Capítulo 9

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"O que é que tu queres de mim, Petrova?" - Ele parecia um pouco assustado, mas a sua expressão rude e fria escondia esse seu lado.

"Como assim?" - Respondi-lhe em forma de pergunta, pois não estava a compreender o que o Harry queria dizer com aquilo.

"Não te faças de desentendida! Eu aposto que foi uma das tuas malditas avós que te mandou aqui, para me capturarem!" - Ele explica duma forma rude, levantando-se. Naquele momento, apercebi-me de que ele sabia mais coisas sobre mim do que eu mesma.

"Eu não entendo o que queres dizer..." - Menti num tom assustado. Sabia perfeitamente de que ele se referia às bruxas, mas não entendi o que ele quis dizer quando falou no facto das minhas avós me terem enviado para o capturar.

"Para de mentir e diz de uma vez o que queres de mim! Eu sei o que tu és!"

"Então sabes mais do que eu! Eu descobri o que sou há algumas horas atrás e ainda não consegui perceber nada! Que raiva, Harry! Tu não entendes, ninguém entende!" - Eu acabei por desabafar, mas sabia perfeitamente que o Harry não iria importar-se. No entanto, ele suspirou pesadamente e olhou-me durante uns segundos.

"Anda comigo, pequena Petrova." - Ele disse calmamente, mas notava-se que estava um pouco incomodado com a situação. Ele começou a andar para dentro do edifício e eu segui-o. O andar dele era estranho, parecia que ele me estava a conduzir até às mais escuras sombras do perigo. Chegámos à porta do seu armazém e ele olhou para mim. "Não entra aqui qualquer um, ai de ti que fales sobre isto a alguém" - Ele disse-me e abriu a porta velha e ferrujenta.

"Não contarei" - Assegurei-o de tal situação e entrámos no velho armazém. Era muito misterioso, mas o Harry desceu as escadas sem qualquer problema. Calculei que estivesse habituado a estar ali e que fosse indiferente para ele o mistério que aquele armazém demonstrava. Tentei parecer calma, descendo atrás dele. O Harry puxou um fio que fez a luz acender e eu verifiquei que estava tudo igual desde a primeira e última vez que eu ali entrei: as correntes, os livros velhos e as gravuras estranhas continuavam ali, nada mudou. Ele caminhou até um velho sofá, sacudindo o pó que nele estava concentrado. 

"Senta-te" - Ele olhou para mim enquanto apontava para o sofá que acabara de limpar.

"Deixa, eu não quero incomodar" - Respondi-lhe no meu habitual tom doce. Por mais rude que o Harry fosse comigo, eu não conseguia deixar de ser simpática para ele.

"Foda-se, senta-te!" - O seu tom rude fez-se ouvir mais alto e eu apenas suspirei em derrota. A sua arrogância estava a deixar-me louca, mas eu não achei que era a melhor altura para discutir-mos sobre isso. Caminhei até ao velho sofá e sentei-me neste mesmo. "Então bruxinha, que me contas?" - Sentou-se a meu lado após pronunciar estas palavras num tom irónico e provocador, mesmo para me irritar. 

"Isso pergunto eu! Tenho a sensação de que sabes mais do que eu." - Falei pausadamente e encarei o seu rosto límpido e aparentemente macio. 

"Hum, então tu não sabes a história toda?" 

"Que história?" - Perguntei confusa com toda aquela situação. O Harry soltou um suspiro e levou a mão aos seus caracois, etrelaçando os seus dedos nestes mesmos. Os seus olhos olhavam o chão e a sua expressão parecia muito pensativa.

"Não sei como te explicar isto..." - Ele disse num tom rouco, voltando a encarar-me. "Eu nem sei se te devo contar, a nossa natureza não permite que tenhamos contacto."

"O que é que estás para aí a dizer? Bruxas e humanos não podem contactar?"

"Não. Bruxas e lobisomens não podem contactar" - Ele olhou-me com um ar de suspance, verificando que eu estava incrédula.

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