A notícia

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Meu pai veio em minha direção e me abraçou forte, eu estava muito magoada com ele,mas era impossível não abraça-lo, ele deu um abraço demorado na vovó e deu um sorriso para Clara, até que ele falou:

-Que saudade de vocês!- ele parecia estar muito nervoso e estava tentando mudar de assunto, mas meus olhos estavam fitos no garoto de cabelos cor de mel, olhos claros, pele branca, alto e com um porte atlético invejável. Meu pai percebeu que eu perguntava com o olhar quem era ele e porquê estava na minha casa. Mas eu tive que perguntar:

-E ele?

-Bom Meri, direta como sempre.

-Devo ter puchado pra mamãe, não é?

Vi meu pai ficar verde, depois amarelo, até ele ficar com a cor normal e voltar a falar:

-Bom, vim toda a viagem pensando em como falar pra vocês, mas não consegui. Esse é Rodrigo, Rodrigo essa é a Meri,minha filha, essa é Carmem, minha mãe, esse é o Luiz, meu pai, essa é a Clara, melhor amiga da Meri, e eu sou o Marcos, como você já sabe, e, bom, essa é a tua família.

Meu queixo caiu. Vi meu avô correr na  direção da vovó, ela estava passando mal, depois ela se levantou, tocou no rosto do Rodrigo e falou:

-Olhe, Meri, você que era tão sozinha agora tem um irmão, essa é a melhor notícia que você poderia me dar Marcos, um neto!

-Eu tenho 17 anos, faço aniversário em Junho e gosto de azul,- Rodrigo falou sorrindo.

-E quanto tempo você vai ficar?-perguntei diretíssima

Mas meu pai se dignou a responder por ele:

-Essa é a melhor parte, ele veio para morar aqui.

-Morar?-perguntei.

-Morar.

-Como assim? Explique essa história por favor.

-É, eu nem sabia que ele existia até uns 10 dias atrás, quando ele chegou pra mim com essa carta. Se você quiser ler Meri- ele colocou a carta na minha mão.- E eu lembrei dela, da Vanessa, a mãe dele, bom, a sede da empresa é no Rio, seu avô e eu somos cariocas, mas viemos pra Belém por causa da mamãe, mas eu sempre ia pra lá ver como as coisas estavam, e foi em uma dessas idas que conheci a Vanessa, e depois vim pra cá, mas eu não sabia do Rodrigo, até que a Meri nasceu, e eu tive que me estabilizar no Rio pra administrar a empresa, já que o papai não quis mais ficar nesse vai e volta. E à uns dois meses a Vanesa morreu.- Vi Rodrigo lacrimejar e falar:

- E antes de morrer ela me deu essa carta, e me disse que meu pai era ele. Eu não tinha irmãos ou parentes próximos e ainda sou menor de idade e não tive escolha a não ser procura-lo. Nos conhecemos à umas 3 semanas. E aqui estou.

-Meu apartamento é grande,mas acho que ele vai gostar mais de morar com vocês, a casa é maior e no Rio eu não tenho tempo pra nada, ele ficaria muito sozinho.

Peguei a carta já amarela e li.

- O quê está escrito Meri?- Vovô quis saber.

- É uma carta do papai pra Vanessa, onde ele diz que vai ter que viajar, mas que a ama.

- O que era verdade,mas nossa relação não podia ir pra frente, então, ele pode morar aqui?

Rodrigo estava com as mãos nos bolsos.

- É claro que ele pode ficar! Eu vou amar, e ele pode estudar na escola da Meri!

-Vamos comer?- Meu pai perguntou. E todo mundo foi se dirigindo pra sala de jantar.

-Ei! Como assim? O senhor chega com essa história, e quer que eu finja que está tudo normal? Não está tudo normal!

Me virei e subi as escadas, Clara viria atrás de mim, mas meu pai a segurou.

-Deixa ela, ela vai entender, não agora, mas vai entender. Vamos jantar.

Talvez fosse assim, depois eu entenderia.

%%%%%%%%%%%%%%%%%%

Deitei na cama, e comecei a raciocinar, tudo iria ficar bem, tudo iria voltar ao normal, repetia na minha cabeça.
Depois de uns 20 minutos, lembrei o quanto eu estava com fome.
Desci e fui até a cozinha, estavam todos na sala, compensando o tempo perdido.Até que Clara veio até mim , me pegou com um copo de suco em uma mão e um saco de biscoitos na mão. Sorriu e falou:

- Meri, eu vou pra casa, acho que com toda essa confusão você precisa ficar sozinha e com todas essas coisas acontecendo eu acho melhor eu ir. Meu irmão tá aí na frente, eu só vim me despedir.

- Tudo bem Clara, thau

Nos abraçamos, ela se despediu da minha "família" e foi embora. Às vezes morro de vontade de ter uma família daquela de emoji do Watsapp , ou de comercial de plano de saúde, mas não,  a cada dia minha família ficava mais estranha.
Subi as escadas e sentei na cama pra poder comer. É eu não tinha uma família normal, mas pelo menos eu tinha uma família, e eu ia ter que ficar com eles.

A Luta De MeriOnde histórias criam vida. Descubra agora