Introdução

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  CLARKE

- E agora, Princesinha? Sua mãe está morta e você é toda minha. – Aquele homem que normalmente as pessoas chamam de meu pai riu de forma zombeteira, fazendo com que eu sentisse vontade de lhe socar a cara. Eu não tinha nem 10 anos ainda quando minha mãe morreu de uma doença inexplicável.

Jake era um bêbado, um bêbado e um desgraçado pedófilo que só tinha amado a si próprio. Ele estava desempregado e era um filha da puta preguiçoso, eu era apenas uma criança quando ele disse que eu iria sustentar a casa, não havia entendido o que ele queria dizer com aquilo.

- Você é uma menina muito bonita... – Ele sorriu acariciando minha coxa. Estremeci de nojo e me afastei dele no sofá. – Podemos ganhar dinheiro com você. – Ele se levantou e eu o olhei confusa. – Venha, Princesa...Vamos a um lugar muito legal e tenho certeza que você trabalhará bem, eu trenei você. – Ele gargalhou e eu continuei séria no sofá.

- Eu não quero ir. – Murmurei baixo fazendo com que o sorriso dele se desmanchasse dando lugar a uma carranca.

- Desde quando eu te dou escolhas?! – Ele puxou meu braço me obrigando a levantar, gritei. – Cale a boca! – Ele deu um tapa em meu rosto trazendo lágrimas ao meu rosto.

Eu o odiava, o odiava com todo o meu coração...Ele arruinou minha vida.

- Essa é a princesinha que você tanto fala, Jake? – Um homem que aparentava ter uns 40 anos deslocado de terno naquele prédio esquisito num beco sorriu para mim.

- É essa mesmo, Jaha, me proporcionou muitos bons momentos. – Aquele homem que deveria ser meu pai sorriu e senti meus olhos arderem, havia acabado de perceber pra que eu estava ali, ele iria permitir que outros homens tocassem em mim da mesma maneira que ele fazia, por dinheiro.

- Você não pode fazer isso comigo! – Gritei sentindo as lágrimas descerem sobre minhas bochechas. – E-eu vou contar pra alguém! Você disse que eu não deveria contar porque minha mãe estava morta se eu contasse, mas e agora? Ela está morta e você vai pra cadeia! – Antes que eu saísse correndo Jaha me segurou apertando meu braço com força.

- Porque dessa vez quem vai morrer se você contar será você, não importa se seu pai for preso, ou até se eu for preso...Algum dos meus subordinados irá até você e te estuprará e matará você...É isso que você quer? – O homem negro estava calmo e eu desesperada.

- Então filha, você decide, ou faça isso funcionar e trabalhe para que tudo der certo ou morra....Eu prometo que usarei o dinheiro pra comprar cereais e coisas legais pra você. – Ele apertou meu ombro enquanto eu tremia da cabeça aos pés.

- Hm...C-erto. – Eu olhei para Jake que não se comoveu nem um pouco com meu rosto contorcido em dor.

O homem que deveria me proteger me usava como brinquedo e agora me venderia, a única pessoa no mundo que parecia me amar era incapaz de enxergar minha dor e agora estava morta, eu não tinha ninguém que se importasse comigo.

- Certo, Clarkezinha...Faremos um contrato e quem sabe você não cresça conosco, terá muitas amiguinhas e até amiguinhos pra você por aqui. – Jaha sorriu daquela maneira calma que me assustava.

(...)

- Então...É sua primeira vez aqui, Princesa? – Olhei aquele homem alto e barbudo tentando não demonstrar repulsa. Queria que ele parasse de me chamar de princesa como meu pai, queria que ele se afastasse de mim e me deixasse sair desse quarto estranho.

- Sim. – Sussurrei fazendo-o sorrir.

– Isso significa que é virgem? – Ele perguntou com um brilho maldoso nos olhos.

- Não. – Respondi seca encarando o chão.

- Como não? – Ele perguntou desapontado.

- Meu pai...

- Ah. – o olhei por um momento tentando achar pena, compaixão...Algo que mostrasse que ele tinha algo de bom, mas a única coisa que encontrei foi um sorriso malicioso.

- Então você é experiente, legal ,menina, tire a roupa. – Ele começou a desabotoar a camisa enquanto eu encarava a porta imóvel.

- Ande logo! Eu paguei para isso, não para conversar.

(...)

Daquele dia em diante minha vida se resumia aquilo, eu estudava e tentava manter minha boca fechada, meu pai bebia todos os dias e me comprava algo bom uma vez por semana. Eu sujava meu corpo todas as tardes ou noites, deixava que fizessem tudo comigo sem reclamar. Eu chorava todas as noites, mas depois de um ano eu parei de chorar, eu parei de sentir, eu não amava, eu não lembrava nomes, eu era uma máquina.

Durante minha adolescência as outras pessoas começaram a ser extremamente intrometidas e eu era obrigada a contar para meu pai e ele me trocava de escola, isso havia acontecido 3 vezes. As minhas vontades de contar tudo nunca acabavam, as minhas vontades de morrer nunca acabavam.

Até que um dia, quando estava quase completando 18 anos, meu pai apareceu morto no chão da cozinha. Eu não chorei, não senti nada além de alívio. Peguei o telefone para ligar para Ambulância me perguntando o que eu iria fazer agora. Jaha havia me oferecido emprego em Los Angeles, e eu não aguentava os olhares de certos homens de Lima, Ohio. Homens que foram meus clientes tanto quando criança quanto agora.

Larguei o telefone e fiz uma mala com minhas coisas, liguei para Jaha e aceitei o emprego em Los Angeles, iria arrumar um jeito de sair daquilo arrumaria algo lá. Eu não queria ser adotada e não achava que alguém estaria desposto a adotar uma garota de 17 anos. Fechei a porta de casa desposta a deixar o corpo de Jake para a Ambulância.

CONTINUA...

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