Capítulo 1: Perigos Virtuais

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Muitas pessoas passam por situações complicadas, alguns mais que outros. Mas imagina viver em um pais onde toda a sua liberdade é tirada de você. É assim que é na China, um pais comunista imerso dentro de uma ditadura digital. Viver sem poder se comunicar com o mundo exterior, talvez não seja viver, se não, o que é o mundo se você não pode velo. Quase um bilhão e meio de pessoas presas e controladas por um governo autoritário, não é vida e sim um pesadelo. Mas como se dá liberdade a uma nação? Dando a elas uma voz. E assim nasceu a rede TOR, quase como um Deus Nórdico, o navegador que proporcionava as pessoas o acesso ao mundo, deu poder as pessoas, deu liberdade e também trouxe com ele os piores horrores escondidos da humanidade. Tráfico humano, bonecas sexuais, pedofilia, assassinatos, venda de drogas... A população da China encontrou sua liberdade, enquanto o resto do mundo varria sua crueldade pra debaixo do tapete, ou melhor dizendo, para a obscura Deep Web.

É sabendo disso, que nossa história começa, em uma pequena ilha no mar da china, mora um jovem de vinte e três anos, que passa horas nas redes sociais e fóruns, extremamente inteligente com computadores, ciência, matemática, e diversas outras coisas, rico e filho de um membro do governo chinês. Sempre sozinho pela ausência do Pai, e a morte de sua mãe ainda novo, a internet fez com que Lenon, tivesse muitos amigos virtuais, porém, nada preenchia seu vazio de ter uma companhia, isso o tornava bastante frio para os que o conheciam de forma recente, mas dentro de si, ele só queria companhia, carinho, e era extremamente bondoso.

Ficou sabendo através do Reedit, a existência de um site na chamada Deep Web, com o nome de "Lolita Slave Toys", cujo o intuito era vender crianças para servirem de escravas sexuais. Lenon, intrigado, se sentiu completamente desconfortável com tudo o que acabou de ler, ficou dias e dias pensando sobre o quão bizarra era aquela história, aquilo assombrou sua mente de uma forma, que não conseguia deixa de seguir seu instinto de que aquilo era absurdamente errado de tantas formas, que era difícil processar em sua mente. Procurou um amigo pra conversar, que também leu a história no Reedit, o amigo aconselhou Lenon a esquecer isso, que ele precisava seguir e que devia ser mais uma lenda urbana, como sempre são nessas histórias.

Intrigado, Lenon resolveu investigar e foi atrás do endereço Onion do site, foi uma busca extremamente longa, mas que resultou no choque de Lenon ao descobrir que era verdade, e que ainda era necessário pagar em Bitcoin, não conseguiu processar e assimilar as informações descobertas, compartilhou com seu amigo a descoberta, que também ficou chocado. Lenon, sabendo da influência e o peso do nome do Pai, resolveu fazer algo que mudaria tudo dali pra frente, e então encomendou uma Lolita, só que negociou usando o peso do nome do Pai, por uma versão especial da Lolita, ele queria ela sem modificações, o vendendor se recusou diversas vezes, então Lenon deixou que ele fizesse somente a lavagem cerebral e cortasse as pernas, para que a identidade do "criador" ficasse preservada e ele confiasse nele, Lenon ainda se ofereceu em pagar o dobro do valor, e que fosse entregue na Ilha, seu pai ficaria fora por mais dois meses, o que daria tempo o suficiente para ele tentar acabar com todo esse esquema envolvendo o site "Lolita Slave Toys". E pra isso ele contaria com a ajuda de alguns amigos ativistas que vivem na Califórnia, mas antes de qualquer contato, ele precisaria fazer umas coisas, para que ninguém olhe com estranheza pra ele, além de ser preciso esconder este segredo por um tempo.

Lenon, apesar de tudo, realmente só quer ajudar a acabar com sua criação, só que também sabe que o site "Lolita Slave Toys" é só a ponta do Iceberg, mas é um começo interessante, visto que na rede, é um dos sites mais populares.

Algum tempo depois como combinado com o"criador", ele recebeu sua Lolita da maneira que pediu, porém teria que lidar com a "Lavagem Cerebral" que foi feito nela. Ao levar sua Lolita no cesto bizarro que lhe foi entregue, notou que foi enviado também uma carta, que dizia: "Não tente qualquer coisa contra nós, o seu pedido foi extremamente estranho, e estamos de olho em você, e se alguma coisa sonhar em acontecer com a gente, estarão mortos!"

A carta não tinha nenhuma assinatura, e estava escrita com letras de uma máquina antiga de escrever, provavelmente para não ser identificado pela sua caligrafia, além disso, o papel usado era bem velho, e meio queimado, geralmente usam isso para mascarar qualquer possibilidade ds rastrear a origem do papel. Detalhes tão minuciosos chamaram a atenção de Lenon.

Lenon tirou sua Lolita daquele cesto bizarro. Colocou ela enrolada em lençóis em cima do sofá, ela estava pelada e tremendo de frio. Dentro do cesto haviam somente um colchonete, um travesseiro, e uma ficha com informações sobre a Lolita, porém ela não tinha nome, somente um número.

— Oi, você consegue me entender? - perguntou Lenon para a menina.
— Oi mestre, como posso lhe servir hoje? - perguntou a menina de volta, querendo cumprir a sua "tarefa".
— Calma, você não tem que fazer nada. - disse tentando acalmar ela. — Qual o seu nome?

Lenon pensou como era curioso ela ter uma frase pronta pra isso, se originalmente as Lolitas são mudas. Isso o deixou intrigado.

— O meu nome? Eu não tenho um, eu fui feita para servir a você. - respondeu a menina sem entender o que estava acontecendo.
— Precisamos de um nome pra você. Eu providenciei umas roupas também. Você ainda não pode andar, mas vai ficar tudo bem. Vou buscar as roupas.
— Obrigada, mestre.
— Não me chama de mestre, é esquisito, me chama de Lenon, esse é o meu nome. Pode ser?
— Pode sim, acho que ainda to processando o que ta acontecendo.
— Fica aqui, e eu já te explico.

Lenon subiu para pegar as roupas que comprou para ela, ele havia comprado uma prótese extremamente cara também que permitira que ela andasse de novo, porém não havia chego ainda. Lenon desceu, e ajudou a menina a se vestir, então notou que ela estava com fome e com sede, buscou comida e água para ela, e enquanto ela se alimentava sentada no sofá, os dois conversaram.

— Eu entendo que você não deve estar entendedo nada, mas eu vou explicar um pouco sobre você, tudo bem?
— Como assim sobre mim? - a menina olhou confusa para ele.
— Você foi feita para ser escrava sexual, muito provavelmente você não sabe direito nem o que é sexo, e nem deveria saber nessa idade, mas existem pessoas muito ruins que fazem esse tipo de coisa com meninas como você. Eu fiz de tudo para conseguir te tirar disso, sei que é muito longe de ser o ideal para você, e que ainda tem outras meninas passando pelo mesmo, até pior, mas é o que posso oferecer no momento. Uma casa, roupas limpas, comida e o que mais você precisar.
— Eu, agora me lembro mais ou menos de onde estava, haviam outras meninas, mas elas não falavam, elas tentavam falar, mas sua voz não saia. - Disse a menina abalada e chorando.
— Essa é uma das coisas que eles fazem, mas eu não permiti que eles fizessem com você. Talvez juntos, possamos vingar todas essas meninas que cairam na mão desses monstros. - Disse Lenon enquanto abraçava a menina para consolar ela. Pois em seu rosto, lágrimas escorriam sem que a própria menina percebesse.
— Eu não sei como eu poderia ajudar, eu nunca vi o rosto deles, e nem onde a gente tava. - Disse ela enquanto enxugava as lágrimas.
— Resolveremos isso com o tempo. Você é de qual país, você se lembra?
— Não me lembro. - disse ela com pesar.
— Bem, você aparenta ser da Ásia, morena, cabelos ondulados... Talvez seja da índia, a feição lembra um pouco.
— Índia... Acho que conheço.
— Bem, é um bom ponto de partida. Eu vou te ensinar Geografia, História, Matemática e outras coisas mais, você vai ficar inteligente e vai poder me ajudar bastante com tudo isso. - Disse Lenon tentando animar a menina. — E acho que você combina com o nome Luna, não sei porque, mas combina. - Disse ainda mais animado.
— Luna? Gostei. - disse Luna, dando seu primeiro sorriso em muito tempo.

Luna estava com um pouco de esperança dentro de si, e isso era bom. Lenon agora precisava começar a fazer perguntas, mesmo não sabendo por onde começar, talvez partindo do princípio, ele chegue a alguma pista de como acabar com o site e as pessoas por trás dele.

Enquanto isso em uma sala de escritório da Interpol na China, uma detetive brilhante chamada Sophia, recrutada na cidade de Nova Iorque, e transferida para uma unidade em Hong Kong na China, estava começando a reunir pistas sobre a origem da rede TOR. Suas pistas sobre a origem ter sido na China, estavam corretas, mas era como procurar agulha no palheiro, em meio a tantas pessoas, quase 40% da população chinesa batia com a descrição do possível criador da rede TOR.

Assim como Lenon, Sophia também precisava fazer as perguntas certas. Porém estava no local errado, Hong Kong não é o melhor local para se procurar um criminoso que criou uma das maiores redes de navegação do mundo. Não, ela esqueceu desse detalhe, achou que um hacker desse nível se misturaria em meio a multidão, o perfil que Sophia construiu em suas investigações ao longo dos anos, descrevia um jovem-adulto, pela casa dos vintes e poucos anos, beirando os trinta, sociopata, de classe média-alta, que provavelmente vive em uma cidade grande e trabalha na área de TI.

Mas, Lenon por dois detalhes não se encaixa completamente no perfil criado por Sophia. Lenon é antissocial, sempre viveu recluso e com poucos amigos, a maior parte deles, virtual. E nunca trabalhou na área de TI, no máximo foi secretário de seu pai na época da faculdade, mesmo assim, era só responsável por atender telefonemas importantes e agendar reuniões para o Pai, era sua forma de conseguir ficar um pouco mais próximo dele. O pai de Lenon, ficou mais dedicado ao trabalho depois da morte da esposa.

Sophia saberia onde está errando, quando uma pista surgiria. Navegando pelo Sub Reddit criado para coisas vista da intitula Deep Web, um comentário chamou a atenção de Sophia.

Lenon estava explicando a Luna como funcionavam as coisas no mundo, explicou sobre governo, sobre capitalismo, comunisco e como seu pais controlava a população e o quanto isso era errado de muitas maneiras. Lenon notou uma certa facilidade na garota para aprender, ela prestava atenção em tudo, e gostava de escutar o que Lenon tinha para dizer. Após um dia cansativo, em que falou bastante, já que teve que explicar tudo pra Luna, colocou ela no pequeno quarto que ele preparou pra ela, Lenon não queria que a menina perdesse o gosto pela vida, então preparou um quarto rosa, mesmo que não fosse a cor preferida dela, e o decorou com coisas infantis, uma cama macia e quente, livros, um computador que ensinaria ela a usar no dia seguinte. Após colocar Luna na cama, Lenon sabia que seu comentário atrairia uma certa atenção, pois foi descuidado.

Lenon então levou seu notebook com sua internet móvel, para uma outra casa que ele sabia estar abandonada, em uma ilha próxima. Lá, ligou o gerador do local, posicionou o notebook ligado no escritório abandonado do local, e implementou uma bomba pequena, a explosão não causaria muitos danos, mas destruiria o equipamento. A bomba acionaria no momento que fosse aberto.

Sophia começou a querer saber mais sobre o autor do comentário, então viu que seu perfil tinha pouca coisa, que o perfil "LeeJaiug23" estava inscrito em alguns sub reedits de memes, além do "Coisas da Deep Web". Resolveu então rastrear o IP do usuário, seguindo pelo seu último comentário. A localização surpreendeu Sophia, era em uma ilha, na costa da China, pequena, poucas casas. A localização deu exatamente em uma casa, mas o responsável pela casa não era da área de TI, era de um senador. Que tinha um filho que se encaixava em boa parte do perfil estabelecido por Sophia, mas não era da área de TI também. Mesmo achando suspeito, contactou seu parceiro.
— Oi, desculpa o horário, mas acho que consegui uma localização.
— Sophia, são 3 horas da manhã, você não tinha uma pista nova a semanas, e agora tem uma localização?
— Sei que parece loucura, mas vou te mandar os dados por email do que eu achei.
— Espero que valha a pena, sabe que odeio ser acordado atoa.
— Acredite, você vai me agradecer qualquer dia desses.

Sophia desligou a chamada, fez um PDF com os prints e enviou para seu parceiro. Pela primeira Sophia estava se sentindo confiante de estar avançando numa investigação tão difícil, mas algo não estava certo e ela sabia disso, porém queria ignorar essa sensação, para Sophia, isso significava que pela primeira vez ela estava a frente de um dos maiores detetives do mundo, ela conseguiu algo, não ele.

Sophia foi para sua varanda, acendeu um cigarro, e enquanto fumava e olhava aquela cidade vazia, procurava dentro de seus tragos, encontrar um pouco de paz. Sua mente estava sempre em um turbilhão, com poucas noites de sono, e sempre sozinha. Sua vida era totalmente dedicada ao trabalho, raramente tinha tempo para ver sua mãe, ou os amigos que deixou no Estados Unidos, também não tinha tempo para encontros, no máximo conhecer estranhos na internet. Enquanto curtia seu devaneio, o telefone tocou, interrompedo a sensação de Sophia, de estar em paz, nem que por um instante.

Sophia pegou o telefone e voltou para a sacada, para terminar seu cigarro.
— E ai, valeu a pena te tirar da cama as 3 da manhã?
— Se isso aqui for verdade, e for realmente a pessoa que criou essa merda, sim.
— Reúna o pessoal, partimos as sete horas.
— Tudo bem, te encontro no Píer.

Sophia desligou, olhou a hora, e viu que aquela seria a noite que ela não conseguiria dormir, pegou um café e voltou para o computador.

Lenon, após armar a armadilha, voltou para sua casa, em sua ilha. O fato de ser de madrugada, facilitou para que sua armadilha fosse feita rápido, sem ser visto, sem atrair a atenção. Voltou para casa, e deitou na sua cama, Lenon não gostava de ter que fazer isso, mas ele não quer que façam perguntas, acredita que ninguém está investigando esses crimes que estão rolando na Deep Web, por achar que são lendas urbanas. Mas Lenon quer provar o contrário, mesmo não sabendo que a Interpol está procurando por ele.

Deep: Perigos VirtuaisOnde histórias criam vida. Descubra agora