Centralia, 1881.
Era noite naquela pacata cidadezinha chamada Centralia, localizada na Pensilvânia, era junho de 1881 um ano considerado muito frio. Naquela cidadezinha o sol quase não aparecia, estava sempre nublada como se fosse eternamente noite, apenas em determinada época do ano o sol aparecia, mas era somente por um mês. À sua volta havia uma imensa floresta sombria que dava medo só de olhar para dentro dela. Centralia continha um povo muito supersticioso, assim ninguém se atrevia a entrar naquela floresta. Às dez da noite todos deveriam estar dentro de suas casas e que não saíssem em hipótese alguma, apenas no dia seguinte quando os poucos raios solares apareciam e o "mal" fosse embora.
Diziam as pessoas de Centralia que dentro da floresta vagavam criaturas maléficas como demônios, bruxas, lobisomens e até mesmo vampiros. Claro, para eles era tudo uma superstição e não entravam mesmo na floresta por medo de se perder ou por medo de acabar comprovando suas lendas. Todos tinham medo de ficar até tarde nas ruas e quando o ponteiro apontava para às oito da noite logo se trancavam dentro de suas casas. Os que ficavam nas ruas geralmente eram andarilhos ou pessoas que não acreditava naquelas crendices.
Centralia era uma cidade turística, vários americanos iam para lá conhecer a famosa "Cidade Sombria" da Pensilvânia e muitos, nunca voltavam. Apesar dos frequentes desaparecimentos as pessoas pareciam não se importar, como se tudo aquilo fosse comum.
Aproximava-se o grande festival de Centralia. Chamava-se Rubrum Luna que vem do Latim significando Lua Vermelha ou Lua Rubra, alguns chamavam também de Lua de Sangue. O festival tinha esse nome devido a um eclipse que acontecia a cada cinquenta anos, onde a lua se tornava rubra como se estivesse sangrando, o mesmo durava uma semana onde as pessoas da cidade trabalhavam apenas em vendas ou algo do tipo. Apenas quem festejava eram os turistas e alguns poucos cidadãos, porém, somente no último dia era quando realmente o eclipse acontecia e ao seu término, dava-se o encerrando do festival.
O festival em si era por causa da crendice do povo de Centralia, e todo ano eles comemoram por uma semana suas crenças que eram voltadas para as criaturas místicas. Quem aproveitava, no entanto, não eram os turistas ou a população da cidade, mas sim outros seres...
***
Violet caminhava por um cemitério completamente vazio e mal iluminado, estava com suas típicas roupas negras com uma longa capa por cima, a mesma possuía um capuz que cobria a sua cabeça. No cemitério havia bonecas de porcelana quebradas jogadas por todos os cantos, algumas com roupas parecidas com as dela e outras não, mas todas com os olhos e a boca riscados.
Andava a passos lentos não se importando de estar sozinha ou não, apenas mantinha sua expressão gélida no rosto como se seu corpo não possuísse sentimento algum, mas com a cabeça erguida indicando ser alguém de grande poder que não temia nada nem ninguém.
Ela caminhou até o centro do cemitério de Centralia e ali parou.
— E então? – perguntou aparentemente para o nada.
Um homem encapuzado apareceu das sombras e se aproximou, porém manteve certa distância como precaução.
— Tudo pronto para o Festival – respondeu e pela voz podia-se perceber que tinha uma idade mais avançada, mas não deixava de ser disposto e ativo.
— Willhelm, sabe muito bem que se algo sair errado quem pagará é o povo da sua cidade.
— Sim, Demons, está tudo pronto. Nada escapará daqui e em troca, você não nos machuca.
— Como o combinado – disse virando-se para ir embora. — E, Willhelm?
— Sim? – perguntou cauteloso, pois sabia muito bem que a dama à sua frente era perigosa.
— Nada de imprevistos.
— Claro.
Aquilo não era um pedido, mas sim uma ordem. O homem encapuzado que Violet chamara de Willhelm ficou a encará-la enquanto ia embora. Certamente era uma bela mulher e faria de tudo para ter uma boa transa com ela, mas isso era impossível e qualquer tentativa custaria sua vida; sendo assim, foi embora.
— Sona – chamou Violet e a vampira apareceu. Ela usava um vestido todo negro, mas cheio de babados. Em sua cabeça estava um pequeno acessório como o que as empregadas usavam e que a deixava fofa. Em suas mãos, usava luvas parecidas com a de Violet, mas as dela não deixava os dedos à mostra.
— Sim, mestra?
— Como foi? – perguntou se referindo a um assunto que tinham discutido mais cedo.
— Presença confirmada.
— Ótimo! – disse dando um sorriso macabro que fez Sona tremer.
— Não pretende arrumar confusão, não é mesmo? – Perguntou meio receosa.
— Claro que não, quero apenas dar uma festinha de Boas Vindas à morte. Este realmente vai ser o melhor festival de todos – sorriu.
— Não creio que seja uma boa ideia fazer isso.... Eles podem...
— Eles não podem fazer nada! – cortou ríspida pondo um fim àquele assunto.
— Sim...
Caminharam por alguns instantes dentro da enorme floresta até que chegaram a uma mansão escondida no meio desta. A mansão era no estilo gótico com telhados em formas de torre, gárgulas em certas molduras e um aspecto de mansão antiga. Na frente da mesma havia um túmulo torto e velho, onde quase não dava para ler o nome escrito. Por dentro da mansão havia a mesma arquitetura gótica, mas esta não parecia ser tão velha quanto por fora. A sala contava com um belo lustre com ar medieval, uma lareira acesa e dois sofás vermelhos.
Violet jogou sua capa no sofá e deitou-se relaxando. Ela apenas ergueu a mão e Sona lhe entregou uma taça com vinho, saboreou-o para logo em seguida passar a língua nos lábios.
— Trouxe o que eu pedi? – perguntou olhando para Sona que estava ao seu lado em pé.
— Sim.
— Traga-o aqui e espero que não me decepcione na escolha.
— Não lhe decepcionarei – disse se retirando da sala.
Passados alguns minutos Sona reaparece, trazendo consigo alguém. Um belo homem de cabelos castanhos e olhos de mesma cor, sem camisa e apenas de calça. Sua boca estava amordaçada e suas mãos presas com corda nas costas. Com certeza mais um turista a vagar pela cidade de Centralia.
Violet ao ver o belo rapaz sentou-se no sofá e começou a encará-lo. Sona o coloca de frente para a dama fazendo-o se ajoelhar perante ela.
— Oh, realmente não me decepcionou Sona – falou passando a mão pelo rosto do rapaz e tirando-lhe a mordaça.
— O que pensa que está fazendo, suas loucas? – gritou irritado, mas temeroso do que podia lhe acontecer.
Violet fez uma cara de desgosto e Sona estremeceu.
— Meio barulhento, mas serve – ao escutar isso um alívio passou pelo corpo da serva, não gostava de deixar sua mestra irritada.
Violet lentamente passa as mãos pela barriga definida do homem à sua frente e dá um sorriso malicioso.
— Veremos o que farei com você – disse sussurrando em seu ouvido de forma maliciosa e macabra.
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Porcelana - Rubrum Luna
VampireOBRA PUBLICADA! TODOS OS DIREITOS RESERVADOS! CAPÍTULOS DE DEGUSTAÇÃO COMPRE AQUI - http://www.lojayoungeditorial.com/home/Porcelana Nos corações dos habitantes de Centralia, vivem superstições que só poderiam existir em seus mais profundos pesadelo...