Acordo com o som da chaleira no fogo, um som agudo e estridente que dói levemente os tímpanos de quem está próximo demais, do meu quarto, no segundo andar, o mesmo era incomodo mas não chegava a tanto. Me sentei na cama, apoiei as mãos no joelho e olhei para a janela, o sol já nasceu e está no alto, bem quente graças ao clima da Califórnia.
Vou em direção ao banheiro coçando a barba que está incomoda devido o tamanho, ao me olhar no espelho noto que minha teoria é verídica, faço a mesma e escovo os dentes percebendo que não fiz um sequer corte, como sempre. Desço as escadas já na farda e vou em direção a cozinha, o cheiro de torta de maçã chega como um baque assim que atravesso a porta, Mary está de costas com um lindo vestido vermelho e o avental pode ser notado devido ao pequeno laço branco nas costas de minha esposa.
- Bom dia querida – Digo tocando sua cintura e aspirando seu perfume doce e suave no pescoço, com isso ela tenta baixar a cabeça e evitar meu toque como reação ao arrepio, entre risos ela responde o mesmo.
Me sento na mesa, ela coloca torradas a minha frente e termina de organizar a mesma para o café da manhã, ela me observa começar a comer com olhos atentos e luminosos, talvez esperando um elogio mas eu precisava tratar de um assunto mais sério.
- Mary, ontem o capitão Bryan me chamou em sua sala e contou algo pra mim que nenhum outro policial da delegacia sabe.
- É algo ruim? – Ela pergunta apreensiva.
- Acredito que você não vá gostar – Fiz uma pausa para morder a torrada – Vai haver um corte de funcionários e ele me deu a oportunidade de ser transferido antes dessa dispensa em massa.
- Que bom que ele teve alguma consideração com você – Disse ela com a mão no coração , que já estava lá dês de que comecei a falar – Mas você será transferido para outra delegacia ainda na cidade não é querido?
- A parte ruim é essa, querem me transferir para uma penitenciária no Texas.
- No Texas? Teríamos que nos mudar...
- Eu sei, mas é melhor do que ficar sem emprego, e também, Bryan me garantiu que o estado pagará pela viajem e nos darão moradia.
- John! Nós nos mudamos a poucos anos, eu fiz amigos e nos familiarizamos com os vizinhos, eu não quero me mudar.
- É isso ou ficar sem emprego, não quero ser despedido.
- Bryan te deu alguma confirmação de que será demitido?
- Não, mas...
- Então espere, você é ótimo no que faz, não será demitido.
- Já chega! – Me altero levantando a voz – Não vou arriscar meu emprego por seus caprichos Mary.
Sem se dar conta, ela também altera a voz – Então eu não vou! Eu não quero me mudar, você irá sozinho.
A essa altura já estávamos nos dois de pé frente mesa, estava me irritando com a atitude impensada de minha esposa.
-Se ponha no seu lugar e me respeite – Falo de dentes serrados enquanto caminho em sua direção – Você é minha esposa e acima da autoridade que pensa que tem, está a minha sobre você. Você jamais vai levantar a voz comigo de novo! – Minha voz esta alta e grave, estou com o rosto a sentimentos do dela e a mesma parece se encolher mais a cada palavra – Fui claro?
Ela ficou muda me olhando com os olhos marejados – Eu estou esperando uma resposta Mary!
- Foi sim, me desculpe – Ela baixou a cabeça -Não irá se repetir.
Dou meia volta e me sento na mesma cadeira de antes, ainda de pé ela me serve um pedaço da torta e retira o prato com as torradas o levando para a pia, ela então começa a lavar o mesmo se demorando para não voltar a sentar à mesa.
Termino de comer e procuro o quepe que deixei na armário da entrada, apanho a chave do carro que estava na mesinha de centro da sala e saio pela porta da frente.
[...]
Meu dia foi agitado, o que me ajudou a dissipar a raiva da discussão desta manhã, falando nela, ainda não confirmei nada a Bryan pois ainda não decidi se realmente vou. A reação de minha esposa só me provou que devo decidir sozinho, e por mais que ela não queira ir, será apenas mais aborrecimento para ela por que a mesma não ficará para trás sem mim.
Está na hora de voltar para casa, o meu expediente já acabou e eu estou com muita fome, espero que pelo menos Mary esteja com um humor melhor.
Ao chegar estaciono o carro na garagem e entro pela porta que tem na mesma, saindo direto na lavanderia caminho em direção a cozinha, o cheiro é diferente do dessa manhã, não tão suave e com um que se salgado, logo identifico o mesmo. Lasanha a bolonhesa, minha favorita. Mary está tirando a forma do forno e colocando sobre a mesa onde, os pratos e talheres já estão organizados, Mary então me vê na porta da cozinha.
- Fiz lasanha, sua favorita – Diz ela com a voz doce.
- É, eu vi. A propósito, está com um cheiro ótimo.
Depois disso sentamos a mesa e comemos num silêncio confortável, depois do jantar, enquanto ela tirava a mesa eu me sentei ao sofá para assistir ao programa de perguntas e respostas que passava na televisão, poucos minutos depois minha esposa se senta ao meu lado e assim que o programa acaba, eu fui para o banho e Mary se deitou.
- Sobre a proposta de transferência, estou pensando em aceitar -Disse assim que me deitei.
- Se achar que deve, aceite querido. Estarei ao seu lado em sua decisão.
- Mas e suas amizades? Os vizinhos?
- Eu arrumo outros amigos, e é sempre bom conhecer novas pessoas.
- Então, pela manhã, assim que chegar na delegacia vou confirmar nossa mudança. Até o próximo mês estaremos no Texas.
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Por Trás da Sentença
Short StoryO Policial Ross acredita estar finalmente em paz com sua esposa e satisfeito com seu emprego, mas, quando é persuadido a aceitar uma transferência, ele não imagina que em seu novo posto conheceria um homem tão sábio e com um passado tão dramático qu...