F.U.

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Apesar de ter acordado triste por estar indo embora, nada superava a sensação maravilhosa da noite passada. Eu estava sentada diante do espelho sorrindo para o reflexo do mesmo olhando o colar em meu pescoço e me lembrando de Baker. Sabia que ele iria manter contato, aquilo realmente estava acontecendo comigo, havia conhecido um cara legal e não conseguia tirar o sorriso do rosto, tanto que até ria disso.
- Olha só, ela ta toda bobinha apaixonada. - Jesy comentou com uma risadinha e as outras também riram assim como eu.
- Sabia que essa viagem faria bem pra você, mas não sabia que ia trazer um boy magia de brinde! - Leigh afirmou rindo mais ainda com as meninas.
- Jed acabou de mandar mensagem perguntando se a gente já ta indo, ele ta morrendo de saudade. - Jade disse com um sorriso enorme no rosto olhando pra tela do celular. - Já vou marcar nosso encontro duplo! - ela completou olhando pra mim e eu comecei a rir enquanto Jesy fazia cara de indignada.
- Hey, eu também quero ser incluída no encontro! - ela reclamou e nós todas rimos.
- Ok, sou a única solteira, que lástima. - Leigh fez bico fingindo tristeza e em seguida continuou rindo. - Caso precisarem de mim, estarei na balada. - piscou.
Continuamos rindo e esquecendo completamente de terminar a arrumação das malas que já estavam em cima da cama assim como as roupas. Pensei na possibilidade de que Baker poderia nos ajudar e peguei o celular em cima da mesa para mandar mensagem, mas o mesno segundo ouvimos batidas na porta.
- Hummm, será que o senhor confeiteiro veio fazer uma visitinha pra sua dama? - Jesy me lançou um sorrisinho malicioso e eu ri.
Estava animada com a ideia dele ter vindo sem eu nem ter chamado. Jade levantou correndo e foi até a porta a abrindo rápido, mas não era o Baker que estava ali.
- Vocês são Jade Thirlwall, Jesy Nelson, Leigh-Anne Pinnock e Perrie Edwards? - um dos vários policiais que estavam ali perguntou, sério.
Nos encaramos no mesmo momento, sem reação, totalmente pasmas. Mas logo me passou pela cabeça a invasão da joalheria do Baker, com certeza era aquilo...
- Sim, somos. - respondi rápido, me levantando.
- Poderiam nos seguir até a delegacia, moças? - outro policial perguntou educadamente.
E eu já ouvi Jesy xingar um milhão de palavrões baixinho.
[...]
- Suponho que estejamos aqui por causa da invasão à joalheria ontem. - me pronunciei, tranquila.
Estávamos sentadas em cadeiras na sala do delegado, ele usava um chapéu marrom velho e um bigode estilo Hitler que eu sabia que estava fazendo Jade ter um ataque de risos interiormente.
- Que ótimo, então vocês admitem rápido, assim facilita meu trabalho. - o delegado franziu a testa, admirado.
Arregalei os olhos, e as meninas praticamente saltaram de seus lugares, assustadas.
- Admitem? Como assim?! - Leigh questionou.
- Que invadiram a joalheria Baker ontem e ajudaram em um grande roubo junto com o bandido Machine Gun Kelly! - o delegado afirmou parecendo ficar nervoso apenas de citar aquele nome.
As coisas não estavam fazendo sentido na minha mente, eu tentava compreender, mas não fazia sentido!
- Não invadimos! Nós fomos juntamente com o dono, o Baker! - Jesy exclamou, alterando o tom.
O delegado soltou uma risada fraca de sarcasmo e negou com um gesto de cabeça.
- Não posso acreditar que aquele cretino enganou turistas! - o mesmo passou a mão pelo rosto e soltou um longo suspiro.
- Poderia nos explicar, por favor? - pedi, sentindo minhas mãos tremerem já.
- Com muito prazer, minha jovem. - ele me lançou um sorriso forçado. - Vocês se envolveram com um bandido perigoso, Machine Gun Kelly. Ele já havia invadido a fazenda Baker algumas vezes, agora roubou todos os cavalos que eles tinham. Vocês praticaram um ato de vandalismo no karaoke deles enquanto Machine roubava as chaves da joalheria, ontem ele roubou um milhão de dólares em jóias! - o delegado explicou, com a voz afetada pela irritação.
Meu coração estava a mil, eu ouvia aquilo e não conseguia acreditar, estava boquiaberta, sem reação, sem saber o que sentir.
- Não é possível. - ouvi Jesy dizer com uma voz longe, porque meus pensamentos estavam perdidos do que estava acontecendo em volta.
- Mas ele também é um Baker, Colson Baker! - Jade afirmou, parecendo bem confusa.
- Colson Baker é o velho gordo e barbudo dono da joalheria, fazenda e karaokê! Ninguém sabe o verdadeiro nome do Machine. - o delegado disse bastante indignado.
Jade também ficou boquiaberta e nos encarou, apavorada. Leigh estava em choque ainda, não conseguia dizer e nem transparecer nada, estava sentada quieta olhando pra um ponto fixo. Ao contrário de Jesy que estava inventando até novos palavrões pra conseguir xingar, já eu... Eu sentia que devia chorar, mas não queria, estava com muita raiva pra isso e se chorasse seria de ódio.
Aquilo só podia ser algum tipo de piada de mau gosto com a gente, lembrar de toda aquela merda de enganação que passamos por uma semana! Vivendo uma mentira por quase sete dias! Agora estávamos numa delegacia a ponto de sermos presas, e onde estava o babaca causador de tudo?!
- E cadê ele agora? - Leigh finalmente se pronunciou.
- Fugiu pela madrugada, de carro, sumiu do mapa e não conseguimos achá-lo. Sinto muito, mas a culpa recai toda sobre vocês, que certamente também participaram dos atos. - o delegado respondeu, soltando mais um longo suspiro.
- O que?! Mas nós não sabíamos de nada! - Jesy quase gritou, totalmente irritada.
- Estou de mãos atadas. - ele levantou as mãos para o alto e deu de ombros.
- Eu vou ligar pro Jed! - Jade levantou rapidamente e pegou seu celular discando uns números.
[...]
Alguns policiais nos acompanharam até uma pequena cela ao fundo da delegacia, vi algumas lágrimas caírem pelo rosto de Leigh e não aguentei mais segurar, senti o choro me dominar enquanto entrávamos ali e um dos policiais trancava a porta.
Jesy andava de um lado pro outro, respirando fundo pra lutar contra uma crise de pânico, Jade tentava ajudá-la, mas estava igualmente abalada, Leigh sentou num canto do chão e tampou o rosto com as mãos.
Segurei naquelas barras de ferro da grade e senti o desespero aumentar dentro do meu peito, assim com o choro. Não queria passar nem sequer uma noite naquele lugar, não suportaria!
- Hey, meninas. - Jade nos chamou a atenção e me virei, a olhando assim como as outras. - Pelo menos estamos juntas. - ela afirmou, com um sorriso em meio a sua expressão de choro.
Nos encaramos, com um sorriso fraco, Leigh levantou do chão e fomos todas se juntar em um abraço grupal apertado que durou bastante tempo. Apesar de tudo, iríamos passar por aquilo unidas, e era o que mais importava!

No More Sad Songs (2017)Onde histórias criam vida. Descubra agora