Não desistir.

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Quando foi a última vez?

Clarke se perguntou quando sentiu o braço de sua salvadora rodeando sua cintura protetoramente. Com o rosto ruborizado a loira tentou olhar o rosto da garota que a segurava, mas o rosto dela estava enfiado nos cabelos loiros. Com um bocejo Lexa se remexeu sem se importar com o peso em cima de sí.

- Bom dia, Clarke. – A morena piscou sonolenta.

" Deus... Eu não quero ir" – A loira pensou se sentindo deprimida.

- Bom dia, Lexa.

Era normal? Lexa se perguntava. Quantas vezes você encontra uma pessoa que não conhece na rua, a defende, e então sente como se fosse seu dever e sua vontade cuidar dela fazê-la rir e tirar sua dor quando nem ao menos sabe quem a pessoa é realmente era? Isso confundia a morena, mas nunca tirava sua calma.

- Você gosta de waffles? – A de olhos verde sorriu. Nenhuma das duas parecia desposta a se mover.

- Gosto.

- Você é sempre quieta assim ou isso é timidez ou algo do tipo?

- Eu não sei. – Clarke franziu as sobrancelhas fazendo Lexa rir.

- Certo, então nós vamos nos conhecer e você vai me contar o que está acontecendo, se não eu não vou poder te ajudar.

- Tudo bem. – A loira se levantou repentinamente desconfortável.

(...)

- Então, Clarke...Se tem uma coisa que eu odeio é mentira. – Os olhos da garota a frente se arregalaram com a seriedade na feição de Lexa.

- E-eu...Não sei por onde começa. – A loira respondeu nervosa.

- Fica tranquila, não vou te bater nem te expulsar ou te odiar...É só que...Eu quero te ajudar, não te julgar, não tomar conta da sua vida...Mas pra isso preciso saber.

- Eu sou prostituta...Era.

As sobrancelhas de Lexa se ergueram. Clarke abaixou a cabeça, pela primeira vez em muito tempo sentindo vergonha do que era. Apesar de com tempo ter aprendido a secar todos os tipos de sentimentos humanos de seu corpo, a morena parecia preenche-la com sentimentos que a faziam sentir como criança.

- Desde quando?

- Desde os 9 anos.

Então Clarke contou.

Contou que era apenas uma criança, uma criança de 5 anos de idade que gostava de desenhar e de abraçar a mãe sempre que podia quando Jake a tocou pela primeira vez. Que ele havia dito que se ela contasse algo sobre aquilo para alguém ele levaria a mamãe embora. Que depois de 2 anos Abby, a mãe da garota de repente do nada e morreu 1 ano depois. Que depois daquilo seu pai havia levado-a a um lugar estranho num lugar estranho e a dado para um homem chamado Jaha que vendia seu corpo para homens, pegava uma parte do dinheiro e a outra dava a seu pai.

Contou como foi difícil esconder aquilo das pessoas a sua volta, que na pré adolescência era obrigada a esconder suas marcas, obrigada a manter seu corpo sempre meio coberto, obrigada a ficar em casa caso algum cliente a machucasse num lugar visível. Perdeu o resto de sua infância e toda sua adolescência porque não era capaz de manter uma amizade com ninguém sem ser trocada de escola ou simplesmente ficar fora do ar, cada dia que passava sentia que um pedaço de sua alma era consumido.

Contou que Jake morreu na cozinha mas que nunca quis saber do que, com apenas 17 anos queria que seu pai ardesse no inferno. Pegou sua mala e pediu emprego para Jaha porque achava que poderia sair daquilo e ter uma vida de verdade...Só que não podia, era propriedade daquele homem desde o momento que Jake a entregou para ele.

Contou como pensava em se matar com frequência, já que não sentia que seu valor como pessoa, sentia-se como um cadáver sem emoções, uma marionete. Contou que tentou fugir daquilo porque sabia que não seria capaz de matar alguém por mais demoníaco que fosse. Contou que graças a Lexa não foi estuprada e morta por diversos homens naquele beco.

Lexa havia salvado a garotinha de ser machucada.

Havia a salvado de mais formas que Clarke não era capaz de explicar.

- Fala alguma coisa. – A loira suplicou enquanto secava o rosto. A postura de sua salvadora preocupava Clarke. Coluna reta, punhos cerrados, maxilar travado no lugar, tão séria que a assustava, parecia querer quebrar algo invisível em sua frente.

- Existe... – Lexa respirou fundo tentando não se descontrolar. – Existe muitos lugares?

- Existe em lugares diferentes da cidade, estado e até país.

- Eu... – A morena se levanto coçando a cabeça com força bagunçando o cabelo com raiva. – Não posso, Clarke...Não posso seguir minha vida vendo o que fizeram com você...Eles destruíram sua vida, e eles estavam, estão e vão destruir mais. Não consigo dormir dessa maneira, agora que eu sei sobre isso, eu tenho a escolha de deixar pra lá...Fugir como uma covarde ou lutar contra isso.

- Do que você tá falando? – Clarke encarou preocupada. – Eu vou me entregar, Lexa, então ninguém vai vim atrás de você, mas se vier você vai fugir.

- SE ENTREGAR? EU NÃO FIZ TODO AQUELE ESFORÇO PRA VOCÊ DIZER QUE VAI DESISTIR?! VOCÊ NÃO VAI DESISTIR, CLARKE! – A morena explodiu deixando a loira congelada com o susto. – Me desculpa...Eu só...Não faça isso, Clarke...Por favor, tente por mim.

- Mas o que podemos fazer? Vão matar a gente se eu não me entregar.

- Não se matarmos eles primeiro.

- O que? – Clarke a encarou incrédula. – Você é louca e eu não sabia.

- Eu não sou louca...Bom talvez eu seja, mas quem liga?

- Como pretende fazer isso? – A loira questionou descrendo que Lexa teria uma solução.

- Vou ligar pro meu irmão Lincoln, ele é do exército.

CONTINUA...

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