Capítulo 2

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Erica chegou ao seu apartamento por volta das vinte e três horas, após uma viagem tranquila e sem grandes anormalidades.

Abriu a porta do quarto e deixou a bolsa em qualquer canto. Adorava os fins de semana, quando podia passar mais tempo descansando e longe daquelas sessões de autocontrole a cada esbarrada com Brian na empresa. Nada mudara a esse respeito. Nada mudaria. Brian dificilmente desistiria dela.

Tinha sorte, supunha, em ter conseguido aquele apartamento graças à ajuda dele... embora soubesse que sempre houve segundas intenções, não deixou de ter sido um apoio de qualquer forma. Erica sequer conseguia imaginar como teria sido sua situação, pois era uma época ruim em encontrar um bom apartamento e ainda tinha que ser dentro de seu orçamento, o que tornava tudo mais desesperador.

Sentou-se na frente de sua penteadeira e começou a retirar a maquiagem. Seus pensamentos a levando ao primeiro dia em que conheceu o grupo Smith&Landon e toda a carga emocional que aquilo ocasionou.

Longos anos de estudo e dedicação a fizeram crescer e amadurecer precocemente dentro das possibilidades que lhe foram apresentadas. Erica nunca teve uma escolha, o destino a presenteou com algo que não era o que ela queria, mas teve que aceitar.

O projeto surgiu em parceria com Mathews e Eliza, mas a base havia sido construída inteiramente por Erica. Em tempos de pensamentos autodestrutivos, se viu motivada a realizar algo renovador, que pudesse não somente trazer mudanças à sua vida, mas na de tantas pessoas necessitadas e que por alguma razão não possuíam condições de obter uma casa para abrigar a própria família. A satisfação de Erica em ter conseguido o investimento vinha exclusivamente daquelas pessoas humildes, mas que não deixavam de serem guerreiras. O gosto amargo da impotência era algo terrível de se sentir e Erica mais do que ninguém conhecia aquele sabor.

De volta a sala, vestia uma camisola simples. Sentou-se no sofá antes de ligar a televisão. Em determinado momento se pegou fitando o teto, sem ao menos conseguir prestar atenção no filme. Recordava os acontecimentos daquela noite quase com determinação masoquista. Ainda sentia a pressão dos lábios de Brian, a ereção junto ao seu corpo trazendo outras lembranças que por mais que tentasse apagar da memória, era impossível. Brian a marcava em cada investida simples, com cada olhar e com cada palavra suja.

Suspirou frustrada com aquelas sensações e decidiu desligar a televisão. Ao se levantar na intenção de ir para o quarto, sentiu o coração disparar ao ouvir a campainha tocar. Só havia uma pessoa que apareceria àquela hora. Uma pessoa folgada o bastante para ignorar qualquer necessidade de repouso das pessoas.

A campainha tocou de novo, insistente. Se ela não permitisse a entrada, havia a possibilidade de ele acordar outro morador. Seguiu até a porta e acendeu a luz.

- Quem é? – indagou, cautelosa, esperando que fosse um engano.

- Quem você acha que é? – veio a resposta rude. – Abra a porta. Agora!

Deitou a testa na porta completamente nervosa com aquela situação. Pela irritação dele provavelmente a barbie ambulante contou sobre a conversa que tiveram.

- Brian vai embora, por favor. – pediu ela, em tom pacifico. – Já passou da meia noite e tem pessoas dormindo...

- Prefere que eu arrombe, então?

Praguejou baixinho e fechou o cordão do robe sobre sua cintura. Não aguardou um segundo toque decisivo antes de atender. Brian parecia ocupar todo o vão, a expressão era uma previsão do que se seguiria. Entrou sem ser convidado, forçando-a a abrir passagem para não ser atropelada.

Um Cafajeste no meu pé (Livro 2 da série Cafajestes_ APENAS DEGUSTAÇÃO )Onde histórias criam vida. Descubra agora