Capítulo 11

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Bem lá no fundo dos seus olhos, conseguia ver-se alguma preocupação da parte do Harry. Os seus lindos olhos verdes não se desviavam dos meus e eu apenas consegui assentir com a minha cabeça. Ele esboçou um sorriso no canto do seu rosto. Consegui compreender que tinha sido um sorriso forçado, mas já nada que era vindo do Harry me espantava. Ele suspirou baixinho e deixou a mão dele deslizar pelo meu braço, até não termos mais contacto corporal.

"Anda, tenho muitas justificações a dar-te." - Ele disse no seu habitual tom rouco. "Suponho que já sabes para onde vamos..." - Ele proferiu estas palavras após me virar costas e começar a caminhar.

"Eu sei..." - Falei baixinho e segui-o. Sabia perfeitamente que nos dirigiamos para o armazém que me atormentava. De todas as vezes que eu entrei lá, não houve uma única em que algo mau não aconteceu. Enfim... Ignorei esses pensamentos e, quando dei por mim, já estava sentada no velho sofá daquele armazém.

"Eu nem sei o que te devo dizer..." - O Harry disse num susprio, sentando-se ao meu lado.

"E eu nem sei o que devo ouvir..."

"Primeiro, acho que te devo um pedido de desculpas por o que aconteceu ontem. Certamente não deves ter ficado muito feliz.."

"Oh, na boa. Não tem mal nenhum..." - Eu menti. "Na verdade, estou a habituar-me a estas coisas supostamente impossíveis..."

"Eu também pensava que eram impossíveis até ter ativado a maldição." - O Harry disse estas palavras num tom de amargura. Calculei que ia aprender umas quantas coisas naquele momento. "Toda a minha família é uma linhagem de lobisomens, mas nem todos descobriram isso, porque nem todos ativaram a maldição."

"E como se ativa essa maldição?" - Eu questionei e o Harry suspirou.

"Tens de ver sangue no exato momento em que a lua cheia está perfeitamente alinhada. Naquela noite, fui ajudar uma amiga que se magoou e fodi-me." - Ele suspira mais uma vez. "É por essas e por outras que nunca ajudo as pessoas."

"É preciso ter azar... Lamento." - Eu não sabia o que dizer, as palavras simplesmente saíram da minha boca para quebrar o silêncio.

"Deixa lá, temos mais coisas a fazer do que lamentar o que eu sou."

"Que coisas?" - Após ouvir a minha pergunta, o Harry mexeu-se no sofá, com o objetivo de ficar mais confortável. Acabou por ficar exatamente à minha frente, completamente voltado para mim.

"Ouve" - O Harry disse ao olhar-me nos olhos. "Se tu estás a tramar alguma comigo, não está a resultar. Tu e o resto das Petrovas não me suportam, eu sei disso. Vocês odeiam lobisomens. Por isso, se as tuas queridas avós te mandaram aqui para me matar ou algo do género..." - Ele aproxima-se cada vez mais do meu rosto. "Não vai resultar."

Eu devia estar preocupada com o que o Harry acabara de dizer, mas eu estava apenas focada nos lindos olhos do Harry, que estavam a poucos centímetros dos meus. O Harry soltou um riso abafado e colocou a mão na minha perna, para se conseguir levantar. Após o Harry desvanecer da minha frente, eu olhei para o lado e vi-o a subir as escadas.

"Tem um bom dia, pequena e inocente Skyler." - Ele despediu-se desta forma e abandonou o armazém. Permaneci focada nos meus pensamentos... só via os olhos lindos do Harry e o seu sorriso tarado na minha mente. Caí na realidade alguns momentos depois, pensando no quão burra fui em não lhe perguntar o que ele quis dizer com o seu último discurso. Existiam muitas perguntas a vaguear na minha mente, tal como sempre. Certamente teria que ir falar com o Louis, talvez ele soubesse esclarecer algo.

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