Anjo

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   13 anos, estou trabalhando como prostituta a 13 anos e eu não queria mais essa vida. Conseguir um emprego para viver em Los Angeles não era tão fácil como parecia, ainda mais quando não se tinha ensino médio completo.

Meu pai havia estragado minha vida e me enfiado num buraco onde eu não era capaz de sair. Jaha estava obcecado por mim, a dois anos atrás quando pedi para sair e tinha arrumado um emprego de caixa de supermercado ele disse que eu não podia sair, que eu era dele e que se eu ousasse fugir ele ia cumprir o que tinha dito à 13 anos atrás, ele mandaria seus homens me estuprar e me matar lenta e dolorosamente. E eu sabia que não tinha escapatória, aquela rede de prostituição era enorme, tinha em vários estados e até mesmo em países diferentes, todos interligados.

Eu pensava em suicídio durante ¾ do meu dia, pensava em assassinato na mesma proporção. Cada ano que passava me sentia mais vazia, mais decepcionada com a humanidade. O que eu havia feito pro mundo? Ou ele era realmente toda essa merda que eu via? Não tinha mais a esperança de algo bom pra mim nessa vida. Não tinha mais aquele apreço pela minha vida...Afinal, o que era algumas horas de sofrimento mais uma paz infinita no lugar de sofrimento até a morte, eu precisava tentar já que não tinha nada a perder a muito tempo.

- São 300 dólares, Jack, sabe muito bem como funciona. – Vesti meu vestido sem me preocupar com roupas intimas, eu iria tomar banho assim como fazia com cada cliente.

- Certo, Princesa. – Ele jogou as notas na cama mal arrumada e me deixou sozinha. Olhei para de baixo da cama procurando minha mala e a joguei na cama. Puxei 100 dólares do bolinho de dinheiro amassado e respirei fundo olhando para a pequena janela que ficava no terceiro andar. Aquela era a minha saída para a liberdade, pequena, suja e quebrada.

Subi na cama e olhei o beco pela janela, vazio e molhado graças a chuva que tinha caído a tarde. Quase morri do coração quando a porta se abriu e Linda que fazia a limpeza dos quartos entrou emburrada.

- O que você tá fazendo, maluca? – A mulher que tinha 35 anos mas ainda tinha corpo de 20 perguntou confusa.

- Eu vou fugir. – Confessei calma. Aquela era a única mulher em que eu confiava em anos, eu sabia que ela nunca me entregaria.

- Boa sorte com a queda...Espero que te matem com pouca dor. – Ri amarga, sabia que aquilo não era uma piada, ela sabia o que acontecia com quem fugisse.

- Obrigada, Linda. – Puxei a gambiarra de lençóis que havia feito para fugir e amarrei na grade de ferro da janela que mais se assemelhava com a grade de uma prisão. Isso tinha que dar certo, ou eu morreria hoje mesmo.

Joguei a mala e apertei meus olhos rezando para o barulho não ser muito alto, suspirei com o baque que ouvi e observei Linda que limpava o esperma em cima da minha mesa com nojo. Eu sentiria falta dela? Talvez, eu não sabia o que era sentir coisas boas por alguém a muito tempo.

- Tchau, Linda. – Subi nos ferros da cama e me encolhi para passar na janela sentindo-me meio tonta mesmo sendo uma altura não tão grande. Segurei firme no tecido sentindo meu coração martelar contra meu peito.

- Tchau, Clarke! – Ouvi ela dizer enquanto descia devagar pisando na parede do prédio. Soprei o ar gelado e fechei os olhos enquanto descia devagar. Estava no indo para o segundo andar quando ouvi gritos vindo do meu quarto, meu desespero havia crescido. Senti o lençol ser repuxado e tentei descer mais rápido mas alguém havia soltado os lençóis e eu gritei quando despenquei de costas no chão batendo com a cabeça. Senti o mundo se duplicar diante dos meus olhos e tentei me levantar mais só consegui gemer.

- Então você é suicida o bastante pra tentar fugir, Princesa? – Ouvi a voz do Jaha e tentei segurar as lágrimas, eu não ia conseguir.

- Eu tenho tanto apreço por você, você é a melhor da casa e eu te trato com tanto carinho...Mesmo assim você como uma verdadeira vadia prefere fugir. – Ele chutou minha costela e sentir o ar dos meus pulmões saírem de repente.

- por favor... – Sussurrei. – Me mata agora. – Tremi no chão frio enquanto ele ria sendo cercado pelos seus seguranças, eu sabia que não seria tão fácil assim.

- Você acha mesmo que é tão fácil assim...Clarke? – Ele disse com sua calma usual enquanto eu me sentava incapaz de fugir. – Eu quero mais do que qualquer coisa manter você viva...Você me proporcionou muito prazer. – Ouvi os homens em volta dele rirem e comecei a chorar em silêncio. Eu fazia isso as vezes e agora seria a última vez que chorava...Se eu aguentasse firme, logo acabaria, eu morreria e iria para o céu com a minha mãe ou inferno com meu pai.

- Eu posso voltar a trabalhar pra você por um ano de graça. – Tentei manter meus olhos nos dele mais falhei.

- Seria bom, mas antes terá que aprender a não me preocupar as 2 da manhã...Eu estava a sua procura pra um pouco de carinho....Foi um momento perfeito, se não você teria ido.

- O que vão fazer com a Linda? – Perguntei enquanto tentava me manter sentada, minhas costas doíam e minha cabeça pesava.

- Ela terá o mesmo tratamento, sorte que estou de bom humor...Dei ela para os clientes de graça. – Ele riu e os homens acompanharam como se ele tivesse contado a melhor piada.

Eu queria matar todos eles.

Então Jaha se aproximou.

- Levantem ela. – Ele ordenou e logo dois homens puxaram meus braço fazendo-me gemer de dor. – Levem-na pro fundo do beco e tirem a roupa dela, eu já volto. – Então me puxaram para a escuridão do fundo.

Meu peito subia e descia em pânico enquanto sentia minha visão se limitar a sombras grandes a minha frente. Senti meu vestido ser levantado com brutalidade e minha parte superior ser rasgada enquanto os outros riam.

- Por favor, não façam isso! – Gritei e senti um tapa acertar meu rosto com força.

- Cala a boca, vadia não fala. – Um dos homens respondeu seco. Engoli o choro enquanto sentia o sangue escorrer em meus lábios.

" Acabou..." – Fechei os olhos enquanto sentia a dor de dedos masculinos invadindo minha intimidade com força. Até que ouvi um grito, era Jaha. Não sabia o que estava acontecendo, não enxergava o que estava acontecendo mas ouvia os gritos de uma mulher e eles pareciam estar lutando. Eu não sabia o quão louca era aquela mulher e nem tinha forças para imaginar, escorreguei na parede assim que o homem sai de mim sentindo meu corpo todo doer enquanto sacudia com meu choro desesperado.

Então de repente tudo havia se acalmado, tentei enxergar quem vinha em minha direção mas minha cabeça doía como o inferno. Olhei os corpos caídos no chão e me perguntei se estavam todos mortos.

- Você precisa vim comigo, moça...antes que eles levantem. – Tentei focar nos grandes olhos em minha frente enquanto ela me puxava e colocava um casaco quentinho em volta de mim.

" Quando foi a última vez que alguém fez isso pra mim?" – Me perguntei tonta enquanto ela me carregava.

- Mala. – Sussurrei.

Não entendia como alguém pequena como ela tinha tanta força, mas assim que senti seus músculos definidos colados no meu corpo percebi que ela era realmente forte. Me inclinei sobre ela e senti o quão pesada estava sua respiração, o quanto seu coração batia descontrolado como o meu a minutos atrás. Senti o perfume doce de sua pele e sorri, sorri verdadeiramente porque alguém veio para cuidar de mim...Finalmente minha mãe tinha mandado um anjo pra mim.

CONTINUA...

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