PROLÓGO

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CAIO MONTEZ

A noite em São Paulo estava um pouco fria para quem precisava enfrentar o tempo lá fora. Eu estava com as mãos no bolso da calça jeans escura, sapatos e sem camisa de frente para os enormes janelões da suíte do hotel, observava a cidade que a poucos minutos estava sob uma chuva fina e que agora se transformará em grossos pingos. E o temporal desabou violento, era exatamente assim como me sentia nesse momento, como também a dois anos atrás.

Mas chegara o tempo de dar um basta nisso tudo. Hoje eu estaria de frente com ela, a mulher que foi capaz de atormentar-me nos últimos anos, foi difícil esperar para enfim ter esse encontro, precisei analisar e usar o que poderia ter ao meu favor. E agora estou aqui pronto para tomar aquilo que foi meu, e me foi negado.

Não tenho mais ilusões do amor que um dia confiei tão cegamente. Não! isso ficou para trás, quando me fizeram de idiota, um bobo que foi capaz de perder até mesmo a dignidade e o amor próprio ao implorar...

Meus pensamentos foram interrompidos pela batida na porta em seguida sendo aberta. Não me voltei para olhar quem era, só continuei a contemplar a tempestade pelas vidraças enormes da janela.

— Caio, ela acaba de chegar. Está na sala ao lado. E o jantar chegará em dez minutos.

Ouço aquilo e uma vibração percorreu meu corpo, respirei fundo, tirei as mãos dos bolsos e as fecho fortemente em punhos ao virar-me e fitar o meu funcionário, melhor amigo e braço direito nos meus negócios.

— Mande prepararem o avião, Saulo. Quero voltar para Goiânia ainda hoje — Digo seguindo em passos firmes até a cama e pego uma camisa preta que havia deixado nela.

— A chuva está muito forte, não sabemos se isso será possível.

— Assim que for, então. O mais tardar amanhã de manhã.

— Vamos decolar com mais alguém? — Saulo fez a pergunta mesmo sabendo da resposta. Só queria ter a certeza mais uma vez.

Olhei nos olhos dele muito certo ao confirmar.

— Sim.

— Caio.., meu amigo...

— Não diga mais nada, Saulo. Preciso fazer isso, ou a única coisa que continuarei sendo nessa vida é ser uma sombra de um homem que um dia eu fui.

Coloquei a camisa e as abotoei calmamente, dobrei as mangas até os cotovelos e o encarei.

— Esta bem, Caio. Você quem sabe — Disse resignado, sabendo que nada me faria voltar atrás.

Saulo saiu do quarto silenciosamente e um minuto depois também sigo entrando numa saleta que fazia parte da suíte luxuosa.

Ali estava ela, de costas para mim do mesmo jeito em que eu estava a pouco minutos atrás, contemplando a chuva torrencial que caía no lado de fora. Sem perceber ainda da minha presença, observei aquela mulher linda e que se tornou o meu tormento desde o dia em que ela saiu da minha vida sem querer ao menos olhar para trás. E contra a minha vontade meu coração disparou, com os meus olhos correndo seu corpo, vestida com um vestido creme justo que marcavam uma cintura fina, quadris generosos, bunda empinada e redonda, ela mantinha seus cabelos escuros ainda cumpridos e lindos que desciam em ondas largas e pesadas até o meio das costas.

Ela era bela a dois anos, e constatava que isso não havia mudado. Busquei o meu equilíbrio emocional, e dei alguns passos silenciosos em sua direção parando a poucos passos de toca-la. E soube exatamente quando ela sentiu a presença de mais alguém junto dela e antes que se virasse falei friamente.

PERIGOSA OBSESSÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora