A tentativa

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Acordei com um pouco de dor de cabeça, olhei no relógio do celular e eram 6:30, o que era tarde pra mim,já que estudava de manhã, tomei um banho rápido e escovei os dentes, depois desci para tomar o café.
Encontro meus avós e meu pai conversando enquanto comiam, havia esquecido que meu pai estava em casa. Ele me vê e fala:

-Desce aqui, era com você mesmo que eu queria falar mocinha.

-Estou aqui, fale.

Beijo a cabeça de minha avó e sento na cadeira ao seu lado. Lisa, nossa secretária do lar, como minha avó gosta de chamar, veio em minha direção e trouxe um prato, talheres e um copo pra mim.

-Não gostei nada da sua atitude ontem, senhorita.

-Ahhh, era só isso? Estou bem, obrigada, sim eu já voltei pra escola, e gostei da pintura da varanda, não, não senti saudade, já estou acostumada a ficar sem o senhor. Ah, "papai" tanta coisa pra falar e o senhor fala disso? Eu já conversei com o Rô, melhor que nós, só o Tico e o Teco.

Dei meu sorriso mais aberto e sarcástico.

-Você está muito abusada. Muito!

-Já vamos começar o dia desse jeito? Eu não aguento mais!

Ouço meu avô dizer com raiva.

-Desculpa vovô- digo pra ele e abaixo a cabeça.

-Você Marcos parece que tem 10 anos! E não vem falar mal dela! Você não a criou, fomos nós! Você acha que ser pai é vir no natal e no aniversário? Não Marcos, não! Aposto minha casa que você não sabe que personagem da Disney ela queria ser quando criança! Você não sabe!

-Ela queria ser a Bela.

Ouvi minha avó falar baixinho. Era verdade, eu queria ser a Bela, a personalidade dela era parecida com a minha.

-E você Meri? Foi assim que eu ti criei? Eu sei que você sente mágoa pelo seu pai, mas esse jeito não o jeito certo de resolver nossos problemas! E não é o jeito de tratar seu pai! Já chega! Conta seu lado Meri, vamos resolver esse problema.

Nunca havia visto meu avô daquele jeito, olhei pra vovó e ela acenou com a cabeça para que eu começasse a falar.

-Eu estava muito triste com o senhor, até pouco tempo atrás, até que a tristeza se transformou em raiva, e agora, bom, não sei o que é. O senhor nunca me deu carinho e se importou comigo de verdade, fala tanto dela, mas faz a mesma coisa todos os dias, acho que só sabe qual é o dia do meu aniversário por causa da sua secretária, a senhora magreza. É claro que isso magoa, poxa, minha mãe me largou, e o senhor também, às vezes penso...- minha voz embargou e uma lágrima escorreu pelo meu rosto- que o problema sou eu, que ninguém consegue me amar. Ela me abandonou, sim, e eu era um bebê e não tinha como fazê-la me amar, mas o senhor? Eu não consegui lhe fazer me amar, não sabe o quanto foi triste minha infância, não faz nem ideia, no dia dos pais, nas festinhas, nas cantatas, as crianças com seus pais e mães, com suas famílias perfeitas, e eu? Tinha que falar que minha mãe havia me abandonado e meu pai? Bom, ele morava no Rio, porque queria. Riam de mim sabia? Diziam que eu era abandonada, até que eu comecei a dizer que meus avós eram meus pais, o que era verdade, e eu levei anos pra entender, isso poderia ser diferente, mas o senhor preferiu me abandonar, me largar e me esquecer.- Eu estava sem expressão, sentada na cadeira com minha avó chorando ao meu lado.

-Nossa Meri, por isso você é assim.

Ouvimos Rodrigo falar.

-Qual é tua explicação Marcos?

Nossas cabeças se viraram pra ele, ninguém nem tocava no café.

Ele engoliu em seco virou o rosto e começou sua versão da história.

- Eu nunca havia amado ninguém na vida, mas com tua mãe, eu gostei dela de verdade, e quando ela disse que estava grávida eu fiquei feliz, eu me casaria com ela se fosse preciso, mas ela disse que esse bebê estragaria a vida dela, ela era ambiciosa, ainda deve ser, disse que ia chegar longe, mas não queria casar, eu teria dado a vida que ela pediu a Deus, mas era orgulhosa pra aceitar, então falou que ia abortar. Mas eu não deixei. Então ela teve a gestação e depois que você nasceu ela disse que não queria te ver nunca mais - vi uma lágrima rolar pelo seu rosto, que ele logo tirou.- eu prometi que iria cuidar de você com todas as minhas forças, mas eu não consegui, eu fracassei, você é totalmente igual a ela, tanto no caráter, quanto no ego, no signo, na aparência, eu não consegui, me desculpa, não consegui vê-la em você e me afastei, não era porquê não te amava, era porque sou um covarde, algo que você nunca foi. E eu sei que você queria ser a Bela, porque ela também queria ser a Bela. Até nisso vocês são iguais.

Eu estava chorando, minha avó se derramava em lágrimas, meu avô fitava o chão e Rodrigo estava estático sentado na escada, meu pai estava sentado, parado.

- Eu nunca havia houvido essa história.- Minha avó deu sua contribuição para a conversa.

-Nem eu - falei fraco.

-Nem eu!- Rodrigo falou tentando nos animar.- E aí? Vocês vão ficar aí com cara de paisagem, lá no Rio, um pediria desculpa pro outro iam se abraçar e todos iriam comer.

Meu pai levantou e veio em minha direção, eu levantei e ele me abraçou.

-Será que você pode me perdoar?- ele me perguntou.

-Esse papo de perdão é difícil pra mim, me dê um tempo.

-Claro

Ele deu um beijo em minha bochecha e a voz do Rodrigo ecoou na sala de jantar.

-Vamos comer? Meu primeiro café com vocês e já tem toda essa confusão, as manhãs de vocês são sempre assim? Devia ter descoberto vocês antes!

Ele era a figura leve que todos precisávamos, ele era a risada em meio ao choro , a simplicidade em meio à complexidade e a paz entre a nossa tempestade. Senhor! Como precisava dele em minha vida!

Eu estava atrasada, mas precisava esperar vovô, vovó e Rodrigo, que iriam para a escola, ele seria matriculado e possivelmente amanhã já iria pra escola. O quê a vida me reservava neste dia complicado? Eu não sabia,mas algo estava por vir, eu sabia.

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Eu sou a Érika, bom eu gosto de escrever e espero q vcs gostem de ler, peço que se gostarem votem, comentem, shipem, indiquem, a opinião de vcs é importante pra mim, afinal é meu primeiro livro.

Desculpa galera uma parte estava errada, mas já consertei. A Meri estuda de manhã. OK?

Muitos beijos. Muitos!

A Luta De MeriOnde histórias criam vida. Descubra agora