma coisa: "Os três shows cancelados e uma turnê por um fio. O desastre do grupo sul-coreano que decepcionou a todos!".
Os sites pareciam ter o mesmo título, com as mesmas mentiras. Algumas fotos de uma âmbulancia à frente do hotel vazaram. Há alguns rumores, mas nada concreto pela imprensa. Ainda bem.
Ser alguém famoso não é fácil. Ter sua vida pessoal exposta muito menos. As pessoas te julgarem por qualquer erro, por menor que ele seja, e tudo isso, ainda por cima, espalhar-se pela a mídia de todo o mundo nem se fala. Isso piora mais ainda quando você é só um garoto de vinte anos. Imaturo. Imbecil. Que não sabe nada sobre a vida. Jovem.
Não estou reclamando, até porque sempre estive disposto a pagar pelo preço dos meus sonhos; mas, às vezes, penso se todo esse desgaste realmente vale a pena.
Ouvi o agente falar com os meninos pelo celular: "Arrumem suas malas. Estamos voltando à Coreia. Sobre os shows, não se preocupem, tudo já foi resolvido. Sobre Vernon, ele ficará bem."
{•••}
Na madrugada daquele mesmo dia - e quando digo madrugada, realmente estava muito tarde - voltamos à Coreia. No avião, só conseguia pensar nela, nos meninos e em meu pequeno. Tinha medo que ela soubesse. Sinceramente, se esta perdesse aquele bebê por minha culpa de novo, não sei o que faria.
O fato de estarmos em vôos diferentes só piorou tudo. Pensar em como ela estaria preocupada comigo fez-me desabar. Nossas lembranças - de danças, conversas, inúmeros primeiros encontros, noites em claro, sorrisos, lágrimas e, sei lá, tudo o que vivemos juntos - passavam como um filme em minha mente. Acho que poderia relembrar de cada momento pela noite inteira, e, bem, foi o que fiz. Tentei me conter chorando baixo, mas era quase impossível. Uma das enfermeiras brasileiras, Ana, veio até mim, dando uma desculpa qualquer só para conversarmos.
— Olá — disse ela. —, sou Ana. Estou acompanhando você porque, bem, eu acho que sou uma das únicas naquele hospital que sabe falar coreano. Poder acompanhá-lo é uma honra.
— Honra? Eu sou só um cara normal que... que está morrendo.
— Morrendo? Hum... Tenho certeza que ainda tem muito o que viver. Quantos anos você tem? Dezenove... Vinte...?
— Vinte.
— Não tenha medo de morrer. A morte vem para todos. Aproveite enquanto ela não chega. Viva como se fosse morrer amanhã.
— Estou doente.
— Eu sei o que tem. Mas, é minha obrigação tentar te animar.
— Como profissional?
— Não, como uma mãe. Tenho um filho com idade próxima à sua. Só uma mãe ou um pai entende.
— Responda-me sinceramente: sinda tenho chances de viver?
— Não sei.
—Vou poder ver meu filho nascer daqui a oito meses?
— Não sei. Sou enfermeira, não neurologista.
— E-Eu sei. Mas estou tão desesperado que atendo a qualquer coisa que acredito ser um grito de misericórdia.
— Desculpe-me perguntar, mas, Por quê? Por que não fez a cirurgia, mesmo sabendo que isso poderia acontecer?
— Porque não queria que todos sofressem por mim.
— Então, para que ninguém passasse por isso, quase matou a si mesmo?
— Suicídio? Não... Eu nunca faria isso!
— Então porque usou tanto daquela droga?
— Não sei.
— Você teve uma overdose. Quase morreu. Por que usava um anestésico tão... Pesado?
— Porque eu não queria... Que ninguém soubesse. Fiz o que pude para conter minhas dores.
— Por quê?
— Porque... Seria melhor se eu machucasse a mim mesmo que aos... Aos outros.
— Você está bem?
— S-Sim. Preciso dormir... Pode... Pode me deixar sozinho um pouco?
— Tudo bem. Perdoe-me. — disse, retirando-se.
Meu travesseiro parecia pesar uma tonelada. Talvez fosse todos os sentimentos ruins que tinha caindo sobre ele. Coloquei a mão sobre meu peito, sentindo meu coração que batia quase tão rápido quanto quando estava com S/N. O ar faltava-me àquele momento. Segurei forte nos lençóis que estavam sobre mim, tentando conter aquela dor sobre meu tórax.
— Ana! — exclamei por ela, em uma súplica.
Momentaneamente, era como se eu tivesse corrido do Brasil à Coreia a pé. Minha respiração estava tão ofegante que mal conseguia falar. Os lençóis e minhas roupas estavam molhadas de tanto suor.
Ana grita pela outra enfermeira que, em um susto, vem rapidamente até onde estávamos. Uma máscara de ventilação é colocada sobre meu rosto. Minha mão, que ainda segurava com firmeza os lençóis, soltou-os. Minha respiração normalizou-se aos poucos, assim como meus batimentos cardíacos.
Faltava poucas horas para chegarmos na Coreia, e a cada segundo eu piorava cada vez mais. Não queria que me vissem daquela forma, não queria que me vissem no meu pior estado.
Passei a noite em claro - até porque, como eu poderia dormir naquele estado tão miserável? -, adormecendo apenas quando chegamos na Califórnia.
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Oioioi! E ai? O que está achando? Espero que estejam gostando! Ah, eu queria muito saber se você, pessoinha que leu agora, é um seguidor da nossa conta no twitter? (Paradise Vernon)
Quero saber se, para quem está lendo pela primeira vez, está gostando! Vamos, comente suas reações! SHAUSHAUSH
Obrigada por lerem! Esperem os próximos capítulos! <3
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Carpe Diem: Wings [pt.2] EM REVISÃO
FanfictionVernon era um artista bem-sucedido e sua carreira ia bem, até que, em uma turnê iniciada no Brasil, descobriu estar no estágio final de um terrível tumor cerebral. Após a descoberta, sua vida fica um caos e, em meio a tantas paranóias e lágrimas, d...