Capítulo 12

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HARRY POV

Saí do armazém. Sei que fui antipático com a Skyler, mas tenho medo que ela seja realmente uma daquelas bruxas manhosas que me odeiam. As Petrovas nunca gostaram da minha família, elas não gostam de lobisomens. Para elas, nós somos criaturas horrendas que matam pessoas inocentes. O mesmo acontecia com os vampiros, mas eles foram extintos há algum tempo... pelo menos é o que dizem. Estou a ficar impaciente com toda esta situação... tenho imenso cuidado para que ninguém desconfie, sou completamente discreto, já por isso tenho um armazém que era secreto antes da Skyler lá entrar.

Não sei o que fazer, dizer ou pensar. Só sei que aquela rapariga não me está a fazer bem. Vou voltar para o meu dormitório e esperar que a Skyler saia do armazém, tenho a certeza de que o vai fazer.

SKYLER POV

Levantei-me do sofá e permaneci a encarar a prateleira daquele armazém durante alguns segundos. Abanei a cabeça. Eu não posso tirar nenhum livro dali, estou farta das "repreensões" do Harry e do seu feitio que me deixa fora de mim. Vou falar com o Louis, eu sei que ele me vai ajudar. Preparava-me para sair do obscuro armazém quando me lembrei de que não podia contar com o Louis... Ele não sabia do segredo do Harry e, obviamente, eu não lhe iria contar. Levei as mãos à cabeça e dei um soco na parede em seguida. Que raiva, estou farta de tudo isto. A minha mão sangrava um pouco devido ao soco que dei na parede velha. Num ato inexplicável e momentâneo, concentrei as minhas energias na minha mão que logo se curou. Finalmente estava a conhecer e a controlar os meus poderes.

"Skyler!" - Ouvi chamarem por mim e reconheci de imediato a voz do Louis. "Procurei-te por toda a parte! Tu estás bem?"

"Sim, eu estou." - Menti. Ou se calhar não. Sinceramente, já nem eu mesma sabia o que sentia. "Mas como me encontraste aqui?" - Ao encontrar-me, o Louis descobriu o armazém secreto do Harry, ou as escadas, melhor dizendo.

"Oh... Vi ali uma porta e como andava à tua procura, decidi entrar. Mas vá, agora vamos." - O Louis rapidamente mudou de assunto, subindo as escadas com expectativas que eu o seguisse. Foi o que fiz. Fomos até ao buffet e eu retirei uma fatia de bolo de amendoa, pois eu estava faminta. Enquanto levei a deliciosa fatia à minha boca, todos os meus problemas, mágoas e questões se afogaram. Nem sei, mas comer faz-me bem nestes casos, e por isso, parti para a segunda fatia. Após conversar com o Louis sobre carreiras profissionais (algo que, por motivos sobrenaturais e incrivelmente estranhos, já não falava há muito tempo), decidi ir para o dormitório. Talvez encontrasse a Roselle e a Melanie, que deviam ter novidades para mim. Afinal, a minha vida de adolescente estava a ficar arruinada com tantos mistérios. Cada vez me fartava de toda aquela situação, mas não posso ignorar aquilo que sou. 

"Olha quem ela é." - Cumprimentou-me a Roselle, mal me viu entrar no dormitório. Ela e a Melanie já tinham vestidos, maquilhagem e malas em cima da cama. Calculei que elas iam a mais uma festa e apressei-me a dizer que não ia, enquanto me deitava na minha cama. 

"Porque é que não vens? Oh, vai ser tão divertido!"

"Não vale a pena insistir hoje Melanie, não estou mesmo com cabeça." - Penso que lhe respondi duma forma um pouco fria, mas logo esboçei um leve sorriso para amenizar a situação. 

"Como queiras..." - Retorquiu a Melanie, vestindo-se segundos depois, juntamente com a Roselle. Elas despediram-se e, provavelmente, não voltariam para dormir. Mal bateram a porta do dormitório, um enorme suspiro escapou pelos meus lábios. Quase sem vontade, o meu corpo inclinou-se totalmente com o objetivo de me levantar. Tirei calmamente as minhas roupas e vesti uma camisola que me ficava comprida, estava muito calor. Tinha intenção de dormir assim.

Preparava-me para ir até à minha secretária, onde estava o livro que eu estava a ler, até que a porta do meu dormitório abriu de rompante.

"Eu não te disse para não contares a ninguém?! O que é que o teu amiguinho fazia no meu armazém?" - Era claramente a voz rouca e sensual do Harry. 

"Harry por amor de Deus, não começes com as tuas birras."

"Não são birras."  -Ele disse num tom mais calmo. Acho que o facto de eu me estar a habituar ao seu feitio o está a tornar mais calmo.

"Mas parecem." - Eu suspiro. "E o Louis não teve culpa, ele estava só à minha procura. Estava preocupado comigo."

"E o Louis não teve culpa, ele estava só à minha procura. Estava preocupado comigo." - Ele imita-me, fazendo uma voz profundamente irritante.

"Para Harry, não me irrites!" - Eu tento manter a calma e ele apenas solta um riso, deitando-se na minha cama sem pedir autorização. "Eu quero deitar-me." - Eu 'repreendi-o'.

"Deita-te." - Ele solta um sorriso maroto, já habitual dele.

"Quer dizer... Tu chegas aqui todo revoltado com o Louis e agora já está tudo bem?! Por favor Harry, vê-se mesmo que ainda tens muito para aprender!" - Não aguentei, o Harry já estava a dar comigo em doida. Sentia sempre remorsos após ser assim com ele, mas não estava a conseguir suportar o seu mau humor constante.

"Muito bem..." - Ele diz enquanto se levanta da cama. "Eu vou embora."

"Harry, eu sei que é a tua personalidade... Tu não tens culpa, mas estou a elouquecer com tudo isto, tu sabes de que falo."

"Sim, eu entendo." - Ele diz enquanto se aproxima de mim. "Mas sabes de que é que eu também não tenho culpa?" - Ele pergunta-me baixinho, enquanto coloca a mão na minha cintura.

"De... de quê?" - O meu corpo 'incendiou', mas não devia. Os seus olhos olharam os meus duma forma séria e ele entreabriu a boca para projetar algumas palavras.

"Eu não tenho culpa de querer o que não posso ter.

As suas palavras soaram tão sérias e tão credíveis, que o meu corpo arrepiou-se por completo. A única coisa que eu queria fazer era agarrar e beijar a esbelta silhueta que tinha à minha frente, mas eu não podia. Ou melhor, eu não devia. Antes que eu pudesse dizer ou fazer alguma coisa, ele retira a sua mão da minha cintura e afasta-se pela porta.

"Boa noite, pequena e inocente Skyler." - Ele despediu-se e saiu do dormitório, batendo a porta. Era incrível como as suas palavras eram sempre as mesmas. 

Milhares de sensações ocorriam em mim naquele momento, eu não sabia nada. Foram apenas umas palavras e um pequeno toque. Mas foram as palavras mais sinceras que eu já ouvi do Harry... Abanei a cabeça em forma de esqueçer aqueles pensamentos. Não posso deixar-me levar e já não é a primeira vez que penso isto. Em passos calmos e ainda com as pernas a tremer, andei até à minha cama, deitando-me nela e preparando-me para dormir. Amanhã será outro dia cheio de surpresas. Eu aposto que sim, isso virou rotina para mim. 

 

The MoonlightOnde histórias criam vida. Descubra agora