Capítulo 2

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Eu não consegui conter o riso ao ver a minha mãe tão ansiosa por ver as instalações. Ela parecia tão feliz, adoro ver a minha mãe assim tão contente.

"Como é que achas que vai ser o teu quarto? Achas que vai ser grande ou pequeno? Sabes com quem é que vais dividir?" - A minha mãe perguntava numa expressão eufórica e preocupada.

"Não mãe, eu sei tanto quanto tu" - Respondi-lhe entre risos. O meu pai também parecia preocupado, mas não estava tão alegre quanto a minha mãe. O meu pai nunca foi uma pessoa de mostrar os seus sentimentos, já estava habituada. A senhora que estava na entrada do estabelecimento procurou o meu nome nas fichas que tinha na mão e sorriu quando o encontrou. 

"O teu quarto é o 77" - A senhora informou-me enquanto me deu a chave. Isto mais parecia um colégio, não era bem esta a ideia que eu tinha de campos de verão. Tentei esquecer esse pensamento e agarrei nas chaves, dirigindo-me com os meus pais até ao quarto em que eu iria ficar. Coloquei a chave na porta de madeira e rodei-a, abrindo a porta desta maneira. O quarto era médio, com três camas de solteiro. As instalações eram novas e o quarto cheirava a limpo. Todas as camas se encontravam vazias, o que me deu a entender que ainda não tinham chegado as minhas duas colegas de quarto. Pousei um das malas e sentei-me na cama do meio, reparando que o colchão era extremamente confortável.

"Gostava de conhecer as tuas colegas de quarto..." - O meu pai desabafou enquanto colocou a mala que transportava ao pé da que eu tinha pousado.

Mas não podes ficar à espera, se não ainda perdem o avião" - Eu disse-lhe, recordando-me de que eles teriam de partir para Angola no final daquela manhã. As nossas atenções desviaram-se para a minha mãe que analisava o quarto ao pormenor, sem sequer ouvir o que nós diziamos.

"Mãe... Mãe" - Eu repeti cada vez mais alto, até que ela saltou por se ter assustado. Eu e o meu pai explodimos em gargalhadas ao ver a sua reação e ela levou a mão ao peito para se acalmar.

"Eu estava só a ver como o quarto é bonito, nem vos estava a ouvir" - Ela desculpa-se e volta para o pé de nós. Eu levantei-me da cama e coloquei os meus braços à volta dos meus pais, apertando-os contra mim. 

"Vou ter muitas saudades vossas" - Eu admiti enaquanto senti também um aperto deles. Uma lágrima escorreu pelo rosto da minha mãe e eu apressei-me a limpá-la. "Oh mãe, não chores" - Disse eu num tom trémulo, pois se ela chorasse eu iria chorar também. Ela acenou negativamente com a cabeça e esfregou os seus olhos. Despedimo-nos todos uma última vez e eu fiquei a ver os seus corpos desaparecerem pelos corredores do edifício, limpando uma lágrima que me acabara de escorrer. Fechei a porta do dormitório e arrumei o que tinha nas malas dentro das gavetas correspondentes. Após realizar esta ação, olhei o relógio do meu telemóvel que marcava as 11h43. Sentei-me na cama e preparei-me para ler um dos meus romances preferidos, mas fui imediatamente interrompida por uma figura feminina que aparecera no quarto.

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